Vida Celebrativa - Ano Eclesiástico


ID: 2654

Mateus 6.25-33

Auxílio Homilético

06/06/2014

Prédica: Mateus 6.25-33
Leituras: Joel 2.21-33 e 1 timóteo 2.1-7
Autora: Fabiani Appelt
Data Litúrgica: Ação de Graças (Festa da Colheita)
Data da Pregação: /2014
Proclamar Libertação - Volume: XXXVIII

 

As pessoas hoje correm atrás do tempo e do dinheiro
e se esquecem de viver cada dia o dia inteiro!
Veja como os passarinhos voam pelo azul celeste,
veja a flor de algum canteiro que bonita ela se veste!
Passarinhos cantam, voam, sempre sem preocupação,
olham tudo lá de cima sem a pressa do avião!
A florzinha no canteiro não tem creme nem batom,
nem perfume ela usa pra manter seu cheiro bom.
E se Deus cuida das plantas e pras aves dá um ninho,
cuidará também da gente com amor e com carinho!
Amparados dessa forma, Deus espera que a gente faça
o mundo mais bonito, mais humano e mais contente.

Edson Ponick

1. Introdução

Os textos bíblicos indicados para este domingo, destinados para as celebrações de Ação de Graças, falam em especial do agir de Deus em nossas vidas por meio do sustento diário do pão nosso, lembrando como devemos reagir a esse maravilhoso agir de Deus em nossas vidas.

Neste momento, é importante relembrar a explicação de Lutero para o quarto pedido do Pai-nosso, onde ele diz que pão é “tudo o que se refere ao sustento e às necessidades da vida, como, por exemplo: comida, bebida, roupa, calçado, casa, lar, meio de vida, dinheiro e bens, marido e esposa íntegros, filhos íntegros, empregados íntegros e fiéis, bom governo, bom tempo, paz, saúde, disciplina, honra, amigos leais, bons vizinhos e coisas semelhantes”. E que “Deus dá o pão de cada dia, também sem o nosso pedido, a todas as pessoas, inclusive às pessoas más. Mas pedimos nessa oração que ele nos faça reconhecer isso e receber com gratidão o pão nosso de cada dia”.

1.1 – Sobre os textos de leitura

O texto do profeta Joel é um convite a toda a criação para alegrar-se, pois “Deus mostrou o seu grande amor para com a sua terra e teve pena do seu povo” (Jl 2.18). O texto chama ao júbilo e anuncia um novo tempo: tempo de alegria e fartura, em que haverá “comida até não querer mais” (v. 26); tempo de segurança, quando o medo não vai encontrar lugar; tempo de restauração; tempo em que Deus manifesta o seu poder, devolvendo ao povo tudo o que havia sido tirado dele. Deus devolve a dignidade a seu povo, e a promessa de Deus a seu povo é “o meu povo nunca mais será humilhado” (v. 27).

O texto de 1 Timóteo, por sua vez, chama a comunidade para o exercício da oração. O apóstolo sublinha a importância da oração para a caminhada diária do cristão, da comunidade e da igreja. Ele coloca a oração em primeiro lugar. A oração deve acontecer “antes de tudo” (v. 1). Nem a comunidade tampouco o indivíduo possuem vida verdadeira se não fizerem uso dessa importante ferramenta que é a oração. A oração não pode ser excludente. Ela deve ser em favor de todas as pessoas. Assim como Deus quer que todos conheçam a verdade (um só Deus e um só Cristo, o Mediador – v. 5), ele também quer que nós oremos por todos, grandes e pequenos, opressores e oprimidos, ricos e pobres, homens e mulheres, jovens e idosos, governantes e governados, não para legitimar a injustiça no mundo, mas para que todos conheçam a justiça de Deus (v. 2-4). No entanto, todo sentimento contrário à vontade de Deus anula a efetividade da oração. A oração tem a função de fazer com que possamos viver uma vida calma e pacífica, com todo o respeito a Deus e agindo corretamente para com o próximo.

2. Exegese

O texto de Mateus 6.25-33 faz parte do Sermão do Monte. Nesse sermão, Jesus orienta sobre a importância da humildade (5.3), sobre a disposição para sofrer perseguição por fazer a vontade de Deus (5.10), sobre a importância da atenção sincera aos mandamentos de Deus (5.19), sobre a recusa em substituir um comportamento genuinamente correto por falsa piedade (5.20), sobre a importância de uma vida de oração (6.5-13), sobre a prioridade dos valores espirituais em relação aos valores materiais (6.33) e, acima de tudo, sobre o reconhecimento da autoridade do Senhor ao obedecer à vontade revelada de Deus (7.21).

