Vida Celebrativa - Ano Eclesiástico


ID: 2654

Cristo Vive

21/04/2019

 

Lucas 24.1-12

Cristo Vive!

Prezada Comunidade, estimados rádio ouvintes da RádioWeb Luteranosuai:
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Imaginem a seguinte situação:

Você saiu de casa com toda sua família. Você tem certeza que chaveou a porta. E quando você volta, a porta de sua casa está aberta. O que você faria? Chamaria a polícia? Ou entraria devagarinho, para ver o que está acontecendo?

O Evangelho de hoje nos diz que três mulheres (Maria Madalena, Joana e Maria - mãe de Tiago) saíram de casa e foram muito cedo ao cemitério para embalsamar o corpo morto de Jesus. Mas quando chegaram ao túmulo, ele estava aberto. Elas entraram desconfiadas – e viram que o corpo de Jesus não estava mais lá.

Para essas três mulheres, não era possível, depois de tantas experiências com o mestre, deixá-lo, simplesmente esquecê-lo? As coisas não são assim: morreu-esqueceu. Elas sabiam onde estava o túmulo de Jesus. E são elas – as únicas – que iriam ao túmulo para prestar as últimas homenagens!

O milagre da ressurreição se inicia na fé dessas mulheres que nos testemunham que, mesmo estando rodeadas pela morte, é preciso ainda continuar sendo humano. E não há nada mais humano que a saudade, que exige uma despedida digna. Simplesmente pelo cuidado, pelo carinho, pelo amor! A mensagem da Páscoa é essa: não se experimenta a ressurreição fugindo do sofrimento. Qualquer sofrimento humano é também um sofrimento de Deus.

Enquanto não acabarmos com o sofrimento, Jesus ainda está sofrendo. Mas também que a cada comunhão, cuidado, lágrimas enxugadas, esperança restabelecida, o milagre da vitória sobre a morte é possível e é real!

A Ressurreição de Cristo sempre foi um assunto controverso. Como pode alguém voltar à vida depois de morto? Não é de hoje que surge desconfiança nesse assunto. O apóstolo Paulo é zombado em Atenas (Atos 17.32), porque a ressurreição do corpo era algo impensável para a filosofia grega. Para os gregos o corpo, a carne, era algo rui, era a prisão da alma. No máximo aceitava-se a continuação da vida do espírito.

Aparentemente até seguidores de Jesus não esperavam a ressurreição. O Evangelho de Mateus relata que alguns discípulos duvidaram quando viram Jesus (Mt 28.17), as mulheres que encontraram o túmulo vazio fugiram apavoradas (Mc 16.8). Companheiros de Jesus não acreditam quando Maria Madalena lhes anunciou que Jesus estava vivo (Mc 16.10) e Tomé disse que só acreditaria se pudesse ver os sinais dos pregos e tocar nas feridas (Jo 20.25).

Talvez os seguidores de Jesus não considerassem a hipótese da morte de Jesus na cruz. É possível que esperassem uma intervenção divina, um momento extraordinário que preservasse Jesus de qualquer sofrimento. Mas Jesus morreu e as expectativas parecem ter sido frustradas.

No entanto, se os seguidores(as) de Jesus tinham dificuldade de acreditar na possibilidade de ressurreição, o que os convenceu do contrário?

Duas coisas foram importantes para isso. O túmulo vazio e as aparições de Jesus. No domingo de manhã, quando foram ao local do sepultamento de Jesus, as mulheres viram o sepulcro aberto e não encontraram o corpo de Jesus (Lc 24; Jo 20). É bem verdade que um túmulo vazio não comprova a ressurreição, pois alguém poderia ter tirado o cadáver de lá. Os líderes judeus investigaram essa questão, mas não encontraram nada que evidenciasse que o cadáver de Jesus tinha sido retirado do sepulcro.

