Os quatro evangelistas dedicam boa parte de suas narrativas à história da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Eis aí o centro da teologia cristã. Por isso, a mensagem cristã essencialmente sempre apontará à necessidade do sacrifício de Cristo, pagando pela nossa culpa, culminando na sua vitória sobre a morte. Passam-se os séculos e a história da ressurreição sempre voltará com força total. A riqueza nos detalhes dos evangelhos sempre permitirá uma nova perspectiva do antigo acontecimento. Por isso, nesse momento, quero resgatar as palavras do evangelista João quando narra que Madalena não reconheceu de imediato a Jesus, entendendo que era apenas um JARDINEIRO conversava com ela (João 20.11-18).
As mulheres vão, na madrugada de domingo, à sepultura para “ajeitar” o corpo do falecido. É bom lembrar que Jesus foi desfigurado pela brutalidade e ódio dos adversários. Agora, se faz necessário limpar, arrumar, perfumar e homenagear o falecido. São atos de carinho, compaixão e serviço, seguindo na mesma linha da atitude de Maria de Betânia, prestado em vida a Jesus nos dias anteriores.
Estava escuro quando chega à sepultura. A pedra estava removida. Assustada, Madalena retorna e relata o fato para Pedro e João: Mexeram no corpo do Mestre. Eles foram e conferiram encontrando “dobrados” os panos que envolviam o corpo. Via de regra, os ladrões não se preocupam em deixar o local arrumado. Certo é que eles não atinaram na possibilidade já prevista, por Jesus, da ressurreição. Apenas entenderam que houve uma violação da sepultura. De imediato, foram tomar providências.
Madalena, entretanto, aguardava junto à entrada. Ao espiar de novo a plataforma onde Jesus havia sido posto, agora só com os panos, percebeu que dois anjos estavam presentes, uma à cabeceira, outro aos pés. Ela chora de tristeza. Eles questionam: Porque você chora? Então, ela abre o coração, supondo que pessoas maldosas tenham roubado o corpo: Vim prestar homenagem. Mas, alguém o retirou daqui.
Madalena não percebeu que, logo em seguida, o próprio Jesus estava em pé ao seu lado. Ela não o reconheceu. Ele repete a pergunta: Porque você chora? A quem você procura? Julgando ser o JARDINEIRO, Maria questiona: Se você o tirou, me diga onde está. Eu quero apenas cuidar do corpo. Então, Jesus a chama pelo nome: Maria! Ela cai em si. Ela reconhece que é o Mestre, adorando-o.
Então, Jesus traz duas palavras. A primeira diz respeito à sua própria pessoa, a outra para Madalena e aos demais cristãos. Primeiro diz: Cumprida minha missão, vou ao Pai. Em seguida: Todavia, vocês devem anunciar a minha vitória sobre a morte. Que bela mensagem! Num mundo repleto de sinais de ódio e morte, como cristãos, recebemos a missão de trazer a palavra da vida. Não há outro jeito. Só por Jesus há vitória sobre a morte e seus sinais.
O que é do mundo fica no mundo. Porém, o que vem de Deus é eterno. Por isso, anunciem a vitória conquistada por Jesus, a qual ele repartiu conosco. Assim como Adão e Eva receberam a incumbência de serem JARDINEIROS na criação, cultivando e guardando (Gênesis 2.15), como testemunhas da ressurreição, Madalena e todos os seguidores de Jesus passam a ser JARDINEIROS, através da proclamação do Evangelho.
Jesus anunciou: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (João 11.25). Chegou a hora de dar o próximo passo. Madalena! Não basta escutar. Euclécio! Não basta crer. Igreja! É preciso pregar. Ainda mais, em tempos de Covid, onde o temor da morte se alastra como praga. Os sinais de desesperança se avolumam dia a dia. Entendemos que morte até pode nos cercar, mas a vitória conquista por Cristo ninguém pode nos tirar. Amém!