Comunicação


ID: 2771

Se você quer mostrar o caminho de Deus para alguém, não coloque dificuldades no caminho dessa pessoa!

Prédica

12/12/2020

Joao 1.6-9; 19-28

João Batista dá início ao cumprimento das esperanças messiânicas. Mas ele já vai alertando: Eu não sou o Messias. Eu não sou não nenhum salvador da pátria. Aliás, João Batista deixa claro que ele não é ninguém importante. Ele é apenas uma voz que grita no deserto: Preparem o caminho para o Senhor passar. Mas João batista sabe que poucas pessoas o escutam. Gritar no deserto é mais ou menos o mesmo que dizer que o que ele fala não tem muito apoio ou eco social, que ele não recebe muitos likes pelo que ele fala, é como se ele estivesse lançando palavras ao vento, ou falando com as paredes. Mas mesmo assim, João Batista não fica frustrado. Todo o contrário, ele assume sua tarefa com humildade. Afinal, o mais importante não é a voz do pregador(a), mas sim a voz do Filho de Deus. João Batista nos quer ensinar que a pessoa que já encontrou o seu papel na missão de Deus, essa já é uma pessoa iluminada. E ela já não se comunica apenas com palavras. Mas ela se comunica com sua forma de ser e de viver. João Batista se comunicava por seu modo de vestir, pelo lugar onde morava, pela comida que comia e por sua espiritualidade que pedia um compromisso pessoal com Deus para ser uma pessoa diferente, sem ser agressiva, nem dominadora. João Batista nos ensina que as nossas atitudes são nosso principal meio de comunicação.

João Batista anuncia que Aquele que virá já está presente. Deus já encontrou um meio para encontrar-se com cada um de seus filhos e filhas. Ele já está no meio das pessoas. Mas ele não é reconhecido quando se procura a Deus somente em benefício próprio. Quem procura a Deus porque ele é o mais forte, o mais poderoso, o mais famoso, - essa pessoa facilmente vai se frustrar com Jesus. Ela não vai entender nada da Bíblia.

O Jesus Cristo que vem ao encontro das pessoas se manifesta na humildade dos pequenos gestos e nos gestos dos pequenos. João Batista fala que Deus não veio a esse mundo para ficar dentro dos templos, mas de um Deus que quer conviver com as pessoas.

Essa mensagem de João Batista era totalmente diferente do discurso oficial do templo e das autoridades politicas daquele tempo. No primeiro século da era cristã, o exército romano dominava a Palestina. A situação política era perigosa para qualquer pessoa ou grupo que contestasse a dominação romana. As lideranças judaicas haviam feito alianças com os romanos e muitas vezes até denunciavam os opositores judeus aos romanos.

A classe governante de Israel – como a corte do rei Herodes - viviam uma vida escandalosa, como foi denunciado pelo João Batista. Até mesmo os sacerdotes do templo falavam em nome de Deus, mas estavam mais preocupados com seus próprios interesses do que em animar a fé do povo.

As autoridades falavam muito de Deus, mas era tudo enganação. Por isso, a espiritualidade das pessoas foi esfriando aos poucos e muitos deixaram de praticar sua fé.

Nesse contexto surge João Batista. Ele é filho de um ex-sacerdote do templo, que renunciou os seus privilégios como sacerdote do templo.

O que se sabe de João Batista é que ele viveu muitos anos no deserto. Sua vida era muito austera. Dormia em cavernas, se vestia com peles de camelo, - ao estilo dos velhos profetas - e se alimentava de insetos e de mel. João Batista não fazia milagres, não realizava curas, aliás ele não trouxe uma solução mágica para os problemas de ninguém. No entanto, sua maneira de viver e sua maneira de falar de Deus chamou a atenção das pessoas.

Ele falava duro, dizia que as pessoas eram hipócritas. Ele dizia:
a) Deus virá para castigar as pessoas e o fim da história está próximo;
b) o povo de Israel e as lideranças se desviaram de Deus e agora elas serão castigadas pelo fogo do juízo de Deus;
c) para escapar do castigo de Deus era preciso mudar de atitudes, deixar-se batizar e fazer o bem a todas as pessoas.

No tempo de João Batista, a religião oficial dizia que para pedir perdão pelos pecados bastava apenas oferecer um sacrifício no templo. Os mais ricos ofereciam bois e ovelhas. Os mais pobres ofereciam pequenos animais, como as pombas.

Mas João Batista dizia que para começar uma nova vida era necessário apenas fazer o bem aos outros. A religiosidade que João Batista propôs era que cada pessoa voltasse para o lugar de onde veio e ali começasse a fazer o bem para outras pessoas. Deus deseja que você faça o bem lá onde Deus te colocou. E como um sinal de que a pessoa assumia esse compromisso com Deus de começar uma nova vida, João Batista então convidava as pessoas ao Batismo.

Esse João Batista chamou a atenção de muitas pessoas. Muitos jovens que já haviam perdido a fé na religião oficial, voltaram a encontrar-se com Deus. Ele também chamou a atenção do jovem galileu chamado Jesus de Nazaré, que viajou mais de 100km até o vale do Rio Jordão para ouvir o profeta do deserto. Nós sabemos que o próprio Jesus aceitou esse desafio de mudar de vida e deixou-se batizar por João.

Mas, as palavras e atitudes desse João Batista chamaram também a atenção das autoridades. Por isso, mandaram alguns sacerdotes e levitas para que investigassem esse João Batista. Quem ele era, de onde vinha, a que grupo pertencia? É sempre assim: Para atacar alguém é preciso identificar essa pessoa com um grupo, com um partido, com uma religião, com um movimento. Mas João Batista rechaça qualquer identificação. Ele não é de nenhum grupo. Ele diz que ele é um João Ninguém, alguém que veio somente para preparar o caminho, e falar daquele que virá.

João Batista nos está oferecendo um bom conselho para esse tempo de Natal e Ano Novo. Se você quer mostrar o caminho de Deus para alguém, não coloque dificuldades no caminho dessa pessoa, ajude a aplainar as dificuldades, ajude a endireitar os caminhos para que a pessoa não se desvie, demonstre com suas atitudes que além ter fé em Jesus é preciso também querer ter a fé de Jesus. Portanto: ter fé em Jesus e esforçar-se para ter a fé de Jesus.

Conta-se que no ano de 1914 – em plena I Guerra Mundial – aconteceu a Trégua de Natal (em alemão, Weihnachtsfrieden) entre os exércitos britânicos e alemães na região hoje pertencente a Bélgica. Durante a semana que antecedeu o Natal, soldados alemães e britânicos trocaram saudações festivas e canções entre suas trincheiras; Eles chegaram a trocar presentes com os seus inimigos e entoaram cantos natalinos cada qual escondido em sua trincheira. Um grupo de soldados britânicos e alemães chegou até a jogar uma partida de futebol.

Portanto, também nós hoje podemos dar uma trégua em nossas batalhas. Não nos desgastemos com discussões. Nesse tempo de Natal e Ano Novo façamos algo bem diferente. Seja por internet ou presencialmente, renunciemos a todo tipo de ofensas e discussões. Vamos parar as correntes do mal. É melhor demonstrar atitudes de solidariedade. Seja generoso com os outros, mostre que você é capaz de fazer coisas boas por causa da sua fé em Deus e por gratidão a Deus. Ouçamos o que diz João Batista: Deus quer que vivamos uma nova vida e Aquele que há de vir, já está no meio de nós.
Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai e a comunhão do Espírito Santo, estejam com você. Amém
 

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