Uma outra evidência da ressurreição é que Jesus de fato aparecia aos seus discípulos e discípulas. Ele apareceu a Pedro e depois aos doze apóstolos, depois apareceu a mais de 500 seguidores, em seguida apareceu a Tiago e mais tarde a todos os apóstolos, Por último, diz o apóstolo Paulo, ele apareceu também a mim (1Co 15.5-8). Maria Madalena foi a primeira pessoa com a qual Jesus falou depois da ressurreição. Essas aparições de Jesus não foram visões, mas experiencias que possibilitaram o convívio com Jesus. Jesus não era um fantasma ou um espírito. As pessoas puderam ver, ouvir, tocar em Jesus.

Não há relatos de como tivesse acontecido a ressurreição. A ressurreição é afirmada na Biblia como obra divina. Na Biblia tem outros relatos de pessoas que foram ressuscitadas. Os profetas Elias e Eliseu ressuscitaram crianças mortas. Jesus também ressuscitou o filho de uma viúva e o milagre mais famoso de Jesus foi a ressureição de Lázaro. Nesses casos eles voltaram a vida e morreram algum tempo depois. A ressurreição de Jesus, no entanto, marca a completa vitória sobre a morte, Jesus ressuscitou para a vida eterna. Sua ressurreição é também a antecipação da ressurreição de todos os mortos.

Quando alguém nos convida para olhar para o céu – normalmente dirigimos nosso olhar para cima, para o alto. E quando alguém nos pergunta onde fica o inferno – ou o mundo dos mortos – muitas pessoas apontam para baixo. Será que cavando bem fundo encontraremos um lugar chamado mundo dos mortos? E subindo bem alto, encontraríamos o céu?

O céu é um espaço, mas não é um espaço sideral. Céu é o espaço onde Deus está presente. O espaço em que Deus exerce seu domínio, ali é o céu. Por isso, os evangelhos dizem que reino dos céus e reino de Deus é a mesma coisa. Céu é lá onde Jesus está presente. E o mundo dos mortos, ou o inferno, é o lugar onde a vontade de Deus não está presente. Portanto, Céu e Mundo dos Mortos não se referem a um lugar geográfico, mas a uma situação. A vida pode ter partes de céu e partes de inferno. 

Quando dizemos no Credo Apostólico que Jesus desceu ao mundo dos mortos e subiu ao céu... significa que Jesus conhece a fundo as situações onde reina a morte, a injustiça, a opressão, a brutalidade e o ódio. Jesus conhece as situações de nossa vida onde a vontade de Deus não está presente. Jesus desceu a esses lugares e derrotou todos esses poderes contrários a Deus. Os poderes da morte não puderam segurar a Jesus e, por isso, a ressurreição de Jesus marca a vitória completa sobre os poderes de morte. E Jesus compartilha essa vitória conosco, dizendo que também nós podemos usufruir dessa sua vitória sobre os poderes da morte.

Se a morte e o mundo dos mortos – são situações onde a vontade de Deus não está presente – a partir da ressurreição, Jesus diz que também essas situações podem ser radicalmente transformadas pela presença do Ressuscitado. Hoje nós experimentamos a presença de Jesus quando nos reunimos em Culto, quando compartilhamos a Ceia do Senhor, quando atuamos em serviço de amor. Pessoas também experimentam a presença do ressuscitado em suas próprias vidas na luta contra uma doença, na busca da harmonia e da convivência na família. A vitória sobre situações de morte é um presente divino, que sempre se renova, porque Jesus venceu definitivamente os poderes da morte.

No domingo de Páscoa, as mulheres foram ao túmulo procurando um defunto e encontraram a Jesus ressuscitado. Maria que estava perdida na dor do luto, foi encontrada por Jesus e o ambiente de morte foi transformado totalmente. Jesus também quer vir ao nosso encontro e nos fazer uma grande proposta: Ele quer transformar as situações de morte, mas para isso, é preciso que deixemos que ele semeie em nós as sementes do amor, da paciência, da bondade, da delicadeza, da alegria, da paz, da humildade e do domínio próprio. Se nós cuidarmos dessas sementes , então veremos que Jesus, através do Espírito Santo, pode também transformar os nossos infernos e as situações onde reina a morte em nossa vida, em situações renovadas, onde perceberemos a presença viva de Jesus.
Amém.
 

MÍDIATECA

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Quando Deus não está no barco, não se navega bem.
Martim Lutero
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