Vida Celebrativa - Ano Eclesiástico


ID: 2654

João 20.19-29

Esperança

11/04/2015

Joao 20.19-29
Depois da morte de Jesus a Comunidade dos discípulos ainda se sente com muito medo, insegura, indefesa diante das represálias que podem tomar contra ela a instituição judia. A mensagem de Maria Madalena e de alguns discípulos que foram ao sepulcro vazio, não os libertou do temor. Não bastava a notícia do sepulcro vazio – somente a presença concreta-física de Jesus poderia dar-lhes confiança, paz e esperança. Por enquanto, é mais seguro nem sair de casa, se esconder por algum tempo até baixar a poeira e manter as portas trancadas.

(O medo é uma defesa natural contra o perigo. O maior índice de acidentes com jovens é por terem medo do perigo. Mas o medo exagerado imobiliza. É natural ter medo de cobra. Mas não entrar numa sala porque tem um quadro com uma cobra, isso 'e algo exagerado. E nesse caso esse medo precisa ser enfrentado.
Um outro forma de ir vencendo nossos medos é conviver com quem é mais corajoso. A convivência com pessoas que não tem medo do meu medo, me ajudara a vencer esse meu medo.)

Mesmo com todas as portas trancadas, Jesus aparece no meio daquela comunidade. Agora está visível para tods. Sua presença um tratamento de choque contra o medo dos discípulos. As feridas nas mãos e no lado, são a prova concreta que não era outra pessoa, mas sim o mesmo Jesus que havia sido crucificado. Sua presença lhes devolve a paz. Se antes eles tinham medo da morte, agora eles tem uma prova que a morte não pode aprisionar a Jesus e também não vai poder aprisionar a eles mesmos. Por isso, esse encontro com Jesus produz alegria. Jesus então lhes dá uma missa. A missão será anunciar as pessoas que Deus é amor e não um carrasco cruel, que ele veio ao mundo no seu Filho Unigênito, que todas as pessoas tem acesso a esse Deus, não importa a nacionalidade, e que esse Deus de amor perdoa os pecados para que todos tenham vida e vida em abundância.

Mas nem todos creram. Tomé que ante das crucificação estava disposto a enfrentar a morte ao lado de Jesus (Jo 11.16), agora não consegue crer no testemunho dos seus colegas discípulos. Não admite que aquele que eles viram seja a mesma pessoa que foi crucificada. Por isso, ele quer uma prova individual. Ele quer examinar com seus próprios olhos e com seus próprios dedos a esse ressucitado – como se fosse uma relíquia – para ter provas de que é verdadeira.

Jesus aparece a Tome e lhe possibilita esse exame. Veja as minhas mãos, coloca tua mão aqui do meu lado. Examina com atenção. Diante disso, mesmo sem tocar em Jesus, Tome exclama: Meu Senhor e meu Deus. Em seguida Jesus pronuncia uma nova bem-aventuranca. Você creu porque viu, bem aventurados são os que não viram e mesmo assim creram.

A salvação da morte sempre foi o fundamento das religiões. No tempo de Jesus se ensinava a doutrina greco-romana. Essa dizia que tudo no universo tem seu lugar específico. A natureza “e prova disso. O vento sopra, a chuva fertiliza, a femea fecundada gera a reprodução da vida, etc... Se cada coisa funciona bem, então o todo funciona bem. Mas se uma coisa falha, isso contamina o mal funcionamento do todo. Por isso, é importante reconhecer que cada coisa deve estar no seu lugar. Quando cada coisa cumpre maravilhosamente a sua finalidade, isso ‘e Deus, isso é o Universo.

O único que está na contra mão é o ser humano. Para que o ser humano se integre a essa perfeição do Universo, ele precisa primeiro encontrar a finalidade de sua existência. Se a pessoa não encontrar a sua finalidade, ele não encontrará a Deus. E se ele não encontrar a Deus ele desaparece do universo. Vira pó.

