Senhor, meu Deus, quando eu maravilhado

Comentário e Reflexão

29/06/2012

HPD nº 254 – Senhor, meu Deus, quando (Quão Grande És Tu)

Letra: Carl Gustaf Boberg (1859-1940) . Música: Melodia folclórica sueca.

A história deste hino começa na Suécia. Era um dia quente de verão de 1885, Carl Gustav Boberg e outros da sua cidade foram a uma reunião que se realizaria a duas milhas ao sul de Monsteras. De volta para casa, desabou uma tempestade; os raios riscaram os céus e os ventos sopraram sobre as plantações. Em apenas uma hora a tempestade cessou e o arco-iris apareceu! Chegando em casa, Boberg abriu a janela e viu o estuário que ficava em frente à sua casa, como se fosse um límpido espelho. Repetiu, então, baixinho, os versos de Nicander: Bem vinda, ó brilhante tarde; Bem vinda, calma e linda.

Da outra banda do rio ouviu o canto dos pássaros no bosque. Tinha havido um funeral naquela mesma tarde e, de longe, podia ser ouvido o repicar dos sinos, na quietude daquele entardecer. A atmosfera e a beleza da paisagem tocaram a mente poética de Boberg e ali encontrou expressões para escrever o hino que conhecemos como Quão Grande és Tu (HPD nº 254: Senhor, meu Deus, quando eu maravilhado)

Em 1891, Boberg, sendo editor de um daqueles periódicos, publicou o seu hino com aquela melodia folclórica sueca.

É interessante notar que já em 1910 este hino havia sido traduzido para o português, pelo ilustre hinólogo Dr. João Gomes da Rocha, tradutor de inúmeros hinos, e foi publicado no hinário Louvores, em 1938, pelo Centro Brasileiro de Publicidade Ltda. Esta tradução constava de dez estrofes e coro (cf. Se os Hinos Falassem, Vol.1). São conhecidas mais de 17 traduções deste hino em língua portuguesa.

Em 1907 apareceu uma versão em alemão, feita por Manfred Von Glehn, residente na Estônia. Mas em 1927, outro pregador russo, Ivan S. Prokhanoff, conhecido como o Martinho Lutero da Rússia moderna, publicou uma versão em russo, a qual foi incluída no hinário chamado Kimvale (Címbalos), uma coleção de hinos traduzidos de várias línguas.

A tradução para o inglês tem sua própria história:

Em 1923, o inglês Stuart Keene Hine, um dos mais dinâmicos e dedicados missionários, deixou a Inglaterra, a sua terra natal, e foi com sua esposa anunciar o Evangelho na Ucrânia. Ali conheceram a versão russa de Grandioso és Tu, logo que havia sido publicada por Ivan S. Prokhanoff. O Sr Hine e sua esposa não sabiam, ainda, que o mesmo havia sido escrito originalmente em sueco. Eles apenas recordam-se de que o cantavam em dueto em campanhas evangelísticas.

Na pequena vila mais próxima das montanhas, na qual o autor subiu, ali mesmo ele pôs-se em pé na rua, cantou um hino Evangélico e leu, em voz alta, o capítulo três do Evangelho segundo João. Entre os atenciosos ouvintes que se aproximaram estava o mestre-escola (professor primário) daquela vila russa. Naquele momento foi-se formando uma grande tempestade e, não tendo o missionário onde se abrigar, o professor russo, que se tornara amigo, ofereceu-lhe hospedagem.

Como foram inspiradores aqueles potentes trovões, ecoando através das montanhas! Foram aquelas impressões que deram origem à primeira estrofe do hino em inglês:

Senhor, meu Deus! Quando eu, maravilhado,
Considero as obras feitas por Tua mão,
Vejo as estrelas, ouço o trovão potente,
O Teu poder demonstrado através de todo o universo:
Então minha alma canta a Ti, Senhor,
Quão Grande és Tu! Quão Grande és Tu!

Prosseguindo, o escritor atravessou a montanha fronteiriça com a Roménia, e lá, nas Bukovinas, (a terra das frondosas faias) encontrou alguns crentes. Juntamente com os jovens, passeou entre as clareiras dos bosques e florestas e ouviu os pássaros cantando suavemente sobre as árvores. Como que instintivamente, todos começaram a cantar o hino Quão Grande és Tu, traduzido por Ivan S. Prokhanoff, acompanhados de bandolins e violões.

Assim, inspirados parcialmente pela letra em russo e parcialmente pela visão de todas as obras feitas pela Tua mão, as estrofes seguintes foram surgindo, em inglês!

Quando eu vagueio pelas matas e clareiras na floresta,
E ouço pássaros a cantar nas árvores docemente;
Quando olho desde a grandeza da montanha altaneira
Ouço o riacho e sinto a suave brisa:
Então minha alma.....

