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A cidade de Congonhas(MG), antes de ser a Cidade dos Profetas, foi e ainda é um grande centro de peregrinação. Todo ano, no mês de Setembro, o município reúne milhares de fiéis em busca de cura das suas aflições. Talvez isso tenha inspirado o Aleijadinho a esculpir os profetas que estão lá em cima do morro, no Santuário de Bom Jesus de Matosinhos.
O profeta Amós é uma das doze esculturas. Dizem que o rosto e as roupas do profeta Amós são um auto-retrato do próprio Aleijadinho. Na mão esquerda, o profeta segura um pergaminho e a mão direita está deformada.
O verdadeiro profeta Amós viveu por volta do ano 750 antes de Cristo. Era um tempo de prosperidade econômica em Israel. O próprio livro do profeta Amós fala que os comerciantes desfrutavam de grandes lucros. Os ricos ostentavam seu luxo em grandes casas de marfim e grandes festas com muita comida e bebida. Havia grandes festas e celebrações luxuosas no templo em Jerusalém. Quem vinha de fora ficava admirado com a prosperidade econômica de Israel.
Amós era um pastor de bois e vacas e também um pequeno agricultor. Para as pessoas do campo as coisas não eram tão boas. A produção de leite, vacas, cabras, ovelhas, cereais, tudo isso pagava um alto imposto e além disso os colonos ainda eram enganados pela balança dos comerciantes. Os cultos no templo agradeciam a Deus pela prosperidade na cidade, mas Amós também percebia que os sacerdotes invertiam e distorciam a Palavra de Deus em favor do poderosos. Nas festas, a imoralidade, a prostituição e o abuso sexual estavam à vista de todos. Como já dissemos antes, os comerciantes exploravam os agricultores no preço, no peso e na qualificação dos produtos dos colonos. E quando algum colono resolvia reclamar, era causa perdida porque os juízes acreditavam nas testemunhas falsas dos comerciantes. É fácil imaginar que em tempos de desigualdade social, muitos pobres se tornavam puxa-sacos dos poderosos para conseguir alguma atenção ou algum favor. Amós diz que algumas pessoas se vendiam por um par de chinelos e até brigavam contra outros pobres para defender os poderosos. Quem era pobre, não valia nada. Somente aqueles que tinham dinheiro e posses eram pessoas respeitadas.
Foi nessa época que Deus chamou Amós para denunciar essa injustiça, essa exploração, essa imoralidade que estava debaixo daquela aparente riqueza e prosperidade. Um dos sacerdotes do templo, chamado Amazias, que recebia dízimos e oferendas e outros benefícios dos poderosos, mandou o Amós ficar quieto. Mas Amós não se calava. Foi então que com a ajuda de soldados, o sacerdote Amazias manda prender o profeta e torna-se seu torturador. Amazias ficou com tanta raiva do Amós que – ao tudo indica - Amazias o espancou até a morte com um porrete.
Amós havia dito que prosperidade com base na exploração dos pobres termina em juízo e castigo de Deus. Tudo que se constrói sem a bencão de Deus, não se sustenta. Um dia a casa vai cair. Por isso, “Buscai a Deus e vivei”, dizia Amós, porque Deus exige justiça. Mas, aparentemente, a denúncia de Amós não deu em nada. Quando ele foi “desaparecido”, tudo continuou igual como antes.
No entanto, alguns anos depois (em 722) o castigo de Deus caiu sobre Israel. O rei do país vizinho chamado Assíria (que ficava ao Norte do Iraque) invadiu Israel. Os militares assírios formaram o primeiro exército organizado e o mais poderoso até então. Desenvolveram armas de ferro e carros de combate puxados por cavalos, além de cavalaria pesada individual. O controle das áreas conquistadas era mantido pelas tropas e por práticas cruéis, como a deportação e a mutilação de mãos e pés dos vencidos. A população comum, formada por camponeses e artesãos, ficava sujeita a altos tributos e serviços forçados na construção de imensos palácios e estradas.
Como podemos ver, os militares não representaram nenhuma benção, mas sim um castigo de Deus. Eles não vieram para o bem, mas para piorar as coisas ainda mais. O Reino do Norte de Israel foi literalmente apagado do mapa e nunca mais se recuperou.
Também no Evangelho de Marcos, na história do jovem rico, vimos hoje que Jesus não se importa muito com nossa riqueza e a nossa sabedoria. O que importa para Jesus é se a riqueza, o desenvolvimento, o conhecimento e a sabedoria tem uma função social, ou seja, se todo esse conhecimento pode promover a justiça na terra.
A carta aos Hebreus nos lembrou que não dá para enganar a Deus. Não dá para distorcer ou inverter a sua Palavra. “Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta até para discernir pensamentos e propósitos do coração. E não há ninguém que possa se esconder de sua presença, pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.” (Hebreus 4.12-13).
Também nós seremos chamados por Deus um dia para prestar contas. E a pergunta que Jesus nos vai fazer é: Você conseguiu fazer algo por esse mundo enquanto você esteve lá?
Nesses tempos de divisões, de ódio partidário – queremos convidar a todos para olhar para a Palavra de Deus. Essa Palavra de Deus diz que nada se sustenta – se tiver sido construído sobre o ódio. O amor e o respeito por nossa família, por nossos amigos e por nossa igreja deve ser maior que a empolgação política por um ou outro candidato. Como filhos e filhas de Deus podemos discordar uns dos outros, mas jamais devemos colocar em risco nossos relacionamentos fraternais por conta de política. Devemos saber ouvir e analisar as propostas dos candidatos – afinal aquela pessoa que for eleita no Estado ou no Pais precisa governar para o bem de todos e todas. Eleição não é um jogo de futebol onde um joga contra o outro.
Lembremos disso: Jesus nos chama para construir, não para destruir. Jesus deseja a justiça, a solidariedade, o amor, o respeito. Esses são os valores do Evangelho sobre os quais todos teremos de prestar contas. Vamos enaltecer esses valores entre nós. Pois nós acreditamos que não somente os governos, mas também as igrejas e cada um de nós – um dia – seremos chamados por Deus para prestar contas sobre esses valores.
Amém.