Ofertar por Gratidão a Deus e Amor ao Próximo (2Co 8.1-12 e 9.6-8)
Estudo bíblico (P. Alexander Busch – Igreja Ev. Reformada de Castrolanda)
(1) Na oração ensinada por Jesus encontramos a petição, “o pão nosso de cada dia dá-nos hoje”. São palavras que expressam a confiança que dependemos de Deus para receber o alimento diário. Também o Credo Apostólico faz confissão semelhante, ecoando palavras de Gênesis, “creio em Deus Pai, todo poderoso, criador do céu e da terra”. Ou seja, a terra, o sol, a água, as plantas e sementes, os animais - tudo o que sustenta a vida vem de Deus. A esta lista podemos incluir a força e a saúde das pessoas para trabalhar, a criatividade para superar as dificuldades e a tecnologia que aumenta a produção de alimentos. Na vasta cadeia alimentar humana podemos ainda acrescentar outros tipos de trabalho e seus “frutos”: os produtos industrializados ou os serviços na área de educação, saúde e bem estar das pessoas e sociedade. Em suma, a fé cristã confessa que o Deus da bíblia é o provedor da vida e sem seu amparo nós e tudo o mais não podem existir. Isto é motivo de gratidão.
(2) Mas, infelizmente, como pessoas cristãs e igreja, nem sempre nos deixamos conduzir por uma atitude de gratidão e dependência de Deus. No dia a dia, na cultura e sociedade as pessoas trabalham como se a vida dependesse exclusivamente do nosso suor e das nossas mãos. Isto se percebe nas grandes cidades e também no campo. A tecnologia cada vez mais avançada tem distanciado o agricultor e pecuarista de trabalhar próximo do solo e dos animais. A tecnologia facilita a vida. Isto é muito bom. O risco, porém, é criar a falsa impressão que tudo depende do ser humano. Assim sendo, na prática muitas vezes, nós deixamos de reconhecer e agradecer a Deus pelas dádivas da vida, nós julgamos que o que temos é “exclusivamente meu”, e nos deixamos conduzir por uma atitude de reclamação e independência de Deus.
Perguntas: Você percebe e concorda que no dia a dia a nossa cultura quer nos moldar para uma vida independente de Deus? Se a tecnologia dificulta reconhecer a fragilidade da vida e a dependência de Deus, como nós podemos educar as gerações mais novas que Deus é o doador da vida? O que é mais fácil: agradecer ou reclamar?
Leitura de 2Coríntios 8.1-12 e 9.6-8
(3) Uma das formas de expressar nossa dependência e gratidão a Deus é através das nossas ofertas financeiras. Neste sentindo, a carta de Paulo e Timóteo à comunidade em Corinto nos dá um testemunho vivo e prático da gratidão e fé. Através desta carta, mas também em outros trechos do NT, temos a informação de que as comunidades cristãs na Judéia, incluindo a cidade de Jerusalém, estavam passando por grandes dificuldades por causa de uma seca prolongada. Os estudiosos da Bíblia e arqueologia estimam que esta seca já durava dois anos, tempo suficiente para o empobrecimento de uma camada da população que já era pobre. Paulo tinha a intenção de recolher um auxílio financeiro nas igrejas onde ele e seus colaboradores trabalharam e enviar a oferta para as igrejas na Judéia. Ou seja, estas igrejas, estes irmãos e irmãs na fé, não se conheciam. Num tempo de viagens perigosas e grandes distâncias, era impossível para as igrejas que estavam separando e guardando dinheiro ter contato direto com as pessoas e as igrejas na Judéia, que seriam beneficiadas pela sua oferta.
(4) A distância e outras dificuldades, entretanto, não impediram que as igrejas ajudassem. Paulo menciona que as igrejas da província da Macedônia, apesar das aflições e perseguições, apesar da própria condição de pobreza, insistiram em participar da ajuda ao povo de Deus da Judéia (2Co 8.1-5). Fizeram com generosidade, muito além das expectativas. Com generosidade levantaram uma oferta de solidariedade para pessoas que estavam sofrendo na Judéia.
(5) Citando o exemplo destas igrejas na Macedônia, Paulo agora espera que a igreja em Corinto também continue colaborando. Paulo, porém, não faz isso de uma forma legalista, tipo, “já que as igrejas da Macedônia foram abundantemente generosos, vocês em Corinto também devem ser bastante generosos”. Paulo escreve para a igreja em Corinto, “não estou querendo mandar em vocês. O que estou querendo é que vocês conheçam o entusiasmo com que as igrejas da Macedônia deram ofertas . . . não estou querendo aliviar os outros e pôr um peso sobre vocês. Porque se alguém quer dar, Deus aceita a oferta conforme o que a pessoa tem. Deus não pede o que a pessoa não tem” (2Co 8.8,12,13). Ou seja, Paulo ensina que a coleta é uma oferta conforme as possibilidades.
(6) A igreja em Corinto, ao que tudo indica, fez sua parte. A igreja em Corinto, junto com as igrejas na Macedônia, colaborou nesta oferta de solidariedade, segundo as palavras de Paulo noutra carta (Rm 15.25,26 - Corinto era a capital da Acaia). Cabe aqui a pergunta: além do fato que é o apóstolo Paulo quem pede à igreja a oferta de solidariedade, que outra motivação moveu a igreja em Corinto a ajudar as igrejas na Judéia? O que despertou nas pessoas a disposição para colaborar na oferta de solidariedade para pessoas que elas não conheciam de igrejas num lugar tão distante como a Judéia?
(7) O próprio Paulo é quem nos responde ao escrever, “porque vocês já conhecem o grande amor do nosso Senhor Jesus Cristo: ele era rico, mas, por amor a vocês, ele se tornou pobre a fim de que vocês se tornassem ricos por meio da pobreza dele” (2Co 8.9). Em outras palavras, reconhecer o grande amor de Deus ao enviar seu filho Jesus Cristo a este mundo para nos salvar é motivo de gratidão e alegria. As pessoas se entregam, doam parte de seus pertences conforme as possibilidades (e às vezes além das expectativas), porque reconhecem e confessam a iniciativa de Deus em se doar em nosso favor. Em Jesus Cristo, Deus faz morada neste mundo e se aproxima das pessoas. Deus nos oferece perdão e nova vida na cruz e ressurreição de seu Filho Jesus Cristo. Este gesto de amor de Deus por nós não tem preço. Não nos é possível retribuir com dinheiro ou boas obras o gesto de reconciliação que Deus nos oferta. Podemos sim, expressar gratidão. Podemos sim, ofertar com alegria, confiando no cuidado de Deus.
(8) É o que Paulo escreve, “Que cada um dê a sua oferta conforme resolveu no seu coração, não com tristeza nem por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria. E Deus pode dar muito mais do que vocês precisam para que vocês tenham sempre tudo o que necessitam e ainda mais do que o necessário para fazerem todo tipo de boas obras” (2Co 9.7,8). Em outras palavras, nossa doação financeira é uma oferta de alegria, gratidão e confiança em Deus. Fica, portanto, o desafio e o convite. Nesta sociedade pós-moderna e de alta tecnologia da qual fazemos parte, que nossas ofertas financeiras sejam um gesto de gratidão e dependência de Deus; um testemunho para nós mesmos e para as pessoas de nossa convivência.
Perguntas: Você sabe qual o destino das ofertas na IECLB? Você sabe como é administrado o dinheiro ofertado na IECLB? Como você tem ensinado às novas gerações a importância de ofertar como testemunho de fé e gratidão? Pode dar exemplos práticos?