Tomé entrou para a história como o discípulo incrédulo. Dizemos que aquela pessoa que costuma duvidar dos fatos é como Tomé.
Sem julgá-lo, podemos dizer que ele cometeu dois erros ou enganos. Tomé se isolou quando era hora de se reunir. Ele simplesmente não deu as caras na reunião dos discípulos no fim da tarde do domingo da Ressurreição. Tomé não ouviu Jesus dizer: Paz seja convosco. Não sentiu a alegria e a coragem que seus companheiros sentiram. Onde ele estava? Preferiu ficar sozinho, talvez em luto e tristeza pela morte do Mestre.
Como é importante estar presente quando lições fundamentais da vida precisam ser aprendidas. Assim como Jesus apareceu aos discípulos reunidos para transformar o medo em fé, Ele está conosco quando nos reunimos em seu nome, em especial no culto dominical. Não importa o tamanho do nosso desânimo, nem o marasmo gerado pelas dúvidas, Jesus garante: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” (Mt 18.20).
O segundo engano de Tomé foi aumentar suas dúvidas e insistir nas provas: “Se eu não vir o sinal dos pregos nas mãos dele, e não tocar ali, e se eu não puser minha mão onde a lança feriu Jesus, de modo nenhum acreditarei.” Tomé está decidido em suas dúvidas: nunca, jamais, acreditará!
Quando no próximo domingo, os discípulos estão novamente reunidos, e Tomé com eles, Jesus o convida a colocar seu dedo nos sinais dos pregos e na ferida. Jesus não criticou o Tomé pela falta de fé, mas o confrontou em seu próprio território. Foi iluminando as nuvens sombrias de seu pessimismo e de sua descrença. A resposta do Tomé é curta, mas profunda: “Senhor meu e Deus meu”. Três coisas ela revela:
Tomé se submete a Jesus como servo, chamando-o de “Senhor meu!” Não o chama mais de Mestre, como antes. Agora Tomé reconhece que aquele que estava morto, está vivo e é o Senhor dos senhores! Tomé reconhece Jesus é o próprio Deus. “Deus meu”. Ali está o seu Senhor ressuscitado e isso só podia ser obra de Deus mesmo. Tomé crê num Deus pessoal: Senhor meu e Deus meu”. “Este é, de fato, o Deus e Senhor de minha vida! A Ele pertenço. Ele está comigo! Nunca mais estarei só e isolado!
Não condenemos Tomé. Cada um de nós é um pouco Tomé. O evangelista João nos diz que era conhecido como Dídimo, o Gêmeo. Eu sei quem é irmão gêmeo de Tomé! Também nós tantas vezes queremos ter certezas e provas da presença de Deus. Somos convidados a crer sem ver. Dependemos do testemunho das Escrituras. E isso basta!
Eu admiro a franqueza do Tomé. Admitiu abertamente sua dificuldade em crer. Sendo francos e verdadeiros, Deus vai transformar aos poucos nossas dúvidas em certezas de fé. “Você creu porque me viu? Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram.” Amém.
P. Paulo Sérgio Einsfeld – Nova Petrópolis/RS