Tempo de Natal e Ano Novo faz suscitar sentimentos de saudade e de nobreza, nas pessoas. Os dois sentimentos andam juntos.
Saudado do tempo bom que passou, da história vivida por cada pessoa, família, comunidade, igreja e povo. A gente se lembra da igrejinha, no campo, onde a maioria de nós já viveu. Mamãe com suas preocupações com a alimentação boa para todos. A farinha, o fermente, o sal e o açúcar estavam ali à espera para serem transformados em cucas e bolachas bem gostosas. Feitos pela mãe e pai. As crianças esperavam a visita das madrinhas e dos padrinhos. Traziam mais um pacotinho de presente. Ou avisavam que eram para passar na casa deles para buscar seu presente.
Papai encarregado de providenciar um presente para cada membro da família. Isso já era preparado bem antes do Natal, quando se vendia um pouco do trigo colhido para comprar um simples e pequeno presente que fazia a alegria das crianças.
E a atividade na igreja. O povo da roça não falta. Os preparativos já vinham desde outubro. Lá ia a gurizada e a meninada, todos os domingos, para o ensaio do programa de Natal. Depois do ensaio, podia jogar um futebol, no campo do potreiro perto da escola. Essas coisas, escola e igreja estão próximas. No Brasil, vem desde 1824, quando imigrantes alemães vieram para cá, trazendo na mala bíblia, hinário, catecismo, livros de histórias e romances. Ainda hoje estão la: igreja e escola, no mesmo pátio. Um ensino de Martim Lutero, há quase 500 anos, diz: “Perto da igreja deve ter uma escola para todos, onde se aprende as Letras, a História, as Contas, Noções de Direitos, a Música. E a igreja deve cuidar da Palavra de Deus”. Foi neste ambiente em que aprende a ser gente sociável, me virar na vida, a respeitar, ser amigo e a me organizar para ter autonomia.
Apesar da saudade, hoje vivo na esperança. Leio o passado para olhar melhor os caminhos do futuro. O mundo mudou. As pessoas são diferentes. Este é o mundo que ajudei a construir. Uma frase que aprendi no ensino confirmatório com um pastor que foi telegrafista durante a segunda guerra mundial me marcou muito. Ele disse que a “vida é como uma minhoca que precisa de cuidados e está sempre em transformação. Todo dia ela amanhece diferente”.
Nossa sociedade muda a cada geração. Ela sempre se transforma. Hoje ela é muito diferente do que nos anos de 1950/60. Ela não é nem melhor, nem pior em termos de relações humanas. Ela apenas é diferente. Cabe à gente se movimentar neste ritmo de mudanças. Hoje, com as tecnologias que inventamos, a vida é muito mais fácil, mas é mais complexa e difícil. E tem muitas dores, também, alegrias.
O jeito que eu encontrei para viver bem em todos os tempos e lugares é valorizar todas as gerações e culturas, sem discriminar ou achar que uma é melhor do que a outra. Mas precisa, também, ler, estudar, participar dos movimentos sociais, passear, ter amigos e amigas, ir à igreja.
Deus achou um jeito bom para ser sempre atual e de ser compreendido. Cada ano Jesus nasce no Natal, como uma criança, no cocho da estrebaria de Belém. Ele sempre é o “Menino Jesus”, “Nosso Bem’, nos faz sentir bem e felizes, no Natal. Assim, ele é compreendido até mesmo pelas crianças pequenas, depois de mais de 2 mil anos. Que bom. Feliz Natal.
P. Teobaldo Witter, pastor, professor e ouvidor de policia do Estado de Mato Grosso