Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai – que nos ama e nos cuida com amor de mãe, e a comunhão do Espírito Santo estejam no meio de nós. Amém.
Oremos: Senhor Jesus Cristo, agradecemos o teu imenso amor por nós e pedimos-te: vem nos ensinar através da tua palavra. Pela força do Espírito Santo alimenta a nossa fé em ti e fortalece-nos para um testemunho claro através de palavras e ações. Amém
Leitura de 1 Pedro 3.13-22
Prezada Comunidade
Estimados rádio ouvintes:
A Primeira Carta de Pedro foi escrita no final do primeiro século (nos anos 90). Desde o grande incêndio em Roma no ano 64 (causado por ordem do imperador Nero) as comunidades cristãs foram perseguidas por mais de dois séculos. Tudo que acontecia de ruim na sociedade, era atribuído aos pequenos grupos de cristãos. A maioria dos textos do Novo testamento foram escritos durante esse período de perseguição. No caso da carta de 1 Pedro ela foi escrita nos anos 90, durante o governo do Imperador Domiciano e ela foi escrita para cristãos vindos do judaísmo e também pessoas de outras religiões que foram “eleitas” por Deus (1 Pedro 1.2), isso é, que entraram na Comunidade através do batismo.
As pessoas cristãs a quem a Carta de Pedro se dirige estão divididas entre um grupo que não entende porquê não se pode ser cristão e adorar os deuses romanos ao mesmo tempo. Afinal, seria até bom ficar de bem com as autoridades, livrar-se da perseguição e ainda contar com a proteção de vários deuses contra as ameaças da Natureza. As religiões pagãs – de onde vieram muitas pessoas que agora eram cristãs - invocavam seus deuses para proteção individual. As pessoas ofereciam sacrifícios aos deuses para que eles respondessem com proteção.
O outro grupo era de cristãos vindos da religião judaica, que lembravam que desde o tempo do dilúvio Deus fez uma aliança com a humanidade. Por isso, sempre que o ser humano tiver comunhão e respeito com a terra e com a natureza não há o que temer. A natureza somente será agressiva se ela for maltratada.
Portanto, as comunidades cristãs não grupos onde todo mundo pensava a mesma coisa. Havia divergência religiosas e também diferenças em relação ao que acontecia na sociedade e na politica.
Se hoje em dia está dificil manter uma comunidade unida, diantedesses mesmos conflitos, como foi possivel que as pequenas comunidades cristãs sobrevivessem a esses conflitos?
O primeiro ponto de unidade entre as comunidades cristãs foi dizer que na religião de Jesus - as pessoas conseguem as bençãos de Deus se elas forem uma benção para os outros.
Não é necessário fazer sacrifícios a Deus. Deus é um Pai bondoso e misericordioso. Ele entende que as pessoas são fracas e que fazem muitas coisas erradas. Mas, mesmo assim esse Pai bondoso quer construir com essas pessoas um novo Povo de Deus. No Antigo Testamento os israelitas eram o Povo de Deus. Agora no Novo Testamento, as comunidades cristãs são o novo povo de Deus. Deus cuida, protege, ampara, perdoa e fortalece a essas pessoas e comunidades, para que elas sejam uma bêncãos para os outros. Para ser uma pessoa cristã, para ser uma pessoa seguidora de Jesus Cristo e membro de uma comunidade/igreja cristã é preciso ser “assim como Cristo”.
O Batismo é o ponto de partida para uma vida cristã. A pessoa a ser batizada, ela fazia um compromisso com Deus – de confessar a Jesus Cristo como Filho de Deus e nosso Senhor e Salvador, e ao mesmo tempo se comprometia a viver uma nova forma de vida, com 3 atitudes fundamentais: as pessoas batizadas (1) se apoiam uns aos outros, (2) partem o pão e (3) praticam a espiritualidade e a oração. Essas três coisas fazem parte da identidade cristã – elas são sinais de unidade na igreja - e por isso devem estar presentes em todas as igrejas e em todas as pessoas batizadas.
Portanto, as comunidades cristãs era um grupo que – apesar de pequeno e de perseguido pelas autoridades – eles se diferenciavam dos outros grupos na sociedade. Eles não faziam sacrifícios aos deuses, porque “O próprio Cristo sofreu uma vez por todas pelos pecados ... para levar vocês a Deus” (3.18). Portanto, a pessoa batizada já está perto de Deus, ela está no campo de proteção e de bençãos de Deus.
Para receber as bençãos de Deus, não precisam fazer sacrifícios de animais, como antigamente. Agora, como cristãos, eles passam a ter o mesmo cuidado de Deus que Jesus teve. As pessoas batizadas podem estar certos da presença, do acompanhamento, do conforto e do consolo de Deus e da promessa da ressurreição.
