A vida espiritual na Colônia Dona Francisca
Os imigrantes pioneiros trouxeram da velha pátria tesouros espirituais. A fé cristã fazia parte de suas vidas. Bíblia e hinário lhes eram familiares, e estes dois livros renderam conforto na sua dura luta pela sobrevivência. Eles tantas vezes comeram o seu pão com lágrimas, mas também experimentaram algo dos poderes de Deus.
Inicialmente o suíço Carl Mšrikofer, ex-professor, chegado entre os primeiros imigrantes com a barca Colon, havia sido contratado pela direção da Colônia para assumir os serviços religiosos, visto que se achava completamente incapacitado para o trabalho duro na lavoura. Ele prestava assistência nos enterros, reunia os interessados para práticas dominicais e realizava batismos e casamentos. O diretor da Colônia, desde cedo, sugeriu a formação de uma comunidade eclesiástica, e a Sociedade Colonizadora prometou enviar um pastor.
Em dezembro de 1851, chegava em Dona Francisca, enviado pela Sociedade Colonizadora, o jovem pastor dr. Phil Jakob Daniel Hofmann, acompanhado de sua esposa. Vindo de Lübeck, no Norte da Alemanha, de certo não fazia idéia do que o esperava aqui: mata virgem, terreno pantanoso, esporádicas barracas numa das quais ele deveria se instalar, vida rústica e dura, clima quente e úmido do mês de dezembro, um lugarejo sem local próprio para reunir os fiéis. Mas ele foi bem aceito na Colônia. O dr. Robert Lallemant caracteriza o jovem pastor como homem de brilhantes conhecimentos, dinâmico teólogo, pessoa de circunspecção, calma e tolerância.
O primeiro ofício do pastor Hofmann, em 21 de dezembro, foi a benção matrimonial de August Johann Hofmann, de Halla (Saxônia) com Auguste Eger, de Leimbach, próximo de Mansfeld. E logo se aproximava a festa de Natal. As cigarras jáestavam cantando. Era o primeiro Natal longe da antiga pátria, longe de parentes e amigos. Quanta saudade.O pastor recém-chegado ainda não teve a oportunidade de conhecer o seu rebanho, nem havia ainda local próprio para os cultos. Mas no dia 25 de dezembro defronte um rancho na rua Nove de Março (antiga Hafenstrasse) que fazia parte de um conjunto de construções da direção da Colônia, realizou-se o primeiro culto dirigido por um pastor formado. Sem dúvida, sua mensagem natalina da boa nova é de grande alegria para todo povo. Comoveu os corações e os ouvintes podiam sentir algo do poder do evangelho.
(Fonte: P. Leonhard Friedrich Creutzberg /Joinville Luterano No3)
150 anos da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Joinville
No início do século 19, a Alemanha enfrentava guerras, lutas políticas e um crescimento populacional desproporcional ao desenvolvimento dos meios de produção. Do outro lado, o Brasil tinha interesse na introdução de imigrantes alemães para o estabelecimento de colônias agrícolas. A emigração intensa das populações germânicas, em sua maioria luteranos, se consolidava nos países livres da América. Por dote de casamento com o francês François-Ferdinand Philipe, Príncipe de Joinville, a princesa Francisca Carolina, irmã de Dom Pedro II, recebeu terras na província de Santa Catarina. Parte delas foi negociada pelo casal e, através da Sociedade Colonizadora de Hamburgo, foi denominada Colônia Dona Francisca - passando a se chamar Joinville somente em 1852.
Assim, a história da cidade se confunde com a trajetória da Comunidade Evangélica de Joinville. No dia 9 de março de 1851 chegaram, com a barca Colon, os primeiros imigrantes vindos do Atlântico Norte. Apesar da terra estranha e do calor abrasador, os imigrantes pioneiros trouxeram da velha pátria tesouros espirituais. A fé cristã fazia parte da vida. Bíblia e hinário lhes eram familiares e traziam o conforto para a dura luta por sobrevivência.
Contratado pela direção da Colônia Dona Francisca para assumir os serviços religiosos, o ex-professor suíço Carl Mörikofer - chegado entre os primeiros imigrantes com a barca Colon - prestava assistência nos enterros, reunia os interessados para práticas dominicais e realizava batismos e casamentos. Desde o início, a direção da Colônia sugeriu a formação de uma comunidade eclesiástica, e a Sociedade Colonizadora prometeu enviar um pastor.
Em dezembro de 1851 chegava à Colônia Dona Francisca o jovem pastor doutor em filosofia, Jakob Daniel Hoffmann, acompanhado da mulher. Vindo de Lübeck, no Norte da Alemanha, não fazia idéia do que o esperava aqui: mata virgem, terreno pantanoso, poucas barracas - onde ele também deveria se instalar -, vida rústica e dura, clima quente e úmido, enfim, um lugarejo sem local próprio para reunir fiéis. Mas, ele foi bem aceito na Colônia e era considerado um homem de brilhantes conhecimentos, dinâmico teólogo, pessoa calma e tolerante.
