Vida Celebrativa - Ano Eclesiástico


ID: 2654

Chegou a hora!

Mateus 21.1-11

07/04/2017

Mateus 21.1-11
Leitura do texto

Estimada Comunidade:

Jesus muitas vezes disse aos seus discípulos e para as pessoas que ele ajudava e curava de doenças, que elas guardassem isso tudo para si mesmas. Que não falassem nada para ninguém. Jesus dizia que ainda não era a hora dele ser revelado.

Agora é diferente. Jesus está ponto para cumprir com o seu destino. Jesus decide que já é hora de mostrar – publicamente – o objetivo de sua presença no mundo. E isso está simbolizado de maneira especial na sua entrada em Jerusalém. Jesus organiza uma espécie de procissão, um cortejo, uma aclamação popular ao estilo do que escreve o profeta Zacarias no capítulo 9.9 onde lemos assim:
Alegre-se muito, oh povo de Sião, moradores de Jerusalém, cantem de alegria, pois o seu Rei está chegando. Ele vem triunfante e vitorioso,
mas é humilde, está montado num jumento, jumentinho filho de jumenta.

O povo se entusiasma, parece mesmo um sinal dos tempos. Jesus vai pelas ruas de Jerusalém montado num jumento e o povo estende no caminho de Jesus suas roupas, as capas e túnicas de um povo sofrido e empobrecido. Roupas de gente peregrina, suada. Também improvisaram galhos de árvores, folhas de palmeiras, galhos cortados na última hora, arrancados às pressas. A multidão grita, cheia de esperança, HOSANA (que quer dizer SALVA-NOS). Recebem a Jesus como o Messias, o enviado de Deus. A ocupação romana, a exploração econômica chegaram ao seu final. Jesus é o novo rei.

Mas, poucos dias depois dessa cena jubilosa, o mesmo povo vai condená-lo quando percebe que ele não corresponde ao que se esperava dele. Os que antes gritaram HOSANA (SALVA-NOS), agora gritam CRUCIFICA-O.

O que aconteceu? Do mesmo coração que nasce a acolhida calorosa, vem também a rejeição mais violenta. Como foi possível que Jesus perdesse a popularidade em tão poucos dias? Ele entra em Jerusalém como rei e poucos dias depois sai da cidade carregando uma cruz. O que aconteceu?

Alguns dizem que não se trata da mesma gente. Quem festejou a entrada de Jesus em Jerusalém foi um grupo de pessoas que o admiravam. Mas logo se dispersaram. E que isso é uma característica do ser humano: ele se entusiasma nos momentos bons, mas nos momentos de dificuldades as pessoas desaparecem.

A maior parte do povo de Jerusalém – no entanto – não admirava a Jesus. Eles sempre foram fieis aos seus próprios líderes (fariseus e lideres religiosos) que pediam a crucificação de Jesus. Quem pediu a morte de Jesus foram as pessoas que confiavam cegamente nos seus líderes. São essas pessoas que gritaram CRUCIFICA-O. Mas o grupo de Jesus não era pequeno. Por isso, os líderes judeus não se atreviam a prender Jesus em plena luz do dia, porque ele contava com a simpatia de muitas pessoas. Eles tiveram eu prender a Jesus de noite – e com a ajuda de um traidor – porque os lideres judeus tinham medo do povo.

Desde a ressurreição de Lázaro, a popularidade de Jesus ia crescendo cada vez mais e isso representava a derrota dos fariseus e dos líderes religiosos do tempo de Jesus. Por isso, esses líderes religiosos judeus queriam virar o jogo e deslegitimar aquela euforia do povo com Jesus. Eles ficaram esperando que surgisse alguma oportunidade que fizesse com que Jesus entrasse em choque com as expectativas populares. E a oportunidade aconteceu quando Jesus entrou como um rei em Jerusalém, montado num jumentinho. Os lideres judeus disseram que isso era um absurdo, que Jesus estava debochando da esperança e da fé dos judeus. O povo judeu esperava um rei, um Messias, um militar como o rei Davi e Jesus debocha dessa esperança – dizendo que ele é o rei, o enviado de Deus.

Os líderes judeus aproveitaram esse momento para atacar a Jesus no templo e também denunciar a Jesus aos romanos como um líder revolucionário que estava ameaçando a autoridade do imperador.

E logo após Jesus entrar dessa maneira triunfante em Jerusalém – Jesus vai até o templo e vira as mesas dos cambistas e expulsa os vendedores do templo. Os líderes judeus aproveitaram essa situação para dizer: Jesus em um só dia zombou da esperança messiânica dos judeus, atacou os políticos e atacou a classe média alta que controlava o comércio no templo. Portanto, Jesus mexeu num vespeiro.

A convivência humana entra em crise quando a ambição e o fanatismo cegam o amor ao próximo, quando os indivíduos adotam posições radicais, sem querer enxergar o lado do outro, quando se guarda ressentimentos, mágoas e rancor. Esses sentimentos vão construindo barreiras em nossa mente até que o ódio toma conta do nosso coração e um dia tudo explode com extrema violência. E assim, Jesus foi linchado pelo ódio de um grupo de pessoas poderosas que instigaram uma grande parte do povo contra Jesus.

Por isso, Jesus pregou a reconstrução da convivência humana. Não se pode viver em paz e harmonia sem praticar o amor, a humildade, a tolerância, a cooperação. Ficar esperando que o outro tropece para criticar – isso destrói o relacionamento em qualquer lugar. Jesus enfatizava que a paz somente é possível quando as pessoas souberem perdoar o outro.

A história demonstrou que essa proposta de Jesus - que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. (João 15.12) – tem sido mais duradouro que qualquer projeto político. Projetos políticos um dia acabam. A história – o passar do tempo – acaba demonstrando que os vitoriosos nem sempre tiveram razão. Que os herois muitas vezes fizeram trapaça. Que eles condenaram inocentes para continuar no poder. Também Jesus foi acusado injustamente pelos líderes judeus. O povo foi manipulado para condenar a Jesus. Os maus podem prosperar por um momento, mas a história sempre os condenará.

Mas Deus se coloca ao lado do injustiçado. Ele sempre faz a sua luz brilhar sobre a escuridão. O ódio, a mentira – podem ser destruidores e convencer a muitos por um momento – mas a luz de Deus vai resgatar a dignidade dos humildes, dos injustiçados, dos que foram vítimas da maldade dos outros.

Amém.
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo da Páscoa
Testamento: Novo / Livro: Mateus / Capitulo: 21 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 11
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 41854

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