Ao longo de sua tumultuada história de interpretações, o livro do Apocalipse continuamente escapou aos seus empenhados intérpretes, justamente por não lhes dar acesso à sequência lógica dos acontecimentos da história mundial, com suas conexões e explicações, anseio costumeiro de todo e qualquer ser humano que lê este precioso livro. Diferente das correntes político-ideológicas modernas e contemporâneas, seja à direita ou à esquerda, que se exaltam como detentoras da interpretação do passo a passo da história e indicam a perfeita prática, o Apocalipse reserva apenas para Deus o conhecimento e o desenrolar da história universal, das nações, da igreja e das pessoas, bem como o justo julgamento sobre os mesmos. O que, então, podemos esperar do Apocalipse, uma vez que não temos acesso à sucessão de fatos, como certamente gostaríamos, para saber o que se passa hoje e o que teremos pela frente? Se nos ocuparmos com este livro bíblico, sem a pretensão acima, vamos perceber um conjunto de temas indispensáveis que integram a vida cristã, e que Deus revelou ao profeta João. Menciono brevemente alguns: Deus e a história, o juízo divino, a igreja sofredora e a esperança. Por uma questão de espaço nesta reflexão, vou me ater apenas ao último tópico, a esperança. Nos capítulos 20 a 22, João - ‘irmão e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança’ (Ap 1.9) - nos fala do Milênio (Ap 20.16), do Novo Céu e da Nova Terra (Ap 21.1-8) e da Nova Jerusalém (Ap 21.9-22.5). O versículo acima, Ap 21.5, está dentro da temática da esperança. Em termos bíblicos, legítima esperança é confiar exclusivamente em Deus (1 Pe 1.3) e não é fruto de atos humanos. Esperança se recebe, não se conquista! A isto corresponde que somente (sola) Deus pode fazer ‘novas todas as coisas’. Ao ser humano, na medida em que é cristão e vive como ‘peregrino e forasteiro’ (1 Pe 2.11), lhe é dada a oportunidade de testemunhar em palavras e ações ‘as virtudes daquele que O chamou das trevas para a sua maravilhosa luz’, seja de maneira individual ou comunitária. As virtudes, que vem de Deus, são opostas às listadas e praticadas conforme Ap 21.8 (os indiferentes, descrentes, degenerados, assassinos, comerciantes de sexo, feiticeiros, idólatras e todos os mentirosos - Mensagem de E. Peterson). Seja Deus gracioso e nos dê ouvidos atentos à Sua Palavra e coração obediente às Suas virtudes, para que vivamos em real esperança.