Mateus 6.25-33 inicia com um pedido de Jesus: Não andeis ansiosos. O verbo merimnao vem de merizo, que significa “dividir em partes”. A palavra sugere uma distração, uma preocupação com coisas que causam ansiedade, estresse, pressão e desviam a atenção do que realmente é importante. Jesus prega contra a preocupação e a ansiedade, porque o Pai celestial cuida de nós e está sempre atento às nossas necessidades diárias (v. 26b; 30b).

Jesus nos ensina que muito pouco é necessário para termos vida verdadeira ou mesmo uma coisa só, conforme Lucas 10.41-42. De nada adianta andarmos ansiosos. A nossa ansiedade não vai acrescentar um segundo sequer aos dias de nossa vida (v. 27); pelo contrário, vai inquietar-nos e nos cegar para a graça de Deus. Jesus reflete aqui sobre a devoção sincera a Deus e sobre a importância de libertar-se da ansiedade com respeito às necessidade cotidianas. Ele ilustra a
inutilidade da preocupação, mostrando que é desnecessária (v. 26, 28 e 30), infrutífera (v. 27) e inadequada para um cristão (v. 31 e 32).

Jesus alerta para o fato de que a vida não se resume apenas ao trabalho, em busca de comida para alimentar o corpo físico ou em busca de vestes que cubram o corpo. Tudo isso passa, estraga e não livra da morte. Jesus estimula a trabalhar para as obras de Deus e não apenas a buscar a satisfação individual e momentânea que o trabalho pode conquistar e dar. Trabalhar para a obra de Deus é crer no enviado de Deus: Jesus Cristo. As pessoas então são convidadas a fartar-se de fé com o “pão da vida” Jesus Cristo na lavoura, no escritório, na rua, em casa, na escola, no carro.

Obedecer ao Pai era extremamente importante para Jesus. A obediência é a resposta de fé a qualquer instrução de Deus. Jesus ensinou que a verdadeira fé sempre será manifestada em obediência à vontade revelada de Deus. A vida cristã de sucesso resulta de buscar e conhecer a vontade de Deus e então praticá-la com fé.

3. Meditação

No culto de Ação de Graças: somos especialmente convidados a agradecer. Não que isso não precise ser feito em todos os cultos e em todos os dias da vida. Culto de Ação de Graças é uma oportunidade toda especial para reconhecer que tudo o que temos e somos recebemos como um presente de Deus e sem a sua ajuda pouco podemos fazer.

Ação de Graças: agradecer é reconhecer quão grande é o amor de Deus por nós. Deus, que criou o mundo e tudo o que nele há, libertou seu povo da escravidão no Egito, conduziu-o pelo deserto até chegar à terra prometida, terra que mana leite e mel. Ele deu os mandamentos como balizadores para a vida de seu povo, para que vivesse em liberdade. Ele é o Deus de Abraão, de Isaque, de Jacó, de José e de Moisés. O Deus Pai, que enviou seu filho Jesus para ser Emanuel
e salvar a humanidade, é o mesmo Deus que hoje nos acompanha tanto em momentos de alegria como em momentos de dificuldade, presenteando-nos com tudo aquilo que necessitamos para ter vida digna.

Deus é o doador de todas as dádivas, de tudo o que temos e de tudo o que somos. Quando Deus terminou a obra da criação, ele viu que tudo era muito bom. A terra era boa, o ar era puro e a água era fresca, toda comida que a terra produzia era saudável. Deus deu-nos a terra para tirar dela o sustento, o necessário para viver de forma digna, para termos bem-estar e fartura. Deus também nos deu a tarefa de cuidar de sua criação. No entanto, o seu humano desviou-se do propósito original de Deus e hoje vive correndo atrás de coisas sem valor, que causam preocupação, ansiedade e sofrimento.

Jesus prega contra a preocupação e a ansiedade devido ao cuidado de Deus para conosco. Deus, nosso Pai celestial, que está sempre atento às nossas necessidades diárias, dá-nos dia após dia o que precisamos, respondendo ao nosso pedido pelo pão nosso de cada dia.

