LEMA DA SEMANA: Jesus disse para Tomé: Você creu porque me viu? Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram. João 20.29
Antes de julgarmos Tomé, lembremo-nos de que ele nos representa. As palavras: Eu só creio se eu puder ver e tocar com minhas mãos (João 20.25) muito bem poderiam ser as nossas palavras. Neste mundo tecnológico, nós costumamos duvidar de tudo que não tenha uma explicação ou provas científicas. O milagroso, o sobrenatural, não tem espaço em nossas mentes racionalistas.
Há poucos dias, celebramos a Páscoa - o dia da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos. Não são poucos os cristãos que têm dificuldades para crer que Jesus Cristo verdadeiramente ressuscitou e é Senhor. Eu me recordo de uma pessoa que evitava vir ao culto no Domingo da Páscoa, justamente por duvidar que Jesus tenha ressuscitado.
Seria mais fácil crer e explicar que Jesus foi apenas um mártir, que morreu crucificado na longínqua Palestina, e que somos seguidores de seus ideais éticos de um mundo novo onde reine a paz com justiça. Sim, nós somos parecidos com Tomé. Ele nos representa em nossas dificuldades.
A mesma dificuldade de crer também foi observada pelo evangelista João, quando escreveu o evangelho, por volta do ano 100 depois de Cristo. Os primeiros cristãos, testemunhas da vida, morte e ressurreição de Jesus, entre eles Tomé, já não viviam mais. Doravante, as Comunidades teriam que confiar na pregação da Palavra, Palavra esta que desperta a fé pela ação do Espírito Santo (Explicação de Lutero ao Terceiro Artigo do Credo Apostólico). Os cristãos teriam que experimentar sua fé através do encontro pessoal com o Ressuscitado. Foi para pessoas assim que João escreveu: Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram.
Importa-nos olhar para além de Tomé e abrir nosso coração para a ação e a palavra de Jesus. Ele não interpreta a dúvida de Tomé como uma expressão de incredulidade. Pelo contrário, Jesus leva a dificuldade dele tão a sério, que se revela novamente aos discípulos oito dias após a Páscoa e tem um encontro pessoal com Tomé. Nesse encontro pessoal, Jesus rompe todas as barreiras que envolvem Tomé, tanto que ele reconhece Jesus como o Ressuscitado e consegue exclamar: Senhor meu e Deus meu!
Tomé é uma pessoa como você e eu. Ele não consegue crer somente porque os outros dizem que ele deve crer. Ele não consegue compreender a ressurreição enquanto não fizer a experiência, enquanto não tiver o encontro pessoal com o Ressuscitado. Tomé é como nós. A fé é pessoal. Cada qual precisa ser despertado para o relacionamento com o Salvador. Para tanto, recebemos a Palavra e experimentamos com todos os sentidos o Batismo e a Santa Ceia. Tomé não conseguia crer sem poder ouvir, ver, sentir, experimentar. Por isso, Jesus retoma com ele a história da salvação justamente ali onde Tomé havia parado na Sexta-Feira da Paixão: Nas marcas da cruz! Nas mãos perfuradas pelos cravos e o lado perfurado pela lança do soldado. Não se trata de uma comprovação do que fora, mas sim da descoberta da fé e da certeza de que Jesus permanece conosco, e com ele o seu amor e o seu perdão. Tomé não olha mais para trás lamentando suas perdas. Agora ele pode olhar para frente, confiante nas promessas de seu Salvador e voltar-se para o testemunho e a prática do amor cristão na missão da Igreja.
Sim. Tomé é como nós. Ele também nos representa na descoberta da fé. Que também nós possamos ter este encontro pessoal com o Ressuscitado, transformando nossas dúvidas em fé e aceitando o convite e o envio para a Seara do Senhor.
Pastor Sinodal Geraldo Graf
Sínodo Sudeste
