Deus, teu amor é qual paisagem bela

Comentário e Reflexão

29/06/2012

HPD nº 176 Deus, teu amor é qual paisagem bela

Guds kärlek är som stranden och som gräset

“O amor de Deus é como a praia e como o capim verde é um hino de Anders Frostenson de 1968. A melodia [Ré-maior, 2/2 (bossa nova)] foi composta por Lars Åke Lundberg no mesmo ano. A tradução em português agradecemos ao pastor Cláudio Molz.

Em cada uma das quatro estrofes se repete-se o estribilho “O amor de Deus é como a praia e grama verde / é vento e a amplitude e um infinito lar”. A formulação que o amor de Deus seja como grama despertou inicialmente certa oposição, já que na Bíblia a grama (ou relva) é vista como sinônimo de extinção, morte (p.ex. Salmo 103,15+16; Isaías 40,6+7). Muitos não entendiam qual a simbologia que o hino leva, a saber - ressaltar a liberdade com que o imenso amor de Deus nos tem presenteado.

Pois o acento neste hino não está na grama verde que vai murchar. Note, quantas vezes neste hino aparecem os termos livre, liberto, liberdade. Quem já esteve a beira mar responda a pergunta: O que é característico, ou o que impressiona quando está sentado na praia e olha ao redor? Não é a paisagem bela? e a amplitude e vastidão do grande mar? Tudo isso não dá uma sensação de liberdade? E´ disso que o autor nos quer falar. – E Cláudio Molz acertou muito bem na tradução para o português, evitando a grama verde, ou substituindo-a pelo campo aberto, que lembra os “pastos verdejantes” do Salmo 23,2.

Veja na segunda estrofe – para que fim Deus nos libertou ? Compare com Romanos 6,18; Romanos 7,6; Gálatas 5,1; Colossenses 1,13.
A terceira estrofe: “mesmo que tenha muros entre nós” foi bem recebido na Alemanha Oriental e se cantou (em alemão) durante o movimento de liberação em 1990. Mas o auto quer lembrar o que Jesus ensinou em João 8,34-36.

A quarta estrofe volta ao tema central – a verdadeira liberdade é um presente de Deus, e absolvidos, somos livres para amar o próximo (cf. I.João 4,19).
O hino HPD nº 176 é o mais conhecido internacionalmente de Anders Frostenson, junto com “As Chamas” (linguas de fogo). O hino foi escrito na granja Brevik, situada na praia de Slätbaken. Ali Anders Frostenson trabalhou durante alguns verões. Talvez encontrou inspiração na bela natureza dos arredores.

Fonte: Wikipédia

Cláudio Molz conta o que o motivou a traduzir este hino:

a) a facilidade com que as pessoas aderiam à melodia ao serem defrontados pela primeira vez com o hino;

b) o conteúdo temático: o texto tem várias características ecológicas, colocando o ser humano dentro da natureza, inserindo-o em paisagens reais e amadas pelas pessoas em geral. O texto difunde o amor à liberdade, não transferindo a Deus tarefas que cabem a nós por sua delegação, inclusive como guardiões de espaços de liberdade e encarregados de desmontar barreiras que separam tanto mutuamente as pessoas quanto separam as pessoas de si mesmas e da sua felicidade. O texto pretende estimular a que superemos muros, dos quais o de Berlim era, na época, uma realidade brutal e exigia ser tomado em consideração.

Já houve quem acusasse o texto de propugnar uma falsa antropologia, no sentido de que dissesse que SOMOS livres por nós mesmos. Mas é justamente isso que o texto não diz. Os verbos que se usam no texto e que estão combinados com “livres” são parte da dinâmica da vida humana e não têm preocupação com idéias de essência ou algo nessa direção filosófica. A segunda estrofe é explícita nesse sentido ao usar o particípio passivo “libertos”. O autor e gerador da liberdade é, portanto, Deus, e nós somos os seus beneficiários. (Note que o hino inicia na 1ª estrofe, dirigindo nossa atenção ao amor de Deus: “Deus, teu amor é” tão grande, tão amplo, “qual campo aberto”). Além disso, a liberdade não tem um sentido aleatório: Ela visa fins específicos que são compatíveis com a vontade do libertador, cuja ação máxima não é a do juiz condenador, mas do juiz que oferta perdão e absolve, dignificando-nos para assumirmos co-responsabilidades como participantes ao lado dos demais componentes da criação.

Cláudio Molz
 


Autor(a): Leonhard Creutzberg
Âmbito: IECLB
Hino: 176. Deus, teu amor é qual paisagem
Título da publicação: Hinos do Povo de Deus Comentados / Ano: 2012
Natureza do Texto: Música
Perfil do Texto: Comentário ou reflexão sobre hino
ID: 15448
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