A partir da narrativa do evangelho, podemos perceber que a ida de Jesus até Jerusalém causou um grande alvoroço e agitação. As pessoas estavam eufóricas diante deste acontecimento. Muitas pessoas já estavam peregrinando para Jerusalém para celebrarem a festa da Páscoa judaica. Estas pessoas viram em Jesus o cumprimento da profecia de Zacarias referente a vinda do Messias: “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta.” (Zacarias 9.9). Por isso Jesus era aclamado pela multidão como um rei que volta vitorioso de sua batalha para a cidade. Havia uma ardente expectativa que Jesus fosse o rei que acabaria com o sofrimento e a exploração romana sobre o povo de Israel. O povo estava empolgado! Gritam Hosana a Deus! Hosana é a princípio um grito de socorro que significa: Deus, salva nos! Mas trata-se também de uma aclamação de louvor, onde se revela a esperança de que essa salvação de Deus acontecerá.
A cidade de Jerusalém se alvoroçou com a chegada de Jesus. Mas, foi realmente apenas alvoroço. Todo o entusiasmo se esvaiu logo após ver que Jesus não correspondia com as suas equivocadas expectativas sobre o Messias. O Messias que esperavam era um rei poderoso, que enfrentaria batalhas e pela força derrotasse os opressores do povo. Ao invés disso, Jesus foi um homem simples, humilde, sem qualquer poder de guerra. Ele veio para libertar sim as pessoas, mas não da forma como imaginavam. A sua libertação era da escravidão do pecado e da morte para a liberdade da vida verdadeira. O povo estava com uma expectativa equivocada, por isso muitos rejeitaram a salvação que Jesus ofereceu.
Mas, e hoje, com que expectativas as pessoas se dirigem a Jesus? Quais são as nossas expectativas? O que esperamos de Deus para as nossas vidas? Um milagre que soluciona todos os nossos problemas – de relacionamento, de saúde, de emprego, de dinheiro?
Tenho visto que nos últimos dias as pessoas tem se lembrado mais de Deus. As pessoas tem falado de Deus, da necessidade da fé. Há mais gente lendo a bíblia. Há mais gente orando. Isso tudo é muito bom, não resta dúvidas. Mas, o que me deixa com uma “pulga atrás da orelha” é, com que intenção as pessoas tem se lembrado e recorrido a Deus? Será que as pessoas estão de fato em busca do Deus vivo, ou apenas de um prestador de serviços divino? Acredito que haja muitos que agora, em meio ao medo buscam em Deus apenas os benefícios que lhes parecem ser convenientes. E quando o agir de Deus for diferente do que pensam, isso resultará em frustração e decepção.
Querido irmão, querida irmã. Não tenha dúvidas de que o agir de Deus é libertador, é curador, é consolador e encorajador. Ele ouve, considera e responde às nossas preces. No entanto ele não quer ser acionado apenas nas horas de aperto. Este Jesus Cristo, que entrou em Jerusalém também quer entrar em sua vida, em sua casa. Mas não quer entrar como visita, ou como alguém que vem prestar um serviço e depois vai embora. Ele quer entrar para ficar. E mais, ele quer transformar todo o seu viver. Para que depois que as dificuldades e a euforia tiverem passado você seja de fato, um verdadeiro discípulo do Senhor.
No início da pandemia, todo mundo se alvoroçou. Todos quiseram se proteger da doença, e por isso, compraram álcool gel, luvas e máscaras. Mas, percebo que, a medida que o tempo vai passando, as pessoas tem se descuidado. Passou a euforia inicial. Todavia, o cuidado torna-se a cada dia mais e mais importante. Não podemos descuidar. Também assim a vivência de nossa espiritualidade. A fé não sobrevive apenas de momentos de euforia. Precisamos ser zelosos e cuidadosos para que não esmoreçamos. Que Deus por sua graça nos ajude. Amém.
