Um passado de lutas, uma fé marcada pela persistência. Um povo desbravador e confiante. Assim apresenta-se a Comunidade Evangélica de São José do Hortêncio, que comemora cento e cinqüenta anos do seu templo.
As comemorações iniciaram, neste domingo, dia 23, com culto festivo, celebrado pelo Pastor local, Cláudio Röhsig, juntamente com o pastor Dr. Martin Norberto Dreher, historiador e professor na Unisinos. Entre outras autoridades, contou-se com a presença de vereadores locais, o Prefeito Anibaldo Petry e o Éleo Albino Stein, representante do Sínodo. A comunidade em geral e muitos visitantes mostraram-se bastante felizes e satisfeitos com esta comemoração.
Marca tradicional também são as belas mensagens do Coral São Jacó. Desta vez não foi diferente: todos emocionaram-se ao ouvir seus louvores cantados com suas vozes inconfundíveis.
A Comunidade é conhecida pela luta de imigrantes em manter vivas sua fé e propagar o evangelho entre todos que encontram. Tiveram muitas dificuldades, pois a colonização deu-se por maioria católica. Com a chegada dos jesuítas, houve grande esforço em converter os poucos imigrantes evangélicos. Prevaleceu, pois, a perseverança, a fé e o amor em Cristo Jesus, que trouxeram de seus antepassados europeus. Prof. Dreher esclareceu que na época havia um Decreto-lei que dizia: “a religião oficial do Brasil é a Católica Apostólica Romana e outras crenças serão apenas toleradas”. Seus lugares de culto não deveriam ter qualquer forma exterior de templo, portanto, sem torre, cruz, nem sinos.
Prof. Dreher, em sua prédica, compara a vida da comunidade, sua trajetória destes 150 anos, com um barco em meio à tempestade, em meio às turbulências do mar. Jesus não prometeu uma vida sem dificuldades, pelo contrário: “as raposas têm seus covis e as aves do céu, seus ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.” (Mateus 8.20), se quisermos ser fiéis, sermos seus discípulos, devemos lembrar que não teremos uma vida fácil, poderemos sofrer perseguições e ameaças..., como aconteceu com esta comunidade no episódio dos Muckers, por exemplo. Dreher citou o hino 98 do HPD “Qual barco singra pelo mar” e o mesmo foi cantado pelos presentes com entusiasmo. Apesar de tudo, sempre houve pessoas confiantes e persistentes, que não deixaram que sua fé fosse abalada.
Para lembrar seu início, cantou-se um hino que exalta a importância do lugar de culto, na melodia conhecida de “Jesus, meine Zuversicht”, tal como no culto da inauguração.
Tem-se registros de batismo, de confirmação e de casamentos a partir dos anos de 1843, feitos pelo Pastor Klenze e que constam nos livros de São Leopoldo. No entanto, a Comunidade reunia-se já desde os primórdios da colonização, por volta de 1826. Antes do templo atual, houve um outro, de madeira, construído por volta de 1840, quase defronte à Igreja Católica.
A comunidade preocupou-se em trazer às pessoas mais jovens um pouco da história desta gente, fazendo um mural com fotografias e documentos antigos, que todos puderam apreciar, dentro da igreja.
Ao final do culto, todos dirigiram-se para o pátio da igreja, onde o Senhor Prefeito fez pequeno discurso parabenizando a comunidade e dizendo da sua alegria, do orgulho em participar desta festividade. Também descerrou uma placa comemorativa aos 150 anos. Em seguida, todos os presentes foram para o lado da igreja e fez-se uma fotografia para registrar este momento.
Enfim, todos foram convidados a reunirem-se na Sociedade São Jacó para confraternizar com um almoço festivo, muita música e alegria.
Fonte: Roseli Bauermann e Jaqueline Kich