Existem demônios ou é tudo coisa da cabeça das pessoas? Alguns espiritualizam em demasia, jogando toda culpa no capeta. Outros já racionalizam demais a Bíblia, esquecendo-se das artimanhas do maligno. Será possível um ponto de equilíbrio? Jesus sempre se mostrou uma pessoa sensata e equilibrada. Por isso, novamente convido-o a colocar os olhos e aprender com Cristo. A história bíblica desta noite tem como título: “A Cura de um Jovem Possesso” (Marcos 9.14-29). Vamos entende-lo... Quando se ouve a palavra “cura” denota-se que há alguém doente. Jesus veio para nos oferecer a Vida Abundante. Ou seja, a doença inibe a vontade de Deus. Mas, por outro lado, também possibilita a manifestação do milagre ou do fortalecimento na fé. O texto aponta ao encontro de uma pessoa sofrida com Jesus, o qual lhe promove uma vida com qualidade. A Bíblia cita que é um “menino”. Lembro-me aqui da minha mãe estressada quando um tinha um pingo de febre. Aparentemente, a doença de uma criança ou jovem sempre incomoda mais. Então, ela enfiava goela abaixo uma dose Sadol, ou chás e remédios para vermes. Ao menos, era assim na minha infância. A vida prosseguia até o próximo tratamento.
Por fim, o evangelista relaciona a doença à “possessão”. Por que? Aquela doença alterava o comportamento do menino, que se agitava e saia do controle. Em tempos bíblicos, de imediato, tal situação era diagnosticada como coisa de demônios. Porém, nalgumas Bíblias, já no título, ao invés de possessão, aparece a palavra “convulsão”. Necessariamente, um ataque epilético ou demência não deveriam ser julgadas como “espirituais”, antes “físicas” e “mentais”, às quais podem ser curadas ou amenizadas com tratamentos e remédios. Nem tudo podemos colocar nas costas do capeta. Mas, não há como negar, que ele se aproveita de toda brecha para se manifestar. Na área da saúde, ele oferece curandeiros do estilo “João de Deus”. Nos momentos de saudades de pessoas falecidas, ele oferece consultas em “sessões espíritas”. Em crises financeiras ou na ânsia de ter dinheiro fácil, ele oferece a jogatina e a corrupção. Mesmo dentro da igreja, ele propõe a troca da bênção por dízimo. Você só receberá riqueza se der do teus ganhos primeiro.
Como “pastor” só posso alertar e dizer sempre de novo: CUIDADO! Não há como desmerecer o mal, muito menos o culpar de tudo. É preciso muita atenção no diagnóstico, procurando recursos na medicina e na oração simultaneamente, sempre cientes de que Deus promove e deseja uma vida com qualidade, mas ninguém escapa da morte. Mais cedo ou mais tarde partiremos. Determinante é quea a nossa certeza da salvação eterna só possível por meio de Jesus. Por outro lado, devemos cuidar para que as dificuldades e dores não nos levem ao colo do maligno. A busca por respostas, tanto à vida, quanto à morte, está em Jesus. Não se deixe levar pelas ofertas do inimigo. Jesus é a LUZ. Ele esclarece. O diabo está nas trevas e deixa nossa vida sempre mais confusa e escura. Mas, vamos ouvir o relato do evangelista...
QUANDO JESUS PEDRO, TIAGO E JOÃO CHEGARAM ONDE ESTAVAM OS DEMAIS DISCÍPULOS, VIRAM UMA GRANDE MULTIDÃO REUNIDA, ONDE OS MESTRES DA LEI ESTAVAM DISCUTINDO COM ELES. LOGO QUE TODO O POVO VIU JESUS, CORREU PARA SAUDÁ-LO. PERGUNTOU-LHES JESUS: O QUE VOCÊS ESTÃO DISCUTINDO? NO MEIO DA MULTIDÃO, UM SUJEITO RESPONDEU: MESTRE! TROUXE O MEU FILHO, QUE ESTÁ COM UM ESPÍRITO QUE O IMPEDE DE FALAR, JOGANDO-O NO CHÃO. ELE ESPUMA PELA BOCA, RANGE OS DENTES E FICA COM O CORPO DURO. PEDI AOS TEUS DISCÍPULOS QUE EXPULSASSEM O ESPÍRITO, MAS ELES NÃO CONSEGUIRAM. ENTÃO, JESUS AFIRMOU: Ó GERAÇÃO INCRÉDULA! ATÉ QUANDO ESTAREI COM VOCÊS? ATÉ QUANDO TEREI QUE SUPORTÁ-LOS? TRAGAM-ME O MENINO. ELES O TROUXERAM. QUANDO O ESPÍRITO VIU JESUS, IMEDIATAMENTE CAUSOU-LHE UMA CONVULSÃO. ESTE SE ATIROU NO CHÃO E COMEÇOU A ROLAR, ESPUMANDO PELA BOCA. JESUS PERGUNTOU AO PAI: HÁ QUANTO TEMPO ELE SOFRE? RESPONDEU: DESDE A INFÂNCIA. MUITAS VEZES O TEM LANÇADO NO FOGO E NA ÁGUA PARA MATÁ-LO. MAS, SE PODES FAZER ALGUMA COISA, TEM COMPAIXÃO E AJUDA-NOS. SE PODES? QUESTIONOU JESUS. TUDO É POSSÍVEL AO QUE CRÊ. DE IMEDIATO O PAI EXCLAMOU: EU CREIO! AJUDA-ME A VENCER A MINHA FRAQUEZA. QUANDO JESUS VIU QUE UMA MULTIDÃO ESTAVA SE AJUNTANDO, REPREENDEU O ESPÍRITO IMUNDO AO DIZER: ESPÍRITO MUDO E SURDO! EU ORDENO QUE O DEIXE E NUNCA MAIS APAREÇA. O ESPÍRITO GRITOU, AGITOU-O VIOLENTAMENTE E SAIU. O MENINO FICOU ESTIRADO COMO MORTO. MUITOS PENSARAM: MORREU! MAS, JESUS TOMOU-O PELA MÃO E O LEVANTOU. ELE FICOU EM PÉ. LOGO MAIS, EM CASA, SEUS DISCÍPULOS PERGUNTARAM PARA JESUS: POR QUE NÃO CONSEGUIMOS EXPULSAR O DEMÔNIO? ELE RESPONDEU: ESSA ESPÉCIE SÓ SAI PELA ORAÇÃO E PELO JEJUM (MARCOS 9.14-29).
