A história do primeiro Natal revela algo fascinante: a palavra de Deus se concretiza nas coisas simples. A vida de gente pobre e marginalizada é o espaço em que a Palavra vai tomando forma e se misturando as dores e medos. Não para confirmar o sofrimento como parte da natureza da humanidade, mas para superá-lo! Libertar do medo! Esta é a tônica do anúncio do anjo aos pastores.
É revelado que a presença de Jesus no mundo faz vencer o medo. Desautorizao. Mais tarde, Jesus confirma esta proposição. Não temais os que matam o corpo (Mateus 10.28). Esta terá sido a mais intensa motivação de Maria, que sofreu todo tipo de preconceito devido à sua condição de engravidar fora do casamento, mas enfrentou a situação de marginalização social e religiosa com tenacidade. De onde, sozinha, teria ‘arrancado’ tanta coragem e fé para vencer o medo?
Os pastores precisam encontrar a criança e a sua mãe. Há uma prova que a identifica: ela encontra-se envolvida em panos. Um singelo, mas profundo gesto de acolhimento. Ternura e solidariedade que manifestam a busca de vida com dignidade. É esse o jeito de Deus estar no mundo.
É, de fato, um jeito surpreendente de Deus abrir caminho neste mundo. São os oprimidos que se agrupam em torno da criança. Que ensaiam os primeiros passos da comunidade cristã, rompendo com os mecanismos sociais que promovem o medo e reconstruindo a vida com dignidade. Um significativo gesto para ser celebrado também neste Natal.
Para refletir, leia Lucas 2.9b-12
Pastora Marli Lutz
(Fonte: Jornal Evangélico Luterano, Dezembro, 2008)