Vida Celebrativa - Ano Eclesiástico


ID: 2654

1 Reis 17.8-16

Auxílio Homilético

11/11/2018

 

Prédica: 1 Reis 17.8-16
Leituras: Marcos 12.38-44 e Hebreus 9.24-28
Autoria: Jilton Moraes
Data Litúrgica: 25º. Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 11/11/2018
Proclamar Libertação - Volume: XLII


 Na desventura, a ventura da obediência

1. Introdução

O texto básico exibe duas pessoas em tempo de fome: Elias, o profeta que, obedecendo ao Senhor, procura uma viúva pedindo-lhe comida; e a viúva, que lhe deu o que seria sua última refeição. Eles formam um enredo que, sem a intervenção divina, seria desgraça. Confiando no Deus de Israel eles passam da fome à fartura; o pranto cede lugar ao canto e, em clima de encanto, ocorrem os fatos.

O texto de Marcos 12.38-44 apresenta o ensino de Jesus aos que ministram a Palavra, a partir do exemplo negativo dos mestres da lei que, cheios de ostentação, buscavam os lugares mais destacados nas sinagogas e banquetes. O agir deles contrastava com o de Elias, enquanto este protegeu a viúva, aqueles devoravam suas casas e, como disfarce, faziam longas orações.

Já o texto de Hebreus 9.24-28 aborda a supremacia do trabalho redentor de Cristo. Os sacerdotes sacrificam um animal, Cristo doa a sua vida em sacrifício; os sacerdotes entravam no santuário feito por homens, Cristo entra nas mansões celestiais e nos resgata, tornando-nos participantes da herança eterna. Os sacrifícios dos sacerdotes eram oferecidos várias vezes, mas o sacrifício de Jesus é único: assim como morremos uma só vez, ele foi oferecido uma só vez e nos dá libertação completa.

Servimos a Deus, mas no servir a ele não há razão para a soberba. O poder é dele e é ele quem nos convoca e nos capacita. O sentido do servir está em humildemente ajudar pessoas e nunca aumentar-lhes a afl ição. Assim, obedecemos a quem por nós se entregou.

2. Exegese

Além da Nova Versão Internacional (NVI), uma leitura comparativa é utilizada com Almeida Revista e Atualizada (ARA), A Mensagem (M), Bíblia Interconfessional (BI), Bíblia de Jerusalém (BJ), Melhores Textos (MT) e Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH).

A perícope fala de Elias e da viúva de Sarepta.

v. 8: Então a palavra do Senhor veio a Elias. Mesma linha de MT: Veio--lhe, então a palavra do Senhor. ARA traduz: O Senhor Deus disse a Elias. BI: Então o Senhor disse a Elias. NTLH e M: O Eterno disse a Elias. Como saber se é Deus quem está realmente falando? De que modo o Senhor fala hoje? O  autor da Carta aos Hebreus responde: Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo (Hb 1.1-2). Tudo quanto Deus tem a nos falar está na sua palavra.

v. 9: Vá imediatamente para a cidade de Sarepta de Sidom e fique por lá. Ordenei a uma viúva daquele lugar que lhe forneça comida. Uma ordem a ser obedecida (1) no tempo certo – sem demora; (2) em um destino definido – Sarepta de Sidom; (3) com uma clara incumbência – ficar ali para ser alimentado por uma viúva. Essa determinação não era fácil de ser cumprida. Os antecedentes da narrativa mostram claro como Elias fora provado. Ficou escondido, por ordem do Senhor, junto ao riacho de Querite, onde por algum tempo foi alimentado pelos corvos e bebeu água do riacho. Mas, como consequência da seca, o córrego secou. Nesse contexto, Deus lançou um novo e terrível desafio ao profeta: ser alimentado por uma viúva. Deus tinha uma nova experiência de fé para o profeta.  Tendo vivido a solidão de ser alimentado pelos corvos, agora ele tinha uma família com quem compartilhar. Mas nem por isso os dias seriam mais fáceis. De qualquer modo, a troca da mantenedora parecia vantajosa: uma mulher, mesmo sendo uma viúva, certamente seria melhor do que os corvos. Se Deus a ordenou que sustentasse o profeta, certamente ela teria condições de fazê-lo. Mas não era exatamente alguém com provisão financeira que Elias encontraria.

