Prédicas e Meditações



ID: 2931

Meditação da semana

Não olhe para cima! Ou, para onde devemos, afinal, olhar?

24/02/2022

Dia 24/12/2021, a Netflix lançou o filme Não olhe para cima que, entrementes, está batendo recordes de audiência. O filme conta a história de dois astrônomos que descobrem um cometa orbitando dentro do sistema solar em rota de colisão com a Terra. Ao procurarem as autoridades competentes para que tomem providências, são ignorados, apesar de todas as provas mostrarem que o fato é real e que a colisão do cometa com a terra pode representar a destruição da humanidade. Daí em diante, os cientistas tentam, de todas as formas, anunciar o fato para o maior número de pessoas possível. No desenrolar do filme, vários temas são abordados, tais como: o negacionismo, a futilidade do entretenimento, o (mau) uso do poder político, econômico, das mídias, etc.

Apesar das comparações, inclusive com o contexto sociopolítico e cultural brasileiro, Não Olhe para Cima foi escrito antes da pandemia. A ideia do filme era tecer críticas à falta de interesse do planeta com problemas climáticos.

Uma das coisas que chama a atenção é o fato de que não há herói nem anti-herói no filme. O fato de não estar claramente estabelecido quem é o vilão e quem é o mocinho da história incomoda. A gente gosta dos filmes em que o mal é encarnado por uma entidade espiritual, humana ou social/organizacional bem definida e que é combatido e, finalmente, derrotado por um super-herói.

Não olhe para cima fala de catástrofes que não são fruto de uma mente superior e má, mas da indiferença de muitos ou, melhor, do pequeno e egoísta privilégio que cada um de nós coloca nas suas escolhas diante do bem-estar da coletividade. O que incomoda nesse filme é a denúncia precisa do fato de que a culpa da decadência humana também é minha e de cada um de nós. O padrão de vida da cultura contemporânea é que as coisas que valem a pena ser feitas são apenas aquelas que trazem algum tipo de prazer ou vantagem pessoal. E, assim, a gente vai levando a vida como se o mal sempre e somente estivesse nos outros e que também é o outro alguém que precisa resolver os seus problemas decorrentes.

Nós sabemos onde isso começou, não é? Lá no Jardim do Éden. O primeiro casal decide romper com o Criador e viver uma vida autônoma. Quando Deus questiona Adão a respeito, este logo transfere a culpa para Eva. Esta, por sua vez, segue na mesma direção.

Desconectado do Criador, o ser humano não consegue se relacionar corretamente com Deus, com as pessoas e o restante da criação. E essa condição é a de cada um de nós. Sim! Você e eu! A nossa tendência natural é “tirar o corpo fora”. Nos compararmos com aqueles que, segundo os padrões que nós mesmos criamos, são “piores que nós”. Dividimos as pessoas entre as “boas” e “más”. Sempre com o cuidado de deixar claro que as pessoas boas, do bem e que prestam são aquelas que se parecem conosco e que estão no mesmo lado que nós. As que não prestam são as outras, as que estão “no outro lado”. Aliás, infelizmente, quem costuma fazer esse tipo de classificação muito bem são os religiosos.

Para onde olhar? Pra Jesus Cristo, o próprio Deus Criador Todo-Poderoso que se encarnou entre nós para nos libertar do mal que contaminou toda a humanidade e que tão fortemente nos assedia. Olhar pra cruz onde Jesus assumiu a nossa conta e pagou o preço das nossas maldades. Ao perceber o amor de Deus e ter a vida transformada pelo seu poder e sua graça, devemos olhar ao próximo e servi-lo com mais misericórdia, compaixão e amor.

Oração: Senhor Deus, tem misericórdia de nós quando vivemos iludidos a nosso próprio respeito, tendo sobre nós um conceito mais elevado do que convém. Perdoa-nos quando, de forma hipócrita, denunciamos o pecado dos outros e não reconhecemos o mal em nós. Ajuda-nos a perceber teu amor revelado na Cruz de Cristo e, a partir dele, em gratidão, amar e servir ao próximo. Amém!

P. Leonir Arno Lohmann
Três Coroas/RS
 


Autor(a): Leonir Arno Lohmann
Âmbito: IECLB / Sinodo: Nordeste Gaúcho
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 66185

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