Contudo, pouquíssimos daqueles habitantes dos Montes Cárpatos, que viram ao seu redor as maravilhosas obras das Tuas mãos, sabiam algo a respeito da salvação que aquele mesmo Deus grandioso havia providenciado - a grande obra mencionada na terceira estrofe. Esta foi inspirado pelo seguinte fato:

Enquanto o missionário distribuía folhetos, de vila em vila, numa distância de 120 milhas, deparou com uma notícia surpreendente: Há um homem que já possui uma Bíblia, a somente 20 milhas daqui, disse alguém. Esta novidade levou o irmão Hine a dirigir-se à humilde casa dum homem chamado Dimitri. A saudação cristã do missionário causou grande surpresa e alegria ao hospedeiro, pois antes, apenas dois outros crentes o haviam visitado, tendo ousado atravessar aquelas montanhas!

E, como foi que Dimitri veio a conhecer a Cristo?

Dezenove anos antes, os exércitos Czaristas invadiram os Cárpatos e a vila onde Dimitri morava ficava bem no limite. Na pressa em retirar-se, um soldado russo deixou a sua Bíblia para trás. Porém, ninguém, na pequena vila, sabia ler, e, assim, a Bíblia ficou guardada até o dia da visita do Sr. Hine!

A esposa do Sr. Dimitri foi a primeira a aprender a ler e, como uma criança que está aprendendo as primeiras sílabas, começou a soletrar em voz alta para todos os vizinhos admirados, as palavras de João 3.16: Por- que Deus a- mou o mun - do de tal ma - nei - ra ....Lentamente, mas com perseverança, ela soletrava em voz alta, a mais maravilhosa história já ouvida, até chegar ao relato da crucificação, Foi aí que as lágrimas começaram a rolar e, homens e mulheres, com os joelhos dobrados, invocaram a Deus em voz alta!

Cerca de 12 pessoas foram realmente convertidas e o irmão Hine chegou justamente naquele momento e pôde ouvir o clamor de todos juntos, cada um expressando (inconscientes da presença dos demais) a sua profunda admiração por verem, pela primeira vez, a revelação do amor de Deus manifestado no Calvário.

Eis o que diz a terceira estrofe (na versão em inglês):

E quando penso que Deus não poupando a Seu Filho,
Enviou-O para morrer, - mal posso entender
Que sobre a cruz, suportando de bom grado o meu fardo,
Verteu Seu sangue e morreu a fim de tirar o meu pecado

A quarta estrofe só apareceu após a segunda guerra mundial, durante a qual o casal Hine teve de transferir a sua residência para a Grã Bretanha. No ano de 1948 o país foi superlotado com a entrada de 100.000 refugiados de guerra, acrescidos aos 165.000 poloneses que lá já se encontravam. Quando um crente vindo de um país soviético foi visitá-los e deu-lhes oportunidade de fazer qualquer pergunta, um deles perguntou, expressando o desejo do coração de todos:

Quando vamos para o lar?

Que melhor mensagem poderia ser dada àquelas pessoas sem lar, do que a que anuncia Aquele que foi preparar um lugar para os desabrigados, o lar celestial oferecido a quantos O receberam como Salvador e Senhor? Um russo foi convertido na Inglaterra e estava profundamente pesaroso por não poder dar a alegre notícia à sua esposa. Esta confessara o Senhor, a quem ele, naquela ocasião, não quis receber, e depois disso eles foram separados por causa da guerra, perdendo totalmente o contacto um com o outro. Agora ele anelava pelo dia quando Cristo vier e levar-me ao lar, onde ela teria a grata surpresa de encontrar a esposo querido.

Inspirada por estes fatos, nasceu a quarta estrofe (na versão em inglês):

Quando Cristo vier com brado de aclamação
E levar-me ao lar - que gozo encherá meu coração!
Então me prostrarei em humilde adoração
E proclamarei: Meu Deus, quão grande és Tu!

Nosso irmão Stuart Hine, já idoso, em correspondência com o irmão Luiz Soares, forneceu os dados históricos deste hino tão belo, que se tornou tão popular através da sua excelente versão. O Irmão Hine examinou e aprovou a tradução de Quão Grande és Tu, feito pelo irmão Luiz Soares para Hinos e Cânticos, onde devidamente autorizada, aparecerá com o número 467. A música trará o arranjo do próprio Hine.

Fonte: http://www.refrigerio.net/hinos14.html
 


Autor(a): Leonhard Creutzberg
Âmbito: IECLB
Hino: 254. Senhor, meu Deus, quando eu
Título da publicação: Hinos do Povo de Deus Comentados / Ano: 2012
Natureza do Texto: Música
Perfil do Texto: Comentário ou reflexão sobre hino
ID: 15503
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