No meio da mata havia uma pequena árvore que sonhava, algum dia, ser grande e dar muitos frutos, pois via os passarinhos saboreando os frutos doutras árvores. O tempo passou, o tronco engrossou e as folhas se multiplicaram. Certo dia, ela perguntou à sua mãe quando é que afinal os frutos virão. Ela foi curta e seca: Meu amor! Não somos frutíferas. Somos só assim mesmo, sem frutos! A árvore chorou porque não tinha frutos para oferecer. Ela ficou tão triste que teve vontade de morrer. Então, suas folhas foram murchando. Os galhos começaram a secar. Ela foi ficando cada vez mais curvada pelo silêncio de sua dor. Certa manhã de primavera, ouviu um pássaro piar: Dona Árvore! Pelo “amor de Deus” não morra. Minha esposa está chocando nossos filhotes naquele cantinho, junto às bromélias. Se o ninho cair, que será de nós? Espantada, ela começou a prestar atenção em si mesma. De repente, reparou quantos seres estavam escondidos no meio dela: Uma casinha de João-de-barro, um casal de bugios, alguns besouros, centenas de orquídeas e bromélias e, para sua grande surpresa, uma colmeia junto ao tronco. Tudo mudou. Ela sorriu e esverdeou. A seiva percorreu solta da raiz aos últimos galhos. Ela conseguiu ouvir a voz de Deus em seu coração, dizendo: Nem todas as árvores têm frutos para os passarinhos. Como você, algumas podem oferecer muito mais. A árvore recuperou a vontade de viver. Até hoje está lá, dando cada vez mais sombra, sustentando cada vez mais vidas, feliz por ter encontrado sua verdadeira razão de viver.
De 1981, “Uma Centelha Só” com Conjunto Nova Geração.