v. 10-12: E ele foi. Quando chegou à porta da cidade, encontrou uma viúva que estava colhendo gravetos. Ele a chamou e perguntou: Pode me trazer um pouco d’água numa jarra para eu beber? Enquanto ela ia indo buscar água, ele gritou: Por favor, traga também um pedaço de pão. Juro pelo nome do Senhor, o teu Deus, ela respondeu, não tenho nenhum pedaço de pão; só um punhado de farinha num jarro e um pouco de azeite numa botija. Estou colhendo uns dois gravetos para levar para casa e preparar uma refeição para mim e para o meu filho, para que comamos e depois morramos. Elias não questiona, tão somente obedece. Quem transmite a palavra do Senhor precisa estar pronto a obedecer tudo quanto ele manda. Elias foi, levantou-se para obedecer, mesmo não podendo compreender. Logo na entrada da cidade ele encontra uma viúva apanhando gravetos. Ele se aproxima dela com dois pedidos: água e um pedaço de pão. Diante desse segundo pedido, a mulher revela sua condição de pobreza absoluta. Não tinha nenhum pedaço de pão. Tudo que tinha era um punhado de farinha e um pouco de azeite, ingredientes para a última refeição dela e do filho. Diante desse quadro, o que fazer? Essa mulher é a mantenedora do profeta. Deus mandou que ele a procurasse, então ele tem algo especial. O mantimento do profeta não virá dela, mas do Senhor. Ela o alimentará porque Deus proverá.

 “O nome ‘Sarepta’ significa em hebraico ‘lugar de fundição’. Com certeza, o Senhor, ao conduzir Elias para o ‘lugar de fundição’, tinha o propósito de prepará-lo para seu grande desafio, mas também fundir (derreter) a vã e velha fé daquela viúva nos deuses pagãos para uma fé viva e eficaz no único e verdadeiro Deus, o Deus de Elias” (. Acesso em: 1º maio 2017). A confiança de Elias na palavra do Senhor era tamanha que ele não se abala e fala para acalmar, desafiar e orientar a viúva:

v. 13-14: Elias, porém, lhe disse: Não tenha medo. Vá para casa e faça o que disse. Mas primeiro faça um pequeno bolo com o que você tem e traga para mim, e depois faça algo para você e para o seu filho. Pois assim diz o Senhor, o Deus de Israel: A farinha na vasilha não se acabará e o azeite na botija não se secará até o dia em que o Senhor fizer chover sobre a terra. Junto com o alento, o desafio, ela e o filho não morreriam de fome. Mas ela precisaria confiar em Deus e repartir, viver na convicção de que Deus abençoa e habilita os que recebem a também abençoar outros necessitados. A oportunidade dela era participar do sustento do profeta. Não é quem menos tem condições financeiras que deixa de ser abençoado, mas quem não é capaz de repartir. Crendo no cumprimento da promessa, a mulher obedece. Deus ordenara a essa viúva para sustentar o profeta (v. 8). Já havendo sido tocada pelo Senhor, ele ouviu na palavra de Elias a confirmação do desafio divino.

v. 15-16: Ela foi e fez conforme Elias lhe dissera. E aconteceu que a comida durou todos os dias para Elias e para a mulher e sua família. Pois a farinha na vasilha não se acabou e o azeite na botija não se secou, conforme a palavra do Senhor proferida por Elias. A obediência ao Senhor é sempre uma resposta
de fé. Cremos que ele cuida de nós e que a vontade dele é sempre o melhor. No reino de Deus, a capacitação nunca é pessoal, é dom do Alto. Com ela Deus nos abençoa, possibilitando-nos ajudar aos outros. Deus abençoou a viúva para que ela abençoasse o profeta e essa bênção se estendesse a outras pessoas.

3. Meditação

Da fome à fartura

Uma história com dois personagens: Elias, o profeta, e a viúva, conhecida por sua cidade, Sarepta. Esse fato mostra o apego ao Senhor, capaz de fazer alguém se desapegar de seus planos para cumprir o que Deus manda . Assim foi com os dois protagonistas. Obedecendo à palavra do Senhor, eles passaram da fome à fartura. A bênção vem pela submissão: somente obedecendo à palavra do Senhor vivenciamos completa fartura.

Da fome à fartura ouvindo a palavra do Senhor

– Deus falou à Elias e à viúva:

(v. 8): A palavra do Senhor veio a Elias.

 v. 9): Ordenei a uma viúva daquele lugar que lhe forneça comida.