O pastor havia se comprometido a pregar a palavra de Deus de forma fiel e pura e a ministrar os sacramentos segundo o rito da Igreja Luterana. Mas a saga dos luteranos em terras brasileiras apenas começava. No tempo do Brasil Império, os não-católicos eram impedidos de expressar publicamente sua fé. Assim, os templos não podiam ter torres e os fiéis construíam casas de oração.
O primeiro ofício do pastor Hoffmann, em 21 de dezembro, foi a bênção matrimonial de August Johann Wilhelm Hoffmann, de Halla (Saxônia), com Auguste Eger, de Leimbach, perto de Mansfeld. O fim do ano se aproximava. As cigarras já cantavam e o pastor enfrentaria o primeiro Natal longe da antiga pátria, longe dos parentes e amigos. Mesmo não tendo ainda conhecido bem seu rebanho e sem lugar apropriado para os cultos, ele realizou, no dia 25 de dezembro, em frente a um rancho da Hafenstrasse (atual rua Nove de Março), o primeiro culto dirigido por um pastor formado. A mensagem natalina de boa nova e grande alegria para todo o povo comoveu os corações. No dia seguinte, em 26 de dezembro, a comunidade se reunia outra vez. Agora, no cemitério, para despedida do ex-tenente da marinha de Schleswig-Holstein, Karl August Andreas Buerow, morto aos 27 anos.
Mas, o pastor Hoffmann presenciou também momentos de muita alegria. O primeiro batismo, segundo os registros da Comunidade Evangélica de Joinville, aconteceu no dia 15 de fevereiro de 1852. O casal August e Auguste Hoffmann - unidos pelo matrimônio em 21 de dezembro de 1851 - batizava o pequeno Walther Hoffmann. No mesmo ano, em abril, foi realizada a primeira confirmação, com a presença de 15 confirmandos. Em julho de 1853, o pastor Hoffmann deixou a Colônia Dona Francisca e mudou para Petrópolis, no Rio de Janeiro. Embora seu contrato fosse de três anos, ele se manteve na região por um ano e meio, acumulando 39 batismos, 34 confirmandos, 37 casamentos e 49 enterros. Durante um ano inteiro, a Colônia Dona Francisca ficou desassistida, até que em junho de 1854, o pastor Georg Hoelzel assumiu os trabalhos.
Durante o pastorado do P. Hoelzel foi construída a primeira igreja evangélica em Joinville. Esta, na época, não podia ter aparência de templo, por isso foi erguida sem a torre.Em 1937, período em que a CEJ era atendida pelos pastores Karl Müller e Hans Müller, a Comunidade Evangélica de Joinville planejou a construção de mais dois templos, um no Norte e outro no Sul da cidade. Com a colaboração da comunidade, a CEJ iniciou o desenvolvimento religioso em Joinville e, em 2 de fevereiro de 1941, inaugurou a Igreja Cristo Bom Pastor, contando nesta época já com os pastores Gebhardt Dauner e Fritz Wüstner.
Em 1954 foi inaugurada a capela que deu origem à Paróquia Martin Luther. No mesmo ano acontecia o lançamento da pedra fundamental da capela da Paróquia dos Apóstolos e, em outubro de 1966 era inaugurada a igreja da Paróquia Cristo Redentor. Em 12 de março de 1967, com a instalação da Comissão Organizadora do Distrito Norte, surgiu a Paróquia São Mateus e, em 1970, a Paróquia São Marcos.
Em 24 de agosto de 1975 foi inaugurado o Centro Evangélico da Paróquia São Lucas e, em março de 1985, durante reunião do Conselho Eclesiástico, nasceram a Missão Profipo e Missão Boa Vista. Em abril de 1996 foi constituída a Paróquia Unida em Cristo. Ainda no século 19, em 1866, formou-se a Colônia e Comunidade Estrada Santa Catarina, também assistida pela Comunidade Evangélica. Em 1932, porém, passou a ser considerada comunidade autônoma e, hoje, está filiada à Paróquia São Lucas.
Um pouco do momento atual
A Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Joinville compõe-se de 11 paróquias distribuídas pelo município, com aproximadamente 20 mil membros. Mantém, além dos diversos serviços desenvolvidos nas paróquias, departamentos e instituições.
Destacamos o Departamento de Ação Social, cooordenado pela diácona Ângela Lenke, que, além da assistência a famílias carentes, mantém o serviço de desenvolvimento comunitário e o Serviço para Pessoas Portadoras de Deficiência. Na área da saúde, a CEJ está presente nos Hospitais Dona Helena e Bethesda; E na área da assistência ao idoso, encontramos o Ancionato Bethesda.