Quem presenciou a ressurreição de Jesus Cristo no terceiro dia? Ninguém! No máximo os guardas romanos que protegiam o sepulcro perceberam algo, mas cairam como mortos. Assim relatam os quatro Evangelhos. Ainda mais significativo é que nenhuma das pessoas que seguiam Jesus parecem ter acreditado que ele ressuscitaria da morte.
As mulheres foram ao sepulcro para desempenhar um papel mais sanitário que de convicção de fé. Na hora da grande surpresa, como de fato aconteceu com as mulheres que foram ao túmulo de Jesus no domingo, e ao verem tudo mudado, ficaram sem saber o que pensar. Devido a distância histórica e cultural que você e eu temos destes fatos, não é surpresa que também nós fiquemos sem saber o que dizer, no que acreditar, como reagir a algo tão difícil de receber nossa credibilidade.
A pergunta sobre o que crer é tão existencial que já não deveria causar surpresa que se diga em nossos diálogos teológicos que a paixão de Cristo é uma grande hipocrisia. Se uma afirmação desse quilate não causar indignação, devemos nos perguntar o por quê ainda celebrar o Triduo Páscal, por exemplo.
Afirmar que a Paixão de Cristo — sua morte e ressurreição — é uma hipocrisia significa reduzir os feitos da cruz a um papel coadjuvante de uma religiosidade falsa e fingida. Isto significa que a fé cristã pode abrir mão da ressurreição de Jesus Cristo como um fato? A julgar pela forma como as pedras fundamentais estão sendo roladas, desestabilizando a fé simples e genuína, é urgente recuperar a base da ação em favor das coisas simplesmente duradouras e transformadoras do Reino de Deus.
Não, é impossível abrir mão do fato da ressurreição. É temeroso, mas uma realidade, reduzir a Paixão de Cristo ao patamar da falsidade como algumas discussões teológicas o fazem. Mesmo que a ressurreição não esteja baseada em uma testemunha ocular, nos ancoramos nos fatos da fé. A prova histórica é excedida pela afirmação de que a ressurreição é real pelo testemunho de fé da primeira Igreja. São estas as pessoas que tiveram a experiência indelével de se encontrar com o Ressurreto.
O testemunho inconteste da ressurreição nos faz ser Igreja. É a notícia que move seguidoras e seguidores de um poder que está além, muito além do pragmatismo humano ou das coisas que as ideias podem produzir — inclusive coisificando a teologia.
Servir ao Senhor da Paixão e Ressurreição é ser pró-ativo, a partir do Evangelho, de forma que pessoas sejam resgatadas para a dignidade da Criação. Isso tudo, mesmo quando, a princípio, nem sabemos bem em que pensar.
Desejamos um ABENÇOADO tempo de PAIXÃO E PÁSCOA!
P. Rolf Rieck
Paróquia Martim Luther - Rio de Janeiro (RJ)