Para ilustrar esse cuidado de Deus, Jesus usa como exemplos os passarinhos e as flores do campo, que são belos e frágeis. Mesmo assim, Deus cuida deles com carinho. Por acaso o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, um pouco inferior a Ele (Sl 8.5), não é mais importante do que as flores e os passarinhos?

Ao invés de se preocupar com bens materiais, roupas, comida, bebida, coisas que estragam e desaparecem, a nossa ambição deve ser buscar, em primeiro lugar, o reino de Deus e aquilo que Deus quer, ou seja, a sua justiça, e Ele dará todas as outras coisas (v. 33).

A aquisição de bens necessários para viver torna-se ansiedade contínua e pesada, se não for precedida pela busca da justiça do Reino, isto é, a promoção de
relações de partilha e fraternidade. O necessário para a vida virá junto com essa justiça como fruto natural de árvore boa.

A vida, maravilhoso presente de Deus, é mais importante do que o alimento que sustenta nosso corpo. E ainda mais importante do que a roupa que o veste, pois o corpo é templo do Espírito Santo, conforme 1 Coríntios 6.19.

Não adianta andar inquieto, correndo atrás de muitas coisas, quando só uma é necessária. Coisas que satisfazem as vontades da carne não nos dão liberdade; pelo contrário, escravizam-nos. O essencial é buscar, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça. Deus sabe o que precisamos, e Ele nos dará no tempo certo. Deus fez e faz grandes coisas por nós. Infelizmente, muitas vezes, na correria do dia a dia, não percebemos isso. E assim acabamos esquecendo de agradecer, e isso é motivo para pedir perdão.

Atualmente, muitas pessoas sofrem antecipadamente por coisas que muitas vezes nem se tornam realidade. O amanhã ainda não nos pertence. O dia de amanhã trará as suas próprias preocupações. Para cada dia bastam as suas próprias dificuldades (v. 34b). Hoje é o dia de viver segundo os ensinamentos de Cristo, com o coração cheio de gratidão por tudo o que Deus fez e faz por nós. “Agradecer pelo pão de cada dia, por saúde e alegria, por tristeza e por prazer, por trabalho e por lazer” (HPD 286).

Ontem é passado, página virada. Hoje é a presente página, que deve ser escrita com sabedoria, evitando os erros de ontem e colocando em prática os ensinamentos de Jesus. Amanhã é futuro. Somente o Deus eterno nos dá a liberdade e a verdadeira paz. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou.

A cada dia somos convidados a fortalecer a nossa relação com Deus por meio de súplicas, orações, intercessões e, principalmente, ações de graças por seu imenso amor revelado em Jesus Cristo, nosso único Senhor e Salvador. Ele é o único Caminho, Verdade e Vida. E que a base para o nosso testemunho diário como cristãos e cristãs seja: “Amar o Senhor Deus com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente e amar os outros como a nós mesmos” (Mt 22.37,39). Que Deus nos abençoe e ajude. Amém.

4. Subsídios litúrgicos

Oração:

Benigno Deus, Pai misericordioso! Tu nos abençoaste ricamente com tuas dádivas. Deste-nos os frutos da terra, deste-nos saúde para trabalhar, para criar nossos filhos, para organizar a nossa vida. Queremos agradecer-te de coração por todo amor e cuidado que tens demonstrado para conosco. Perdoa-nos o nosso esquecimento, perdoa as nossas lamentações. Faze-nos servir em gratidão e amor. Por Jesus Cristo, teu amado filho. Amém.

Sugestão de hinos:

HPD 233; 237; 455; 460; 466.


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Autor(a): Fabiani Appelt
Âmbito: IECLB
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ação de Graças - Festa da Colheita
Natureza do Domingo: Dia de Ação de Graças

Testamento: Novo / Livro: Mateus / Capitulo: 6 / Versículo Inicial: 25 / Versículo Final: 33
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 2013 / Volume: 38
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 28439

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Cristo, juntamente com todos os santos, assume a nossa forma pelo seu amor, luta ao nosso lado contra o pecado, a morte e todo o mal. Em consequência, inflamados de amor, nós assumimos a sua forma, confiamos em sua justiça, vida e bem-aventurança.
Martim Lutero
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1Tessalonicenses 5.18
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