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O Antigo Testamento ensinava as pessoas a lei de Deus. Para os líderes da religião judaica, o importante é temer a Deus e obedecer as leis de Deus. Mas o Antigo Testamento não ensinava as pessoas a amar a Deus. É isso que Jesus veio ensinar: amar a Deus.
Esse ano de 2017 foi muito difícil para muitas pessoas. Aconteceram casos de doença na família, falecimentos, desemprego, Uma pesquisa perguntou qual seria a palavra apropriada para definir o que aconteceu com você durante o ano de 2017? De forma impressionante a maioria das pessoas disse: GRATIDÃO. Não era gratidão pelas crises, ou ao governo, pelas autoridades. A palavra gratidão se refere somente a Deus, que – apesar do governo, do desemprego, da doença, Deus nos conduziu por todas essas dificuldades e nos deu um olhar de esperança.
No Evangelho de Lucas que ouvimos, Maria e José foram cumprir o que a Lei mandava depois do nascimento de uma criança. A criança deveria ser levada ao templo e os pais deveriam fazer um sacrifício. Os mais pobres sacrificavam somente duas rolinhas ou dois pombinhos, porque o dinheiro só dava para isso. Mas o sacrificio era necessário, porque era isso que a Lei mandava.
E lá no templo, Maria e José se encontram com duas pessoas idosas: Simeão e Ana. Apesar de suas idades, essas duas pessoas estavam esperando algum sinal de Deus de que as coisas seriam melhores no futuro. Não se sabe muito deles. Talvez fossem pessoas que diziam coisas sobre o futuro das pessoas. O certo é que quando Simeão e Ana viram o bebê Jesus, tomaram a criança no colo e disseram que através desta criança Deus estava começando algo novo. Disseram que essa criança vai se destacar por sua inteligência, por seu humanismo e pelo seu profundo sentido de misericórdia e de justiça. Os doutores da Lei vão ficar de boca aberta diante da sabedoria dessa criança. Para alguns, essa criança será realidade de salvação mas, para outros, ela vai despertar muito ódio. Essa criança vai crescer e vai expulsar a todos os mercadores do tempo – esses que vendem animais para o sacrifício. Ele vai condenar esse tipo de religiosidade sacrificial e vai condenar também a usura. Esse menino sempre vai estar do lado dos mais fracos, dos pobres, dos doentes, dos marginalizados. Ele vai condenar a hipocrisia dos piedosos e o esforço dos governantes em aprovar leis anti-populares, feitas somente com o objetivo mostrar sua fidelidade ao império romano. Suas palavras serão ouvidas por bilhões de pessoas ao longo da história. Mas, .... ele não vai viver muito tempo sobre a terra. Muitas pessoas falarão contra ele e um dia a tristeza vai cortar o coração de Maria pela forma em que esse menino será morto. Ele vai ser preso, humilhado, torturado e sentenciado à morte.
No entanto, os seus ensinamentos de amor, de misericórdia, de gratidão e de generosidade terão muitos seguidores. Os seus seguidores terão o mesmo comportamento, o mesmo pensamento de Jesus: vão ser pessoas agradecidas a Deus e vão expressar essa gratidão sendo também generosas com o seu semelhante e com a Criação de Deus.
Os primeiros seguidores de Jesus foram chamados de apóstolos e entre eles estava o apóstolo Paulo. Os apóstolos criaram uma organização chamada igreja, pois não basta ter boas ideias e boas intenções, é preciso construir também organizações capazes de converter essas boas ideias e intenções em ações concretas. Por isso, a igreja deve se orientar exclusivamente pelo exemplo e pelos ensinamentos de Jesus. Na carta aos Gálatas o apóstolo Paulo enfatiza que a igreja deve ser uma organização diferente da religião judaica, que ao invés de impor a obediência individual a lei, deve enfatizar o contrário: Deve dizer que Deus enviou o Espírito de seu Filho ao nosso coração para que outras pessoas sejam atraídas a Deus através de nossa forma de vida. Portanto a igreja deve ser o lugar onde o mais importante é o amor, a solidariedade, a gratidão a Deus manifestada em generosidade com o seu semelhante.
Simeao e Ana reconheceram que em Jesus estava começando um novo tempo de Deus. Também hoje, na virada de ano há uma expectativa que 2018 sejá um novo tempo, um tempo onde aconteça a solução mágica para os problemas, o fim de todos os males, a irrupção da paz. Apontam para isto a frase que mais se ouve: “Feliz Ano Novo, com muita paz, saúde e amor!”, as receitas de culinária e o foguetório.
No entanto, a partir do testemunho bíblico de hoje, ouvimos que o novo tempo a partir de Jesus não será algo mágico. A transformação requer de esforço, dedicação, paciência, perserevança e até de sacrifício. Como filhos e filhas de Deus, Deus nos quer como sujeitos nesse movimento que permite o florescimento da paz.
Como será o ano de 2018? Muitas pessoas dizem que ele não vai ser muito diferente do ano de 2017. As denúncias de corrupção ainda não acabaram. Por ser um ano eleitoral, os políticos vão se vestir de ovelhas para convencer eleitores. Vamos ouvir o sujo falando do mal lavado. As mensagens de ódio vão se multiplicar enormemente. E tudo isso será um desafio para nós que somos seguidores(as) de Jesus. De quem seremos mensageiros nesse ano? Dos que propagam mensagens de ódio, ou vamos ser mensageiros de Jesus? Como as pessoas nos verão? Como trigo ou como joio? Conforme o tema de nossa igreja, vamos ter de mostrar quem é o nosso Senhor. Portanto, 2018 não será um ano mágico, onde todos os nossos problemas vão se resolver. Mas ainda assim – será um ano em que poderemos ser felizes.
O Papa Francisco certa vez falou assim sobre como será o futuro:
“Os rios não bebem sua própria água; as árvores não comem os seus próprios frutos,; o sol não brilha para si mesmo, as flores não espalham fragrância para si. Viver para os outros é uma regra da Natureza. A vida é boa quando você está feliz; mas Jesus nos veio dizer que a vida é muito melhor quando os outros estão felizes por sua causa”.
Portanto, a felicidade em 2018 não depende um novo ano, mas depende de nossas atitudes nesse novo ano. Pois, se cada um de nós conseguir melhorar a sua forma de pensar e de agir – então certamente vamos conseguir então melhorar o mundo todo.
Amém.