Há tempo para o abraço e a Vida!
Quanto mais vivemos e convivemos com as pessoas, seja em comunidade, família e no circulo de amigos, ouvimos a velha e tão batida frase: “Não tenho tempo”! É claro que, também, nós, em algum momento ou situação, também já tenhamos proferido esta mesma frase.
Entra ano e finda ano, e as pessoas no geral, usam esta frase para se desculpar, ou até arriscaria em dizer, para não se comprometer com o outro. Não há mais tempo para nada! O texto de Eclesiastes 3. 1-6, nunca foi tão lembrado como nestes meses em que vivemos a pandemia do Covid -19.
No final de 2019 e no início de 2020, quando pessoas se encontravam, muito além de falar de bons momentos, ouviam-se lamúrias e queixas de falta de tempo. Pessoas jovens preocupadas em trabalhar muito para alcançar a tão sonhada estabilidade financeira, com casa própria, carro bom e uma rotina que não lhe permitia sequer o convívio familiar. Presbíteros e presbíteras, a cada final de semana, com inúmeras festas, bailes, jantares, ás voltas para representar suas comunidades e “garantirem” uma boa troca de visitas de outras pessoas.
Nós, ministros e ministras da IECLB e também de outras denominações religiosas, preparando encontros e celebrações que pudessem alimentar e motivar o encontro das pessoas entre elas, com Deus e consigo mesmas. E lá vinham as desculpas: neste próximo culto, nosso grupo de idosos, precisa ir no KERB em tal lugar; o clube de mães de lugar tal tem seu bingo, no mesmo horário do culto; neste domingo tem festa na comunidade tal, e lá se iam as tão famosas DESCULPAS, para deixar de estar reunidas/os em culto.
Hoje, passados mais de 3 meses sem culto presencial, vem a pergunta: “Quando vamos ter culto?”.
Agora temos tempo para sentir falta do culto, dos abraços, dos encontros da OASE, das aulas, das reuniões de presbitério. Mas como não havia tempo antes?
Numa conversa, antes do afastamento presencial, aconselhava um membro, a se questionar sobre a sua real prioridade enquanto filho, marido, pai, educador e profissional. Hoje, há tempo para “viver” os pequenos, mas preciosos momentos familiares, desde o brincar com os filhos, o chimarrão com a esposa e ainda assim há tempo para as atividades profissionais em tempos de pandemia.
Onde nós, enquanto presbíteras/os, mães/pais estamos educando e acompanhando outras na fé? Nunca foi tão difícil as pessoas se reunirem para sepultar seus entes queridos, sem poder ouvir as mensagens de consolo e fé entoadas pelos corais, sem receber os abraços e o suporte físico de outros familiares e da própria comunidade de fé.
Que este tempo de pandemia nos faça redescobrir o ouvir amoroso de Deus e dos irmãos de fé. Que hajam muitos abraços guardados para o retorno aos cultos presencias, que hajam muitos momentos carregados de emoção, que as inúmeras experiencias realizadas e vivenciadas sejam motivo de gratidão pela maravilhosa oportunidade que Deus nos concedeu ao vivermos o “ ... tempo de ficar triste e tempo de se alegrar, ...tempo de chorar e tempo de dançar, ...tempo de abraçar e tempo de afastar ....”. Assim que o abraço amoroso de Deus Mãe/Pai nos acalente e assim nos abençoe nosso misericordioso Deus ! Amém
Pastora Sandra Mara Puff Sornberger
Paróquia de Filadélfia