Vida Celebrativa - Ano Eclesiástico


ID: 2654

1 Tessalonicenses 2.1-8 - 22° Domingo após Pentecostes - 29/10/2023

Auxílio Homilético

29/10/2023

 

Prédica: 1 Tessalonicenses 2.1-8
Leituras: Levítico 19.1-2, 15-18 e Mateus 22.34-46
Autoria: Gabrielly Ramlow Allende
Data Litúrgica: 22° Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 29/10/2023
Proclamar Libertação - Volume: XLVII

 

Comunhão e testemunho, eis a nossa missão!

1. Introdução

Se o individualismo da pós-modernidade trazia desafios para a vivência da fé cristã, a pandemia causada pela Covid-19 trouxe claramente ameaças. O isolamento, o distanciamento social, bem como o uso de máscaras vêm sendo apontados como fatores desmotivadores na volta à vida em comunidade. Percebe-se um medo nas pessoas em voltar para a igreja nos cultos e nas atividades dos grupos.

O tempo litúrgico pós-pentecostes nos impulsiona para um olhar próximo, amoroso e propositivo em mudanças. O fenômeno de Pentecostes foi um marco para a história da igreja. Foi onde tudo começou. Cada discípulo tocado e inspirado pela força do Espírito sai para levar adiante o que havia recebido de nosso Senhor, Jesus Cristo. Dessa forma, o texto de Levítico e o do Evangelho de Mateus apontam para um agir a partir da lei máxima do amor. Da mesma forma, Paulo quis motivar a comunidade de Tessalônica. O apóstolo lembra para aquela comunidade que tudo o que ele e Silas fizeram e falaram, foi por amor a Deus e as pessoas de Tessalônica.

2. Exegese

Paulo escreveu de Corinto as Epístolas aos Tessalonicenses e isso ocorreu durante a sua segunda viagem missionária por volta de 50-51 d. C. Tessalônica era a cidade mais populosa e próspera na Grécia antiga, no reino da Macedônia, por dois fatores importantes: a cidade foi construída no melhor porto natural no mar Egeu e estava localizada no principal caminho que ligava Roma à Ásia.1

Provavelmente, a Primeira Carta aos Tessalonicenses é a mais antiga do apóstolo, dirigida a uma das primeiras comunidades cristãs na Europa. Sua história é contada em Atos 17. Nesse relato, lemos que Paulo e Silas passam pelas cidades de Anfípolis e Apolônia e chegam em Tessalônica. Cumprindo seu costume, Paulo se dirige à sinagoga de Tessalônica e fala as boas novas sobre Jesus como Messias e, em poucos dias, já havia um grande número de não judeus convertidos e senhoras da alta sociedade. Desta forma, um grande número de judeus e gregos decidem seguir a Jesus e dão início à comunidade cristã de Tessalônica. Porém, o anúncio de Paulo de Jesus como o verdadeiro Senhor e Rei (At 17.7) acabou gerando alguns conflitos na cidade entre os seus líderes.

Paulo e Silas tiveram que fugir. Os cristãos de Tessalônica sofreram situações constrangedoras frente à população local. Ao saberem da situação dos cristãos de Tessalônica, Paulo e Silas sofrem, pois tinham amor por aquelas pessoas. Sendo assim, essa carta foi uma tentativa de o apóstolo voltar a ter contato com as pessoas às quais havia pregado o Evangelho e com as quais havia convivido por certo tempo. Paulo soube por Timóteo (1Ts 3.6-8) que os cristãos de Tessalônica haviam se mantido fiéis a Cristo, apesar das perseguições, e que estavam se multiplicando. Nessa carta não há broncas ou admoestações, pelo contrário, há elogios, manifestações de admiração e incentivo para que seus irmãos e suas irmãs cresçam na fé.

A passagem bíblica prevista para o 22º Domingo após Pentecostes pode ser dividida em três partes:

1) v. 1 e 2: Paulo refere-se ao tempo em que esteve entre os tessalonicenses. Foi um tempo de dificuldades, pois foram maltratados e insultados em Filipos. Porém, o apóstolo lembra que Deus os encorajou para anunciar a boa notícia que vem dele.

