No mesmo dia e na mesma cidade faleceram um sapateiro e um rico fazendeiro. Ambos chegaram à porta dos céus, onde um anjo os acolheu e logo perguntou: O que vocês querem fazer na eternidade? O que vocês mais gostam? Se achando no direito, o fazendeiro tomou a frente e disse: O que eu mais gosto é da colheita da soja. Aliás, não do trabalho em si. Mas, sim de contar os ganhos. Eu gosto de ter e contar dinheiro desde que era moleque com o meu cofrinho nas mãos. Muito bem! Disse o anjo. Você terá o seu pedido atendido. Contará dinheiro por toda eternidade. Mas, antes vamos escutar o pedido do teu companheiro de viagem. O sapateiro, que teve mais tempo de reflexão, disse: Desde moleque trabalho duro para sobreviver. Então, resolvi casar e ter filhos. Minha vida ficou ainda mais dura. Às vezes, deixava de ir à igreja para fazer sandálias. Muitas vezes, à noite, adormecia na mesa da oficina lendo a Bíblia. Por isso, eu quero apenas um banquinho. Caramba! Disse o fazendeiro. Vai fazer o quê com um banquinho? Intimidado, ele respondeu com voz baixa: Como não tinha tempo em vida, agora quero sentar e contemplar a maneira como Deus age no mundo. Assim será feito! Disse o anjo. Abriu uma sala vazia, onde havia apenas uma janela e um banquinho. Entre e aproveite! Disse ao sapateiro. Na sala seguinte, havia todo o conforto que o fazendeiro tinha em sua casa de campo. No meio da sala, um baú repleto de brilhantes moedas de prata e ouro. A sala é tua e o cofre é teu! Disse o anjo. Conte à vontade. Depois de dez anos, o anjo voltou. Encontrou o sapateiro repleto de felicidade, sorrindo no seu banco. Ao ver o anjo, ele exclamou: Deus é maravilhoso. Tudo o que faz é perfeito! Todavia, na visita seguinte, encontrou o fazendeiro aborrecido, que apenas disse: Conto e conto as moedas. Faço pilhas e mais pilhas. Elas não terminam. O baú nunca fica vazio. Percebo que vai ser assim para sempre! O anjo chacoalhando a cabeça confirmou: Você é que escolheu! Na saída, o fazendeiro curioso perguntou: Como está o meu amigo sapateiro? O anjo coçou o queixo e disse: Não é permitido te levar à sala dele. Mas, vou fazer um buraquinho na parede para que você possa espiar! O fazendeiro ajoelhou-se e admirou a felicidade do companheiro. Enfim, despediram-se. Após cem anos, o anjo voltou e encontrou o sapateiro na mesma alegria, contemplando as maravilhas do Senhor. Mas, ao abrir a sala do fazendeiro, encontrou-o com os olhos fixos no buraquinho, espiando a felicidade do outro com um leve sorriso no rosto. A vida eterna depende das escolhas que fazemos hoje. O que você deseja: Viver na presença do Senhor ou somente curtir as riquezas deste mundo?
