Que bom é poder celebrar culto a Deus. Que bom é poder estar reunido com os irmãos e irmãs na fé ainda que seja de forma virtual. Que bom que Deus vem até nós e nos acompanha, consola e orienta. Que bom que você está participando e que juntos podemos louvar a Deus.
Pregação baseada em Mateus 15.21-18
Jesus parece estar de férias, depois de muito trabalho ensinando e curando. Não tinha conseguido tempo para orar sozinho, chorar a morte de João Batista. Talvez por isso, decidiu sair da área dos judeus. Mesmo assim, não consegue ficar sem ser incomodado.
Uma mulher procura-o e acha. Procura porque a filha está doente e quer que seja curada. Que mãe não quer saúde para os seus filhos? Que mãe não mexe céu e terra procurando uma solução para a doença da sua filha? Desse mesmo jeito, uma mulher da qual não sabemos o nome, decidiu enfrentar Jesus. Primeiro vai de mansinho, procurando pela boa, mas deve perseverar para poder ser escutada e atendida.
Com as palavras “Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim!”. Ela sabe quem é Jesus, sabe do seu poder e da sua vontade de mostrar piedade a todos que se aproximam. Ela sabe que Jesus é um rabino, a quem se deve respeito. Ela sabe que as pessoas levavam os enfermos e possuídos a Jesus e ele os curava, até com o simples toque da sua roupa. E não por último ela sabe que ainda que a misericórdia não seja para ela, a situação da filha, afeta a mãe. Sem muitas voltas, indica o problema “minha filha está horrivelmente endemoniada”, a misericórdia seria mostrada ao exorcizar a sua filha, ao restaurá-la ao convívio da família. A mulher procura intervenção divina, a misericórdia divina. Mas, o que ela recebe?
No texto anterior ao Evangelho de hoje, Jesus ensina que o problema não é o que a pessoa coloca no seu estômago, mas o que sai do seu coração e pratica na sua vida. Sendo assim, não importa a raça, etnia, gênero, deficiências ou posição social de uma pessoa, nada disso a torna pior diante de Deus. Então por que Jesus responde com silêncio ao primeiro pedido da mulher cananeia?
Qualquer pessoa com uma necessidade urgente sabe como é terrível ter um pedido de ajuda ou de informação respondido com um silêncio mortal. As palavras das mulheres muitas vezes encontram o silêncio ou são interrompidas ou desrespeitadas, pelos homens e às vezes por outras mulheres. Ninguém responde à mulher cananeia. Os discípulos pedem para que Jesus a mande embora. Está incomodando, tem que se dar um jeito!
Muitas vezes não podemos ou nos recusamos a ter empatia com pessoas cuja experiência de vida é diferente da nossa. Se a opressão, injustiça ou dor não está acontecendo conosco ou não afeta nossa raça, gênero, classe social, então nós a descartamos como um barulho chato. A resposta de Jesus ao pedido dos apóstolos parece afirmar seu desejo de mandá-la embora: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. (Mateus 15:24). A vá, o fato de que sangue corre nas suas veias não move Jesus! Se nossa humanidade comum, nossa relação, não nos comove, o que o fará?
Quantas mulheres anônimas, assim como a cananeia, têm persistido! Ainda que seja como minoria que não quer ser ouvida. Aquela mulher persistiu e fez um novo pedido. Será que então Jesus se comoveu? Que nada, para ele ajudar aquela mulher era jogar fora ajuda muito importante, não se pode dar a comida dos filhos para os cachorros. Nossa que forte, ainda para nossos ouvidos modernos que gostamos tanto de cachorros. Mas, ela, na sua sabedoria, foi mais esperta e lembrou que tanto as crianças quanto os animais podem se alimentar.
Ao fim, Jesus responde louvando a fé da mulher. Tudo o que ela fez e falou foi um ato de fé. Interessante que Jesus não fez milagre, simplesmente informou: “Que seja feito como você quer”. E o que mais queria a mulher? Ter a sua filha curada. A força de vontade daquela mulher fez com que ela discutisse com Deus feito carne. A perseverança daquela mulher anônima mudou radicalmente a vida da sua filha. Talvez, a fé gera a perseverança ou a perseverança alimenta a fé. De qualquer jeito, com a mulher cananeia aprendemos que persistência e fé formam um casal sem par. E não por último, nunca subestime o poder de uma mulher persistente nem o Deus no qual ela acredita. Amém.
Culto com a participação de Eder Targino (piano), Lélia Brazil (flauta), Almiro Wilbert (voz) e P. José Kowalska