SERMÃO SOBRE AS PALAVRAS DO APÓSTOLO PAULO AOS FILIPENSES, CAPÍTULO 1, VERSOS 21 A 27...
Em 10/09/1994, o jovem norte americano Mike Emme com apenas 17 anos suicidou-se na direção do seu Mustang amarelo. No momento da despedida, os amigos distribuíram pequenas fitas amarelas em sua memória, desafiando os presentes ao cuidado com a vida daqueles que os cercam. Se você percebe sinais de depressão, ajude a pessoa a superar. Por isso, amarela é a cor do mês de setembro. É a prevenção ao suicídio. Somente no Brasil, diariamente 32 pessoas tiram a vida. Diante de tal realidade, qual é a nossa responsabilidade?
De maneira injusta, por causa da fé em Jesus, o apóstolo Paulo foi colocado em prisão domiciliar em Roma. Ele tinha certas regalias, como receber visitas e se comunicar. Mas, de fato, sua grande paixão - as viagens missionárias - ficou no passado. Entre suas epístolas (cartas), ele escreve à pequena comunidade localizada na cidade de Filipos (Grécia), cujo tema principal é a “alegria”. É possível que alguém privado dos seus direitos desperte os outros para viverem com alegria? Qual alegria nos motiva a olhar além das prisões desta vida, do COVID, das catástrofes naturais, das mazelas da jornada cotidiana?
Aliás, morte e vida são realidades constantes do cotidiano. Ao nosso redor, há muitos sinais de vida. Não há como negar também os sinais de morte (v. 01). De fato, a base de nossa fé está firmada no pagamento pelos pecados com a MORTE de Cristo na cruz. Mas, não para aí. Uma porta se fecha, outra se abre com a ressurreição. A VIDA vence a morte. Pela fé, posso crer que a morte não é o fim. É apenas o começo da eternidade. Paulo vive e prega tal verdade. Toda vez que realizamos um Culto de Despedida de alguém que falece precisamos reafirmar a nossa fé: Creio na ressurreição e na vida eterna.
A morte em si sempre nos levará à reflexão que cerca a vida: Afinal, quais são os meus valores e as minhas atitudes? O que é que é mais e menos urgente? É um reflexo da velha pergunta de Jesus: Onde é que está o teu tesouro? Chega um momento na vida que precisamos concluir: Se Deus me mantém aqui, deve ter uma razão? Quem sabe chegou a hora de você pensar porque nasceu nesta época, neste lugar. Refletir na razão de fazer parte desta comunidade e trazer consigo tal sobrenome. O que Deus espera da gente? Qual é o meu papel? Paulo tinha consciência clara para o que foi chamado. Ele também reconhecia a sua responsabilidade com a Comunidade de Filipos. Por isso, ele escreve e, com saudades, anseia novamente visita-la. Mas, no momento está preso.
A morte é sempre um sinal da alerta. Os amigos do Mike interpretaram-na e agiram. Ela nos desafia a investir tempo, talentos recursos na promoção da vida. Quando alguém parte, a vida daquela pessoa pode nos ajudar a rever valores. A reflexão pode ser ainda mais íntima quando alguém é livrado da morte, percebendo-a bem perto de si. Todavia, escapando. Há inúmeros exemplos. Dias atrás, ouvi a Dona Helga Schmidt levantar-se no culto e agradecer por conseguir aguentar o tratamento de câncer. Li no Facebook o testemunho de Luiz Eduardo Spitzner sobre a importância da oração após passar um tempo no hospital por causa de um acidente automobilístico. A morte fala, tanto quando leva alguém, quanto quando alguém é livrado.
Num sentido bem amplo, a fé é fundamental! Especificamente, eu creio que a fé em Jesus me leva a valorizar a vida e, principalmente, à prática do amor. É um pouco diferente da ideia espírita de que, pela caridade, eu desenvolvo a salvação. De fato, por que fui alcançado e salvo por Jesus, a prática do amor se torna decorrente. O meu amor é sempre uma resposta ao amor de Deus. Ele age primeiro. Como consequência, Paulo traz o seguinte desafio: “Vivam de modo digno o Evangelho” (Filipenses 1.27). Ou seja, se creio em Jesus, a minha fé (re)constrói a realidade à minha volta.
Da Bíblia à realidade, basta olhar à campanha para troca de mudas de árvores e à coleta de baterias, promovidas em nossa Comunidade. Ao bazar de roupas usadas, que vieram da Comunidade da Paz em Joinville e da MEUC de São Bento do Sul. Reparem na doação de alimentos arrecadados pelos estudantes do Colégio Bom Jesus. Muita atenção nas inúmeras ofertas feitas à reconstrução geral de nossa Comunidade e agora à climatização do templo. Sintam-se motivados pelo Movimento Ecumênico de Pirabeiraba na construção de residências populares após o ciclone. Não faltam motivos para unir as vozes e dar graças. Todavia, a natureza – em especial a Amazônia e os povos indígenas – carecem de proteção. A disparidade social e o aumento da pobreza merecem atenção e solução. A corrupção e falta de justiças exigem medidas enérgicas e menos papo furado. Há motivos de intensa alegria. Mas, também desafios preocupantes.
Especificamente, na questão de prevenção ao suicídio, que é o tema central do Culto, somos desafiados a olhar com mais carinho às pessoas que Deus colocou ao nosso redor. Se perceber sinais de alerta, ouça, converse, aconselhe e principalmente aponte ao caminho da fé. Lembre-se de que a comunidade sempre estará à tua disposição. Todavia, às vezes, apenas um sorriso e um abraço já podem salvar uma vida. Não poupe! Que Deus te ensine a valorizar e estar de bem com a vida, aproveitando cada momento. Amém!