Prédicas e Meditações



ID: 2931

Deus é Amor!

01/11/2020

 

Ele apenas se identifica como sendo JOÃO, o presbítero. De fato, era um líder devoto e experiente da igreja antiga. Ele escreve uma carta que mais parece um sermão ou, quem sabe até, um manifesto, cujo tema principal é: DEUS É AMOR! Talvez o leitor da época ou mesmo você - que me escuta - diga: E daí? Quem é que não sabe isso? Todavia, em decorrência da afirmação aparecem, no mínimo, duas constatações provocantes. Primeiro, se vivo em comunhão com o DEUS/AMOR, torno-me – nas palavras de São Francisco de Assis – um “instrumento da paz e do amor”. O amor de Deus e o amor a Deus sempre serão consequentes. Segundo, vivemos no mundo onde a lei é do “olho por olho”. Prevalecem o preconceito, o ódio, o abuso, a violência, a intimidação e a divisão. Era assim no Império Romano, em tempos idos. É assim hoje no Brasil. Com Jesus, o ciclo pode ser quebrado. Amem a Deus. Amem ao outro como vocês amam a si mesmos. João escreve à igreja espalhada no mundo e no tempo. Ele lembra que, pelo Batismo, fomos integrados à grande família chamada Igreja, onde DEUS é o nosso PAI, a partir donde iniciamos a prática do amor.

Convido-o a ouvir e refletir uma pequena porção do manifesto do presbítero João, onde ele diz: “Vejam como é grande o amor do Pai por nós! O seu amor é tão grande, que somos chamados de filhos de Deus e somos, de fato, seus filhos. É por isso que o mundo não nos conhece, pois não conheceu a Deus. Amados! Agora somos filhos de Deus, mas ainda não sabemos o que vamos ser de fato. Porém, já sabemos isto: Que quando Cristo aparecer, ficaremos parecidos com ele, pois o veremos como ele realmente é. Todo aquele que tem essa esperança em Cristo purifica-se a si mesmo, assim como Cristo é puro” (1ª João 3.1-3).

Sem perder o respeito por Deus, Jesus nos ensinou a chama-lo de Pai. Somos irmãos. Então, somos uma grande família. Respeitamos sim, a autoridade do Pai. Mas, podemos nos achegar carinhosamente à sua presença. Ele nos acolhe e abraça. Tal intimidade com Deus (Salmo 25.14) é estranha ao mundo. Tal intimidade precisa ser exercitada. Nosso maior e melhor exemplo é Jesus, nosso irmão e amigo. Tal relação íntima com Deus nem sempre é bem aceita pelas pessoas. Alguns não conseguem entender que os valores cristãos são diferenciados. Para perceber a diferença entre aquilo que o mundo oferece e o cristão busca, basta perguntar às pessoas em geral: O que significa para você “curtir a vida”? A resposta do cristão será bem diferente daquela que se as ouve por aí.

É assim mesmo. A vida cristã destoa da proposta pelo mundo. Por isso, o desafio do Mestre aos crentes é de que sejam SAL e LUZ no mundo (Mateus 5.13-16). Agora, precisamos ter muito cuidado com a compreensão e aplicação do nosso chamado. Jamais seremos melhores do que os outros que não vivem na fé ou daqueles que seguem um “deus diferente”. A graduação de espiritualidade e o julgamento precipitado são perigosos. Muitos gostam de se arrogar no direito de, pela fé, mandar os demais ao inferno ou ficar julgando a vida alheia. Agora, permanecem a fé, a esperança e o amor. Evidentemente, destaca-se o amor (1ª Coríntios 13.13). Onde falta o amor, não há bom testemunho.

De fato, a salvação eterna pertence exclusivamente ao Pai. Somente Ele sabe quando e como será. Jesus disse ao condenado na cruz: Hoje você estará no Paraíso (Lucas 23.43). Aquele que apenas reconheceu Jesus naquele momento de agonia recebe a promessa de salvação. Ou seja, quem morre crendo vai ao céu. Também, Paulo ensina que haveremos de ressuscitar em nosso corpo (1ª Coríntios 15.42-44). Isso afirmamos conjuntamente com o Credo dos Apóstolos. Na eternidade, estaremos totalmente livres do pecado e da corrupção deste mundo. Mas, exatamente como será lá não sabemos. Basta saber que o fim é certo e que o Pai nos aguarda. Jesus nos defenderá no julgamento (1ª João 2.1).

Por fim, o presbítero João destaca que, enquanto prosseguimos na jornada da vida, passamos por uma purificação. “Sede santos, porque eu sou Santo” (1ª Pedro 1.16). A plena transformação de nossa natureza, do coração e do pensamento é obra exclusiva do Espírito Santo. O cristão não se conforma com o modelo de vida proposto pelo mundo. Mas, pela fé, transforma-o (Romanos 12.1-2). O desafio é buscar constantemente tal mudança. Aqui novamente precisamos ter um cuidado, que valia tanto diante da filosofia gnóstica nos tempos de João, quanto hoje, onde a fé mal-usada cria pessoas “lunáticas”, tirando-as da realidade. Pelo contrário, a certeza da salvação firma tanto os nossos pés do chão, quanto o nosso coração na missão. Sempre foi e sempre será: O fruto do Espírito é amor (Gálatas 5.22). Deus opera primeiro (1ª João 4.19). O amor do Pai é que me alcança e transforma. Não existe nenhum mérito próprio. O meu amor a Deus, a mim mesmo e ao semelhante é apenas um reflexo daquilo que o Pai fez e faz por mim. O amor de Deus me preenche e me leva a orar como Assis: Senhor! Faça de mim um instrumento da tua paz! Amém!
 


Autor(a): P. Euclécio Schieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Garuva-SC (Martinho Lutero)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: João I / Capitulo: 3 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 3
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 59733

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