Marcos 9.2-9
Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai – que nos ama e nos cuida com amor de mãe, e a comunhão do Espírito Santo permaneçam no meio de nós. Amém.
Leitura do Evangelho de Marcos 9.2-9
Oremos: Senhor, agradecemos o teu imenso amor por nós e pedimos-te: vem nos ensinar através da tua palavra. Que como testemunho da obra de teu Filho Jesus por nós, ela alimente nossa fé em ti e nos fortaleça para um testemunho claro através de palavras e ações. Amém
Estimados irmãos e estimadas irmãs:
Estamos hoje no último domingo após Epifania. Epifania significa Revelação de Deus. Deus revela ao mundo o seu Filho Jesus Cristo. Por isso, Epifania nos convida a falar de Deus de maneira concreta. Devemos falar de como Deus se manifesta concretamente na vida e na história.
E nesse último domingo de Epifania, somos lembrados da transfiguração de Jesus. Os capítulos anteriores do Evangelho de Marcos relatam as intensas atividades de Jesus. Todos queriam um milagre, uma cura, todos tinham um demônio para Jesus expulsar. Parece que Jesus tinha que provar – a cada momento – que ele era o Filho de Deus e que ele tinha poder sobre o mal. Um pouco antes desse texto da transfiguração, Jesus já parecia agotado e precisava de um pouco de paz. Por isso, ele foi para o norte, para o estrangeiro, para o país vizinho que hoje conhecemos como Líbano (Mc 7.24). Ali Jesus entrou numa casa e não queria que ninguém soubesse que ele estava ali. Mas não teve jeito. Uma mulher daquele lugar também queria um milagre para sua filha. Jesus até respondeu de forma grosseira ao pedido dessa mulher: Não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorros (Mc 8.27). Mas a resposta daquela mulher comove a Jesus: Ela não precisava de todo um pão. Ela só pede algumas migalhas de Jesus: Até os cachorrinhos que ficam debaixo da mesa comem as migalhas de pão que as crianças deixam cair (Mc 8.28). Em seguida Jesus curou (à distância) a filha daquela mulher.
Por isso, podemos imaginar que nessa altura do Evangelho de Marcos, Jesus já estivesse bem cansado e até irritado, pois mesmo tendo feito muitos milagres, ele ainda precisava - sempre de novo - enfrentar os ataques dos fariseus e a incompreensão e a falta de fé dos seus próprios discípulos. É esse Jesus cansado que sobe o monte Tabor. Ele precisa de um retiro, ele precisa sair do seu contexto, de sua rotina. Ele precisa orar e pensar sobre o sentido disso que ele está fazendo na terra.
Lá em cima, acontece uma metamorfose. Sua aparência humana marcada pelo cansaço, pela irritação, pela poeira, pelo desânimo... tudo isso desaparece e aparece um Jesus iluminado, como ele realmente é, como Deus o vê. Junto a ele aparecem outros dois grandes líderes que também tiveram uma fé engajada com a realidade: Moisés e Elias. Eles conversam com Jesus, eles reanimam a Jesus.
Os discípulos de Jesus acham isso tão maravilhoso que não querem mais sair dali. Eles queriam ficar naquele pedaço do céu. Não queriam mais voltar para casa, para o seu dia a dia. E enquanto conversam com Jesus, uma forte neblina toma conta da montanha. Eles não conseguiam enxergar nada. Mas, ouviram uma voz que disse: Este é o meu Filho amado, a ele ouvi (v.7). Era a voz de Deus falando com eles.
Essa voz também nos quer dizer ainda hoje que somente podemos falar de Deus a partir de Jesus Cristo. A vontade de Deus não pode ser reconhecido em nada mais – somente nos ensinamentos de Jesus Cristo. Portanto, para conhecer a Deus devemos escutar e olhar para Jesus Cristo.
Em Jesus Cristo, Deus quer estar presente na vida das pessoas! Os padecimentos humanos e o sofrimento da Criação de Deus precisam ser enfrentados e superados com confiança e com perseverança. Jesus se cansava de tanto falar de Deus e de ajudar as pessoas. É isso que ele espera também de nós. Jesus enfrentava o sofrimento com confiança em Deus.
