Prédicas e Meditações



ID: 2931

Conselhos práticos para a vida cristã

A Carta de Tiago

30/09/2018

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A carta de Tiago enfatiza que a Lei de Deus deve ser praticada no dia a dia e não somente nos rituais do templo. Para Tiago, a pessoa cristã santifica a Deus através da obediência à vontade de Deus.

A carta de Tiago foi escrita por volta do ano 50 d.C. e aborda questões práticas e problemas frequentemente enfrentados por muitas pessoas cristãs nas comunidades cristãs. Por exemplo: a impaciência, a incapacidade de escutar, o favorzinho aos amigos, o egoísmo. A carta de Tiago apresenta sábios conselhos para a vida e os problemas do dia-a-dia. Por exemplo ele diz que cada pessoa esteja sempre pronta para ouvir e demore para falar e ficar com raiva. Uma pessoa religiosa deve controlar a sua língua. E o ponto alto desses conselhos para a vida diária da pessoa cristã é a oração pelos doentes e a confissão comunitária de pecados. “Se alguém de vocês estiver doente, que chame os presbíteros da igreja para que façam oração e ponham azeite na cabeça da pessoa em nome do Senhor. Essa oração feita com fé salvará a pessoa doente. O Senhor lhe dará saúde e perdoará os pecados que tiver cometido. Portanto confessem seus pecados uns aos outros e façam oração uns pelos outros, para que vocês sejam curados. A oração de uma pessoa obediente a Deus tem muito poder” (Tiago 5.14-16). 

Para Tiago, a pessoa é religiosa se ela praticar o que a religião professa. Tiago é um questionador daqueles que dizem que a “minha vida no domingo não tem nada que ver com minha vida durante a semana”, ou “meu trabalho é algo separado de minha vida como cristão” Tiago é um questionador dessa perspectiva que quer manter tudo independente e separado: educação é educação, religião é religião e assim por diante. Para Tiago, tudo em nossa vida deve estar vinculado diretamente a Deus. Até a política deve estar vinculada a Deus, porque toda autoridade aqui na terra deve estar submissa a autoridade máxima que é Deus.

O Antigo Testamento tem várias histórias que alertam: Quando o poder é exercido independente dos valores de Deus, então esse poder é perigoso: atrai as piores e ele corrompe as melhores pessoas. Em Juízes 9.7-15 temos uma dessas histórias:

Jotão subiu ao topo do monte Gerizim e gritou para eles: Ouçam-me, cidadãos de Siquém, para que Deus os ouça.
Certo dia as árvores saíram para ungir um rei para si. Disseram à oliveira: ‘Seja você o nosso rei! ’
A oliveira, porém, respondeu: ‘Deveria eu renunciar ao meu azeite, com o qual se presta honra aos deuses e aos homens, para dominar sobre as árvores? 
Então as árvores disseram à figueira: ‘Venha você ser o nosso rei! ’
A figueira, porém, respondeu: ‘Deveria eu renunciar ao meu fruto saboroso e doce, para dominar sobre as árvores? ’
Depois as árvores disseram à videira: ‘Venha você ser o nosso rei! ’
A videira, porém, respondeu: ‘Deveria eu renunciar ao meu vinho, que alegra os deuses e os homens, para ter domínio sobre as árvores? ’
Finalmente todas as árvores disseram ao espinheiro: ‘Venha então você ser o nosso rei! ’
O espinheiro disse às árvores: ‘Se querem realmente ungir-me rei sobre vocês eu aceito, venham abrigar-se à minha sombra; do contrário, sairá fogo do espinheiro e consumirá até os cedros do Líbano! ’

Vejam bem essa história. Parece uma história infantil. Com isso a Bíblia nos quer dizer que deveríamos aprender essa história desde criança. As árvores falam e decidem ter um rei. Perguntam a oliveira, a figueira e a videira se uma delas não quer ser o rei. Nenhuma delas aceita, porque o que elas fazem (produzir azeite, figos e vinho) já era um serviço para as pessoas. Elas já faziam o bem, elas já produziam frutos, sem necessidade de ser reis. Finalmente, as árvores pedem ao espinheiro para que ele seja o rei das árvores. E o espinheiro aceita imediatamente e já coloca uma lei. Todas as arvores devem se submeter a ele e obedecê-lo, caso contrário ele vai castigar e destruir quem não lhe obedecer.

O Antigo Testamento conta essa história porque o grande problema era que as autoridades abusavam do poder. A absoluta maioria dos reis de Israel não foram justos e contra os abusos dos reis falavam os profetas. Os profetas julgavam as autoridades a partir de 3 coisas; Se era fiel a Deus, se praticava a justiça e se defendia os pobres (Dt 17.14-20; Pv 20.28 e 29.14).

No Novo Testamento, Jesus reafirmou essa tradição de não confundir o que é de Deus com o que é de César (Mateus 22.15-22). As autoridades devem estar submissas a Deus – que é a nossa autoridade máxima. Jesus então estabeleceu um critério fundamental para o exercício de toda autoridade: o SERVIÇO.

Martin Lutero também chamou a atenção que no Cântico de Maria (Lucas 1.46-55) é dito que Deus derrubará dos seus tronos os poderosos, mas o Evangelho não diz que Deus destruirá os tronos. Lutero entendia que enquanto a terra existir, tem que haver autoridade, governo, poder, tronos. Deus quer o trono, isto é, a função da autoridade, pois é preciso que haja um poder capaz de garantir ordem, paz e principalmente justiça.

O que não se pode tolerar, diz Lutero, porque é contra a vontade de Deus, é o abuso do trono para infligir injustiça e violência ou que se faça uso dele em benefício próprio. O Salmo 113.5 diz: Não há ninguém como Deus, cujo trono está nas alturas e que se inclina para ver o que passa na terra. Se Deus, acima de quem não há nada nem ninguém – que é a autoridade máxima – se inclina e olha para baixo, para as pessoas simples – que direito tem as autoridades desse mundo de olhar para outro lugar, senão para as necessidades dos pobres? A função da autoridade é defender e cuidar dos pobres. Simples assim.

Tiago insiste que pessoas cristãs precisam ser pessoas inteiras, que enxergam a vida como um todo, com uma visão que dá sentido e orientação para tudo o que fazem. Isso significa viver na presença de Deus. 

Tiago nos mostra que muitas pessoas precisam de ajuda para relacionar a pregação do domingo com os outros dias da semana. Ser uma pessoa cristã não é andar com a Bíblia na mão durante os dias da semana. Lembremos do conselho prático da carta de Tiago: A espiritualidade cristã deve ter como eixo a fé com obras, ou a prática da Palavra de Deus em favor da vida humana e de toda a Criação de Deus. 

Martin Lutero enfatizava que cada pessoa pensa e age de acordo com o deus que tem. O deus que temos tem poder sobre nós. As nossas escolhas são definidas pelo nosso deus, não por nós. Os pensamentos e as atitudes das pessoas revelam a que deus elas servem. 

Por isso, nossos pensamentos e nossas atitudes devem demonstrar que servimos ao Deus da Vida, ao Deus de Jesus Cristo que é a autoridade máxima, cuja vontade diz que o único poder que as pessoas deveriam ter umas sobre as outras é o poder de SERVIR.
Amém.
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Comunicação / Nível: Comunicação - Programas de Rádio
Testamento: Novo / Livro: Tiago / Capitulo: 5 / Versículo Inicial: 13 / Versículo Final: 20
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 49035
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