Não se esqueçam da hospitalidade; foi praticando-a que, sem o saber, alguns acolheram anjos”. Hebreus 13.2
Essa semana, representantes dos 18 sínodos da IECLB, e mais convidados, num total de 97 delegados e delegadas, se reúnem em Cacoal/RO, no Sínodo da Amazônia para o XXXIII Concílio da Igreja. Chegando aqui, fomos muito bem acolhidos por esse povo. Pessoas muito hospitaleiras e que prepararam tudo com muito carinho e cuidado.
Eu convido a seguirem comigo na reflexão sobre este tema, apontado no título dessa reflexão, bem como a partir do texto de Gênesis 18, tão necessário em nossos tempos: a hospitalidade e a acolhida do forasteiro, do estranho.
No relato de Gênesis há uma visita inesperada – três homens chegam enquanto Abraão estava descansando do maior calor do dia. É nesta hora certamente inapropriada, de descanso, que os três estranhos chegam.
Interessante que eles não pedem nada – é Abraão que vai até eles oferecer acolhida. Ele tinha certeza de que os homens estavam cansados, sujos, com sede e com fome. E ele oferece descanso, água para se lavarem, água para beber e comida fresquinha. Abraão não deixa por menos – prepara tudo com detalhes, oferecendo o melhor que tinha.
Para nós, que vivemos num mundo em que cada um cuida de si e cada vez mais se fecha na sua casa, desconfiando de todos os desconhecidos, chega a ser engraçada a ansiedade e a forma como Abraão se esforça, se desdobra para acolher os estranhos.
Na verdade, Abraão estava fazendo o que ele aprendeu da cultura dos povos do oriente, especialmente os povos nômades, que eram eternos estrangeiros, peregrinos, estranhos em lugares sempre diferentes. Isto está na própria história do povo hebreu que atravessa permanentemente fronteiras em busca de vida.
Deus mesmo chama Abraão para sair da terra dele e se tornar um peregrino. Deus promete abençoar todas as famílias da terra por intermédio de Abraão. Para isso, torna Abraão um estrangeiro, um peregrino, que tem que atravessar muitas fronteiras para alcançar a promessa de Deus. Deus caminha com eles.
Os estranhos, os de fora, são incluídos na comunidade de Deus. Portanto, acolher o estranho é o mesmo que acolher o próprio Deus. Abraão aprendeu o valor da prática da hospitalidade. Por isso age assim. Jesus lembrou os discípulos disso quando, segundo o relato do Grande Julgamento, em Mateus 25, disse: “era forasteiro e me hospedastes” ... “quando? perguntaram os justos” ... “todas as vezes que o fizestes a um dos meus pequeninos, a mim o fizestes” ...
Na maior parte das culturas, comer juntos, partilhar da mesma mesa, é o ato mais significativo de convivência. É expressão de comunhão, de partilha da vida, do que temos: uma experiência de gratuidade!
E é essa experiência que estamos vivenciando aqui em Cacoal, onde fomos hospedados, acolhidos e incluídos esta semana.
Oração: Deus amado, somos todos peregrinos nesta terra, mas por ti acolhidos. Ensina-nos a acolher o diferente, o estrangeiro, quem quer que seja, pois somos todos filhos teus. Em nome de Jesus. Amém.
Pa. Ma. Tânia Cristina Weimer
Pastora Sinodal do Sínodo Nordeste Gaúcho