Nesse contexto, Jesus vem com um pensamento totalmente diferente. Ele diz: O divino não é o Universo. O divino é o Criador. O Verbo (logos) se fez carne e habitou entre nós. O ser humano não é um bicho perdido nesse mundo, mas ele é imagem e semelhança de Deus, ele é o filho de Deus.

Por isso, a salvação não está em você procurar se encaixar nessa engrenagem do mundo, mas em reconhecer que – mesmo com todos os medos e imperfeições – você também é um filho(a)de Deus. Deus não exige uma prova para te salvar. Ele vem a ti porque ele é teu pai, porque ele te ama.

Essa mensagem crista ganhou o apoio dos mais humildes. Já não importava se a pessoa era rica ou pobre. Isso não era sinal de benção ou castigo de Deus. O que importa agora “e o que a pessoa faz nesse mundo. Se ela reflete a imagem e semelhança de Deus por meio de sua vida e de suas atitudes. Se ela viver como filho de Deus, ‘e o que basta para entrar no Reino do Céus. E os romanos, mesmo que os perseguissem e os matassem, eles não podiam tirar dos cristãos a salvação da morte.

Por isso, nos relata o livro de Atos dos Apóstolos – como foi que a fé em Jesus se organizou em comunidades e como eles colocaram em pratica os ensinamentos de Jesus (Atos 4.32-35). O culto passou a ser um lugar onde Deus vem servir a sus filhos e filhas. É o lugar onde as pessoas vão buscar orientação, porque fé sem amor não vale. A fé recebe de Deus, mas “e necessário que o amor compartilhe. A fé nos motiva a viver o amor e a enfrentar as coisas ruins com esperança. E a esperança nos faz olhar por cima das dificuldades e a enxergar o que está mais adiante das dificuldades do presente.

Dietrich Bonhoeffer, pastor luterano, enforcado no dia 9 de abril de 1945 pelos nazistas na Alemanha. Ele foi um dos que falavam de uma Teologia da esperança. E uma de suas histórias falava de um judeu italiano que relatou um caso de enforcamento num campo de concentração nazista. A vítima a ser enforcada havia explodido um forno de cremação em Birkenau. E os outros presos no campo de concentração eram obrigados a assistir todas as execuções. Antes de ser enforcado, porém, já no patíbulo, a vítima se virou para os outros presos e gritou: Companheiros, não tenham medo, eu serei o último.

O pastor Bonhoeffer ensinava que a esperança nos faz ver que aquele ato de corrupção, aquela mentira, aquela guerra, aquela injustiça, etc... pode ser a última. Que a partir daí as coisas podem ser diferentes.

No entanto, isso não é algo fácil de aceitar e de entender. Para entender e aceitar essa mensagem, vamos precisar passar por uma transformação dentro de n’os mesmos. O professor Rubem Alves usava o exemplo do milho de pipoca. As grandes transformações na nossa acontecem quando passamos pelo fogo (por situações muito difíceis). Quem não passa pelo fogo – fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma dureza assombrosa, tal qual o milho de pipoca. Na simbologia crista, a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. Ele deixa de ser de um jeito e passa a ser de um novo jeito. Ser discípulo de Jesus é deixar-se transformar, é vencer toda a incredulidade, é vencer a dureza da vida. Por isso, uma igreja de Jesus ressuscitado mantem viva a esperança, não se entrega a fatalidade, não se acomoda com as coisas ruins, mas enfrenta tudo com fé, proclamando que Jesus ressuscitou e por isso, nada mais é impossível para Deus.
Diz o apóstolo Paulo em (Romanos 8.38-39)
8.38 Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios,
Ou autoridades celestiais nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes,
39nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Amem
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo da Páscoa
Testamento: Novo / Livro: João / Capitulo: 20 / Versículo Inicial: 19 / Versículo Final: 29
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 32837

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