“Naquele mesmo domingo, à tarde, os discípulos de Jesus estavam reunidos de portas trancadas com medo dos líderes judeus. Então Jesus chegou, ficou no meio deles e disse: - Que a paz esteja com vocês”. (João 20.19).
“Quem fez este horror?” Há uma narrativa, que segundo alguns é lenda, que Pablo Picasso foi inquirido por um general nazista, se tinha sido ele a fazer “este horror”, referindo-se ao quadro “Guernica”, que retratava a destruição da cidade basca de mesmo nome pelos bombardeiros nazistas. Ao que Picasso teria respondido: “Não, general, foram os senhores”. Independente da veracidade do encontro do general nazista com Picasso, fato é que tanto a destruição de Guernica em abril de 1937, quanto o quadro de Picasso, exposto em julho de 1937, que mostra o referido horror, são reais.
Um eventual “diálogo” entre o general e Picasso, nos faz pensar nos horrores atuais. Já se passou a Semana Santa, demonstração, de um lado, do horror que o ser humano pode criar e, de outro lado, a bondade de Deus, celebrada de maneira esperançosa no domingo da Páscoa. Ambas realidades estão retratadas na cruz. A tortura e a pena de morte do império romano, e a cruz vazia, contemplando a misericórdia de Deus. As duas realidades, descritas nos capítulos 18 a 20 do Evangelho de João, não devem ser esquecidas. O que nos faz ter esperança, no entanto, é a ação de Deus, que vence o sofrimento e o horror da morte.
Apesar de sabermos da ação de Deus, os horrores ainda persistem entre nós: guerras, violência doméstica, situações de conflito e desvalorização de relacionamentos, idolatria a torturadores, exclusão de pessoas pelo modelo econômico, desrespeito, acusações e agressões anônimas pelas redes sociais, entre outros. Realidades, como sombras do horror da cruz, estão na sociedade e, lamentavelmente, também na igreja. “Quem faz este horror”? Encontraremos muitos culpados, aos quais apontaremos o dedo. Poucos, talvez, terão a humildade de apontar o dedo para si mesmos. Perceber a própria participação nos horrores, mesmo que seja por omissão, não é tarefa fácil; exige confiança na ação do Espírito Santo na superação da vontade própria.
Oração: Senhor, agradecemos que enfrentaste o horror da morte, por tua misericórdia e amor, para nos resgatar. Dá-nos tua presença com a consoladora força do teu Santo Espírito para não sermos cúmplices dos horrores deste mundo. Permita-nos viver a esperança e anunciar a Tua vontade em palavras e ações. Por Jesus Cristo, Amém.
P. Me. Oscar Miguel Lehmann
Gramado/RS