2) v. 3 e 4: Nessa parte da perícope, podemos perceber que o apóstolo revela algo considerável: para falar da intenção missionária, ele enfatiza o que não fizeram, desmascarando comportamentos e falas oportunistas. Justifica dizendo: pelo contrário, a atuação dele, de Silas e Timóteo teve como primícia a vontade de Deus. Paulo ainda afirma que tiveram a aprovação e a incumbência divina para a evangelização. Desta forma, deixa claro à comunidade de Tessalônica que não fizeram para agradar as pessoas, mas a Deus, que os chamou e enviou para a missão.

3) v. 5 ao 8: Esse trecho revela o coração pastoral de Paulo. Fica expresso nesses versículos a postura pastoral e a forma pública como o apóstolo expressa seus sentimentos com relação àquela comunidade.

A ida missionária a Tessalônica teve a intenção de levar a boa notícia de Deus às pessoas. A cidade era grande e com muita circulação de pessoas provenientes de vários lugares. Alguém precisava abraçar o chamado e se dirigir às pessoas daquelas terras. Paulo e Silas assim o fizeram. E, para tanto, receberam a aprovação de Deus. Por consequência, criaram vínculos fortes de amor e respeito pelas pessoas que passaram a constituir aquela comunidade. Os vínculos foram fortes, tai quais vínculos familiares.

3. Meditação

A presença dos missionários em Tessalônica trouxe ameaça aos poderosos e detentores do poder em Tessalônica. O discurso de servir e seguir ao Rei Jesus, que tem como máxima o amor a Deus e ao próximo, colocava à prova regimes e regras em que não cabem relações de solidariedade e respeito. Era cômodo para os poderosos incentivar a prática religiosa politeísta com os deuses gregos e romanos, permitindo relacionamentos e vivências desleais, promíscuas e desrespeitosas. Para os líderes de Tessalônica, a expressão “Messias”, Ungido, Rei foi uma afronta e ameaça! Outro rei para Tessalônica? Um rei com um reinado de justiça e amor? Isso é inadmissível! As perseguições, os constrangimentos e questionamentos iniciam.

O discurso missionário e o viver em comunidade são encarados como ameaça para ideologias locais e lideranças da sociedade. A vida em comunidade conforme a vontade de Deus causou e sempre causará desconforto em líderes opressores e oportunistas. Esses líderes estão espalhados por todas as cidades, em muitos lugares e, até mesmo, em algumas famílias.

Porém, como bem vimos na realidade do texto, o anúncio do Evangelho apresenta para todas as pessoas que há caminhos e formas de viver a vida de forma diferente. Há possibilidade de conviver com pessoas praticando o amor, o respeito e a solidariedade, pois temos Jesus Cristo, o nosso Senhor e Rei, o nosso Messias, que veio até nós para mostrar o quanto somos valiosos aos olhos de Deus e que assim deve ser também entre nós.

O apóstolo Paulo foi portador dessa mensagem à comunidade de Tessalônica, apontando e apresentando um Deus que tem em seu regime a lei do amor. Isso libertou a comunidade e a empoderou para resistir a tudo que não vem de Deus e que a distancia de Deus, de sua vontade para todas as pessoas.

Pode-se entender que Paulo encoraja a comunidade cristã de Tessalônica a permanecer firme na fé em Cristo. Suas palavras de admiração vinham de um coração regado de saudade pelo tempo que passaram juntos, pelos bonitos vínculos feitos com aquelas pessoas.

Tessalônica era uma comunidade que fazia seu papel como testemunha do Evangelho, auxiliada pelo agir do Espírito de Deus. Ela passa por provações, mas resiste, porque se fortalece na fé. Isso revela que o anúncio e a ação missionária de Paulo foram ações de Deus, foram da vontade de Deus e por isso não foram em vão. Da mesma forma que Deus moveu Paulo e Silas até Tessalônica e os instruiu para a missão, Deus estava com essas pessoas em seu testemunho, capacitando-as a continuar falando das boas novas do Evangelho. Certamente, muitas eram as pessoas que por ali passavam e que ainda não tinham ouvido falar do Rei Jesus, do Messias, do Salvador.

4. Imagens para a prédica

As relações de poder sempre existiram e sempre existirão. É natural que tudo que ameace a perda de poder cause desconforto e problemas. A questão é: que tipo de poder serve melhor para a nossa vida, para nossas relações? Aqui está a chave oferecida pelo texto bíblico. Quando nos deixamos reger/guiar/liderar pelo poder de Deus, nossa vida torna-se digna e abundante.

Atribui-se a Michel Foucault uma frase que diz: “Não se deve fazer como aqueles que, ao serem picados pelas abelhas, renunciam a colher o mel”. A comunidade de Tessalônica não recuou no testemunho e na vivência da fé cristã. Pelo contrário, essa comunidade estava se expandindo, o que contribuía mais e mais para a missão de Deus.