Jesus veio para dizer e mostrar que Deus não fica distante, mas que ele abriu o céu e desceu para a terra e vai ao encontro das pessoas que sofrem. E isso não é mérito de nenhum de nós.
Ele sabe de nossa pouca fé, que geralmente estamos cheios de dúvidas, de medo, de desespero, mas mesmo assim, Ele não nos rejeita. Ele sabe que temos poucos méritos, ele nos conhece profundamente, sabe o que passa dentro de nossa cabeça e de nosso coração. Mesmo assim, ele não nos rejeita, mas vem ao nosso encontro para nos dizer: Quero estar ao teu lado nessa tua difícil jornada. Quero estar ao teu lado na luta contra essa doença. Saber disso acalma o nosso coração e renova a nossa fé. Saber que nosso Jesus está presente.
Assim como Jesus se sentiu cansado e procurou revisar sua presença nesse mundo, consultando os profetas e a Deus no monte Tabor, assim também nós precisamos constantemente desses momentos de avaliação da nossa caminhada pastoral, do nosso compromisso com uma prática pastoral engajada. Os dias de hoje são muito desgastantes para os discípulos(as) de Jesus. O ódio social ridiculariza quem quer viver a fé de Jesus. Estamos atravessando um período de turbulência, com fortes ventos contrários e mar agitado, tempos de medo e de cansaço. Alguns colegas de caminhada até já desistiram. Mas, nesse domingo da transfiguração, aprendemos de Jesus, Moisés e Elias – que ainda podemos encontrar ajuda em Deus, para avaliar nossa prática pastoral. Os momentos de oração, de retiro espiritual são necessários para que nos mantenhamos no caminho de Deus.
Os Evangelhos nos contam que Jesus viveu no meio das pessoas e ele conheceu os problemas dessas pessoas. Ele deu atenção aos problemas das pessoas, mas Jesus também se preocupava com o comportamento das pessoas depois de receberem a cura ou o milagre de Jesus.
Nessa semana, na próxima quarta-feira começa o tempo da Quaresma que vai até o Domingo de Ramos. E nesse ano, aqui no Brasil somos convidados para participar da Campanha da Fraternidade Ecumênica. Normalmente essa é uma campanha somente da Igreja Católica Romana, mas nesse ano ela foi preparada para que outras igrejas também possam participar. O tema será: Cristo é a nossa paz. Do que era dividido fez uma unidade (Ef 2.14). E a Campanha convida as pessoas cristãs de todas as igrejas praticarem gestos de fraternidade e diálogo – com o objetivo de fomentar em todos nós um compromisso com a prática do amor, ensinada por Jesus. Jesus Cristo nos ensinou que Deus quer estar presente na vida das pessoas! Os padecimentos humanos e da Criação de Deus precisam ser enfrentados e superados com confiança, com perseverança. O compromisso de amor das igrejas pode transformar muitas situações de sofrimento.
A Campanha da Fraternidade Ecumênica vai convidar as igrejas a colocarem a mensagem de Jesus acima das divergências doutrinais. E a mensagem de Jesus é que as pessoas de todas as igrejas que não se resignem e nem cruzem os braços diante da sofrimento, da maldade, das injustiças e da depredação da boa Criação de Deus, mas que demonstrem cuidado, acolhida, aceitação, que expressem suas opiniões de forma positiva, para que pensemos mais no bem-comum e assim possamos viver a fé de Jesus.
Lembremo-nos que para fazer a vontade de Deus, precisamos constantemente ter momentos de oração e de avaliação da nossa prática pastoral à luz dos profetas e dos ensinamentos de Jesus. Nesses momentos de retiro, de oração. Jesus quer transformar também a cada um e cada uma de nós em seus seguidores, para que assim nós consigamos transformar os sofrimentos nesse mundo. Deixemos que Jesus seja o nosso bom pastor.
Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai – que nos ama e nos cuida com amor de mãe, e a comunhão do Espírito Santo permaneçam no meio de nós. Amém.