Há um momento de discussão entre os fariseus e os discípulos. Qual era a polêmica? Há um menino possesso, cujo pai recorre aos discípulos em busca de socorro. Mas, eles não dão conta da cura. Tal situação gera um debate com aqueles que “caçavam” o Mestre. De fato, o tema “religião e seus costumes” sempre gera discussões intermináveis e, inclusive, alteração de ânimos. Jesus não estava presente. Ele saberia como lidar com o momento. Ele teria dado um desfecho. Eis aí uma questão importante: A presença ou ausência de Jesus. Quando o centro da discussão se dá na ausência de Jesus, há atritos. Quando se discute costumes e tradições, com facilidade, tudo vira briga. Quando Jesus é o centro, sempre prevalece o “amor” e há entendimento.
Da situação abrangente ao caso específico... O menino não fala. Ele se joga no chão, range os dentes, espuma pela boca e, em seguida, fica com o corpo enrijecido. Se tal fato ocorre numa igreja pentecostal, já oram para expulsar o demônio. Se acontece numa igreja luterana, é chamado o SAMU para levar o menino ao PA. É caso de demônio ou saúde? Os próprios intérpretes bíblicos deixam espaço tanto à possessão, quanto à convulsão. De fato, o mais importante é a atitude de Jesus, que estende a mão tanto ao pai, quanto ao filho. No mínimo há duas curas ou libertações na narrativa de Marcos.
Num primeiro momento, Jesus deixa o menino de lado e faz uma consulta com o pai, o qual diz que os ataques ocorrem desde a infância. Ele é surdo e mudo. Além do que, propenso ao suicídio. Ou seja, o menino percebe que está sendo um fardo na família. Todavia, engana-se qualquer pessoa que acha que o suicídio é uma alternativa para se livrar e livrar os outros de seus problemas. Só piora. Só aumenta a confusão. O pai continua abrindo seu coração desesperado. Ele confirma: Não sei mais o que fazer. Minha fé se esgotou. Estou fraco. Por fim, apela: Jesus! Tem compaixão. No consolo do Salvador vem uma frase que até hoje nos anima diante de tantas dores e tormentas: Tudo é possível ao que crê! Por isso, jamais perca a fé. Ela remove montanhas de dificuldades. Se ela está fraca - como assumiu o pai - busque reforço apegando-se em Jesus. Ele é o socorro e a salvação.
Então, da boca de Jesus vem uma ordem: Saí espírito ruim! Não volte mais. A cura e libertação não é apenas momentânea, mas para sempre. Que fique novamente clara a orientação dada pelo próprio Deus no momento da transfiguração: Ouçam o que Jesus diz! Ainda hoje, a liberdade, a orientação clara e a cura vêm pelas palavras de Jesus. Não ouvir o que Jesus nos diz é morte certa. Dar-lhe atenção é experimentar alegria e paz. Você escolhe! Como o menino, ainda hoje toda pessoa precisa de orientação, mas também de uma mão. Para erguê-lo, Jesus lhe estendeu a mão. Como cristãos individualmente e também comunidade, precisamos estar dispostos à ação e não mera pregação. De caído a erguido. Da doença à saúde. Da morte à vida... Assim o menino se reestabeleceu para alegria própria e também do pai. Eis uma vida perdida e sem esperança que agora é reintegrada à sociedade, com plena saúde.
Depois do milagre realizado, os discípulos questionaram: Jesus! Como você conseguiu ajudá-lo e nós não damos conta? Recebem uma lição básica. Via de regra, as discussões religiosas – onde o Mestre não está no centro - não trazem frutos ao Reino. Por outro lado, há também uma palavra de louvor aos discípulos que, na cura, perceberam que eles não podiam fazer nada sem Jesus. O Salvador termina com uma lição bastante clara: Quanto mais complicada a situação, quanto mais “demônios” aparecerem, mais é preciso dedicação. O jejum prevê concentração e disciplina. A oração prevê humildade e entrega. Não se enganem, o poder não está em nós. O poder vem do Alto. Quem cura é Jesus e não “fulano de tal” ou “aquela igreja”.
Termino a pregação, trazendo um desafio à nossa comunidade a partir da lição de Cristo. Será que podemos servir como bênção à sociedade de Garuva? As doenças e os demônios estão por aí. A cura vem pela ciência. Mas, também pela “voz” de Jesus e pela oração. Mas, pouco adianta discurso se não houver interessem em ouvir e estender a mão aos que sofrem. Por isso, humildemente coloque-se à disposição do Senhor e sirva de canal de bênção. Amém!
Nas palavras de Martinho Lutero, ore comigo: Senhor! Obrigado pela tua compaixão, que te traz ao nosso mundo de dor e desalento. Concede-nos fé para superarmos nossas dúvidas e ajuda-nos a crer que contigo todas as coisas são possíveis. Amém!
COM CORAL PALESTRINA DE CURITIBA, “VEM SENHOR, VEM CURAR”...