Sugere-se aqui o uso de paralelos com os surgimentos das comunidades da IECLB, da comunidade em que se dará essa pregação (logo mais, em 2024, teremos a celebração dos 200 anos de presença luterana no Brasil). Descobrir como foi o surgimento, as dificuldades enfrentadas, a perseverança dos antepassados na fé, criará vigor para as dificuldades enfrentadas na atualidade, com tempos pandêmicos e cheios de desafios para nossas comunidades. Que ao mencionar sobre essas histórias, não se crie saudosismos em relação a pessoas, mas que se ressalte a importância da missão de cada liderança, de cada membro que pôde ser parceiro e parceira da ação do Espírito Santo de Deus em suas comunidades. Esse movimento também possibilitou que as comunidades vivessem em clima familiar, fortalecendo a comunhão e os vínculos.

Nesse sentido, cabe pontuar na fala o evento de Pentecostes, que é lembrado e celebrado a cada ano. Estamos no 22º Domingo após Pentecostes e também estamos aqui sendo motivados e motivadas pelas palavras de Paulo a seguir com nosso testemunho, expandindo a fé a quem carece ser libertado e acolhido pelo amor de Deus que nos é dado por Cristo Jesus.

Nossas comunidades fizeram muito em termos de resistência e perseverança, e tudo isso é causa de admiração, seja no surgimento da igreja ou nos desafios atuais. Muitas são as pessoas que estão fora ou afastadas do convívio comunitário. Isso pode ser por não conhecer a Cristo e as boas novas do Evangelho, ou por medo, ou perda da motivação comunitária. O que se pode afirmar é que esses apontamentos revelam que é necessário e urgente continuar o testemunho da fé cristã como Paulo, Silas, Timóteo e as pessoas da comunidade cristã de Tessalônica. A missão de Deus é tarefa de toda a comunidade batizada.

Sugere-se ressaltar que a motivação seja para a honra e a glória de Deus, pois assim serão testemunhos tocados e aprovados pelo próprio Deus. Por consequência, tais testemunhos serão duradouros.

5. Subsídios litúrgicos

Hinos:

HPD 1, 226 – Irei por onde Deus quiser
HPD 2, 417 – Igreja que serve

Rememoração do Batismo: Sugere-se o rito da Rememoração do Batismo com a motivação de lembrar que a missão de Deus é tarefa de todas as pessoas batizadas. Juntas devemos ir ao encontro de quem está longe ou perto, precisando ser motivados para a vida de comunidade. Que as pessoas presentes sejam lembradas da comunidade de Tessalônica, das pessoas que fundaram as comunidades luteranas e assim permanecerem firmes também em seus testemunhos. Termine a rememoração lembrando que o Auxiliador, o Espírito de Deus estará conosco na missão.

Após esse rito, sugere-se o hino LCI 254 – Espírito de Deus.

Bibliografia

KUNZ, Marivete Zanoni. Auxílio homilético para 1 Tessalonicenses 2.1-8. Proclamar Libertação. São Leopoldo: Sinodal; EST, 2010. v. 35, p. 329-334.
LENKE, Ângela. Auxílio homilético para 1 Tessalonicenses 2.1-8. Proclamar Libertação. São Leopoldo: Sinodal; EST, 2013. v. 38, p. 321-326.
PAULINAS. A Missão de Paulo em Tessalônica. Publicado em junho de 2002. Disponível em: .

Nota:

1 .


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Autor(a): Gabrielly Ramlow Allende
Âmbito: IECLB
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo do Tempo Comum
Área: Governança / Nível: Governança - Rede de Recursos / Subnível: Governança-Rede de Recursos-Auxílios Homiléticos-Proclamar Libertação
Natureza do Domingo: Pentecostes
Perfil do Domingo: 22º Domingo após Pentecostes
Testamento: Novo / Livro: Tessalonicenses I / Capitulo: 2 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 8
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 2022 / Volume: 47
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 69520

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Cada qual deve se tornar para o outro como que um Cristo, para que sejamos Cristos um para o outro e o próprio Cristo esteja em todos, isto é, para que sejamos verdadeiros cristãos.
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Devemos orar com tanto vigor como se tudo dependesse de Deus e trabalhar com tanta dedicação como se tudo dependesse de nosso esforço.
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