E esse cuidado, essa proteção vem do céu. Pois, Jesus Cristo - o Filho de Deus - foi para o céu e está sentado à direita de Deus (3.22), a quem estão submissos os anjos, as autoridades e os poderes do céu.
Portanto, não faz nenhum sentido querer sacrificar aos deuses romanos em troca de proteção, pois é Jesus que tem o poder sobre todas as coisas. A pessoa batizada está sob o cuidado e a proteção de Deus.
Portanto, a água do batismo não é para lavar a sujeira do corpo, mas é um compromisso com Deus o qual vem de uma consciência limpa (3.21). Quando a carta de Pedro fala em ter um compromisso com Deus e manter a consciência limpa, ela quer enfatizar que não se pode ser fiel a Deus dentro da igreja e infiel a Deus no dia-a-dia.
Esse tema da consciência limpa e da lealdade a Jesus Cristo entrou nas primeiras comunidades cristãs por conta do medo diante dos acontecimentos daquela época. O ambiente político do império romano era um ambiente de conspiração e de traição. A maioria dos imperadores foram assassinados. Por isso, os governantes conviviam com a permanente suspeita da traição. E – nos tempos antigos - a religião sempre foi usada politicamente. Por isso, fazer sacrifícios aos deuses romanos e em nome do imperador, era muito mais um símbolo de lealdade política do que um símbolo religioso. Desde muito cedo, a igreja cristã precisou afirmar que a autoridade única e soberana para uma pessoa batizada é Jesus Cristo. A pessoa cristã não deve divinizar outras autoridades além de Jesus Cristo. Nós devemos lealdade, somente aos ensinamentos de Jesus Cristo.
Mas, no tempo em que a maioria dos livros do Novo Testamento foi escrito, quem se recusasse a fazer esses sacrifícios e prestar juramento de lealdade ao imperador como seu único Senhor, essa pessoa era considerada um traidor e um inimigo do imperador. Por isso, as comunidades cristãs foram perseguidas por mais de 200 anos.
Muitas pessoas cristãs foram presas e obrigadas a apostatar. APOSTATAR, esse foi o termo bíblico para se referir àqueles(as) que fraquejaram, que não aguentaram a pressão e abandonaram a fé cristã. Depois de ser presa e torturada, a pessoa cristã era levada até uma praça, onde deveria fazer um sacrifício aos deuses romanos, deveria expressar lealdade absoluta ao imperador e renunciar a fé cristã dizendo uma maldição contra Jesus Cristo. Fazendo isso, ela seria libertada. Nessa hora, muitos cristãos apostataram, isto é, abandonaram a fé cristã para salvar suas vidas e de seus familiares. Mas houve aqueles que aquelas que depois de presos e torturados não renunciaram a Jesus Cristo. Essas pessoas diziam, como renunciar a Jesus Cristo, se ele está sentado do lado direito de Deus, se Jesus tem todo o poder, governando os anjos, as autoridades e os poderes do céu?
Mas, como foi possível que as pequenas comunidades cristãs sobrevivessem diante de tamanha perseguição?
Os tempos de perseguição do Império Romano deixaram muitos mártires nas igrejas, muitas crianças órfãs e muitos velhos ficaram sem o cuidado dos filhos e filhas. Mas – mesmo assim – os relatos do Novo Testamento nos dizem que nas comunidades cristãs não havia meninos e meninas de rua ou velhos abandonados nas praças. Entre eles não havia necessitados, diz Atos dos Apóstolos 2.43-47). Diante da necessidade de alguma pessoa, sempre havia alguém disposto a ajudar e dividir o seu dinheiro com a pessoa necessitada.
Quando as pessoas na igreja reconhecem a Jesus Cristo como única autoridade e seguem os seus ensinamentos, então podem haver diferenças de opinião, mas os conflitos desaparecem.
Pessoas batizadas tem um compromisso com Deus e com Jesus Cristo. E elas serão conduzidas pelo Espírito Santo. As atitudes das pessoas batizadas devem corresponder aos ensinamentos do seu Senhor. Por isso, nos momentos de divergências nas primeiras comunidades cristãs, o ponto de consenso, de união era: Pessoas batizadas em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (1) são pessoas que se apoiam uns aos outros, (2) são pessoas que partem o pão e (3) e são pessoas que praticam a espiritualidade e a oração.
Esse é o caminho, esse é o segredo para superar conflitos. É nisso que devemos investir nossas energias como pessoas batizadas. Ouçamos também nós esse chamado que nos vem da Palavra de Deus.
Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai – que nos ama e nos cuida com amor de mãe, e a comunhão do Espírito Santo permaneçam no meio de nós. Amém.
Pastor Nilton Giese
Christuskirche – IECLB – Curitiba/PR