Vida Celebrativa - Ano Eclesiástico


ID: 2654

PREPARAÇÃO PARA A PÁSCOA

27/03/2017

PREPARAÇÃO PARA A PÁSCOA


A quaresma é um tempo de reflexão e preparo para a Páscoa. Tem sua inspiração nos 40 dias que Jesus passou no deserto preparando-se para sua missão.

Baseado no fato de que Jesus se preparou para sua missão ficando 40 dias no deserto (Mateus 4.1-11), surgiu na igreja o costume de preparar-se durante 40 dias para a festa da Páscoa. Daí vem o termo Quaresma (do latim: quarenta). Portanto, é um período de preparação para a Páscoa.

Esse período inicia com a quarta-feira de cinzas e vai até o Domingo de Ramos. Cinzas são o símbolo da penitência, da tristeza, da limitação da vida humana pela morte e da futilidade da nossa vida. A prática de dar início ao tempo da Paixão com a liturgia de penitência, na qual o sacerdote coloca um pouco de cinzas sobre a cabeça dos fiéis para lembrar que o ser humano é mortal, ainda hoje está sendo celebrada pela Igreja Católica Romana.

A partir da Reforma Luterana do século XVI, houve um distanciamento da prática da penitência prescrita pela Igreja Católica. Pois, naquela época, a penitência por pecados cometidos e o perdão de Deus recebido podiam ser negociados. Quer dizer, era possível comprar com dinheiro a indulgência, não somente pelos pecados cometidos, as também pelos que ainda seriam cometidos no futuro.

Em função dessa distorção do perdão de Deus e da comercialização da graça de Deus, a Igreja da Reforma deu um outro acento à época da Quaresma.

Em suas 95 teses, que deram início ao movimento da Reforma em 1517, Lutero trata do tema das indulgências, que eram cartas assinadas pelo Papa dando o perdão dos pecados a quem as comprasse, dizendo logo na primeira tese o seguinte: “Quando nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo diz: Arrependei-vos (Mateus 4.17), ele queria que a vida inteira dos crentes fosse arrependimento”. Com isso, Lutero queria dizer que a busca pelo perdão de Deus não pode nem deve ser simplesmente negociada, comprada, nem adquirida em obediência a determinadas regras (penitências, jejuns), impostas pela igreja, que daria automaticamente o direto ao perdão dos pecados.

O que importa não é o simples cumprimento de determinadas leis/regras religiosas, mas, sim, a fé na graça de Deus, a entrega total de todo coração nas mãos de Deus, com a certeza de que Deus nos perdoa e dá nova vida por amor a seu Filho Jesus Cristo, que morreu na cruz por nós e ressuscitou. Isso Lutero descobriu nas palavras do apóstolo Paulo, na Carta aos Romanos 1.17: “O justo viverá por fé”.

O acento não está no que eu faço, mas sim no que Deus fez e está fazendo através de seu evangelho. E as minhas atitudes, o meu comportamento ético, portanto, não são uma condição para obter a graça de Deus, mas sim uma consequência, uma resposta a seu amor, uma resposta à graça que Jesus conquistou para mim através de seu sofrimento e sua morte na cruz – se eu faço o que é certo, se eu vivo de maneira correta, isto é uma atitude de gratidão a Deus, que já me deu tudo através de Jesus, jamais atitudes que iriam ser somadas para chegar diante de Deus e negociar com ele salvação.

Portanto, se a nossa igreja convida seus membros, todos os anos, para refletir sobre o sofrimento de Jesus e sua morte na cruz durante o tempo de Quaresma, a Igreja quer promover a reflexão sobre nosso relacionamento com Deus. Nós queremos, como Igreja, neste período, refletir sobre nossa vida e nos perguntar: eu estou vivendo como cristão de fato? Eu sigo os ensinamentos deixados por Deus, por Jesus? Eu estou firme na fé?

Neste sentido, nossa proposta como Igreja é que cada pessoa faça um plano de ação para a época da Quaresma, que poderá desdobrar-se em algumas ações:

1. Procure reservar todos os dias um momento para, em silêncio, refletir sobre um texto bíblico; para orar

2. Frequente mais intensivamente os cultos na sua Comunidade – tanto na quaresma como na Semana Santa,

3. Se nossa fé e a nossa ação no dia a dia são uma resposta à graça da salvação recebida de Deus, analise a sua vida à luz da mensagem da bíblia. Estou vivendo como Deus quer?

4. Faça do período da Quaresma um período especial de solidariedade, pois Isaías convida: “Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres e desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?” (Isaías 58.6,7)

Quaresma: quarenta dias de preparo, de aprofundamento, e de alegria pela nova vida que deus nos oferece na mensagem da Páscoa.

Pastor Elton Pothin
Petrópolis/RJ

 


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