– A ordem foi detalhada (v. 9): Vá imediatamente para a cidade de Sarepta de Sidom e fique por lá.
 

O desaparecimento das águas do riacho fez desaparecer as condições de vida em Querite. Sarepta seria o novo esconderijo do profeta, a opção de vida que Deus concedia.

– O problema não era a ordem em si, mas seu complemento.

(v. 9b): Ordenei a uma viúva daquele lugar que lhe forneça comida.

O profeta não questiona. No lugar dele muita gente discutiria.

– Saber ouvir é indispensável ao crescimento espiritual (Rm 10.17): A fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo. Qual tem sido a nossa experiência? Nossa preocupação deve ser escutar e atender o Senhor. Bênçãos resultam da nossa audição e submissão a ele. Ouvimos o Senhor porque ele nos orienta: nessa orientação está a bênção.

Da fome à fartura obedecendo à palavra do Senhor

Elias ouviu e obedeceu prontamente (v. 10): Elias foi.

– Mas a viúva é pobre demais (v. 10): Quando chegou à porta da cidade, encontrou uma viúva que estava colhendo gravetos.

No lugar do profeta, o que pensaríamos? Essa viúva não tem o bastante para fornecer o meu alimento; essa viúva sem recursos para se manter pode cuidar da minha manutenção? Será que em Sarepta não tem alguém mais indicado? Mas Elias agiu de acordo com o que lhe falara o Senhor.

– Chamou a viúva e pediu (v. 10): Pode me trazer um pouco d’água para eu beber?

Era a primeira prova para testar a liberalidade da viúva. Ela foi aprovada.

– Mas a prova maior chegava. (v. 11): Enquanto ela ia indo buscar água, ele gritou: Por favor, traga também um pedaço de pão.

Saciar a sede seria possível, mas providenciar alimento era impraticável.

– Comer e morrer (v. 12). Ela respondeu: Juro pelo nome do Senhor, o teu Deus, Não tenho nenhum pedaço de pão; só um punhado de farinha num jarro e um pouco de azeite numa botija. Estou colhendo uns dois gravetos para levar para casa e preparar uma refeição para mim e para o meu filho, para que a comamos e depois morramos.

A viúva expõe a situação: ela e o filho morreriam de fome; tudo que tinham era a última refeição. Comeriam e morreriam. O Deus de Elias, o nosso Deus, torna possível o impossível. Ele muda a história.

Da fome à fartura usufruindo a bênção do Senhor

– Quando tudo parecia perdido, sem mais qualquer esperança, surge o anúncio da ação divina (v. 13): Elias, porém, lhe disse: Não tenha medo...

– O cumprimento da palavra profética dependia do agir da viúva.

Mantendo a calma: Não tenha medo;

Realizando o que planejou (v. 13): Vá para casa e faça o que disse;

Mudando a prioridade (v. 13): Mas primeiro faça um pequeno bolo com o que você tem e traga para mim e depois faça algo para você e o seu filho.

– Mudar a prioridade era o desafio; sair do comando em obediência ao Senhor; servir primeiro ao profeta e só depois prover alimento para ela e o filho.

– A promessa clara (v. 14): Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: A farinha na vasilha não se acabará e o azeite na botija não se secará até o dia em que o Senhor fizer chover sobre a terra.

– Ela foi aprovada! Ouvindo e obedecendo à Palavra, a viúva usufruiu a bênção do Senhor: passou da fome à fartura.

(v. 15-16): Ela foi e fez conforme Elias lhe dissera. E aconteceu que a comida durou todos os dias para Elias e para a mulher e sua família. Pois a farinha na vasilha não se acabou e o azeite na botija não se secou, conforme a palavra do Senhor. Passar da fome à fartura, mais que ter garantia da manutenção do sustento material, é ter convicção de viver na presença do Senhor. A pior fome é a carência do alimento espiritual e o melhor suprimento é ser recebido pelo Pai, ser alimentado pela Palavra dele, sabendo que ele cuida de nós. Ouvindo e obedecendo à palavra do Senhor, somos abençoados. Amém.

4. Imagens para a prédica

Marcos e Lucas contam a história de outra viúva que, à semelhança da viúva de Sarepta, entregou tudo o que tinha ao Senhor. Ela tem sido identificada como a viúva pobre. Mas essa designação é falha. Jesus a observou no momento da entrega das ofertas: enquanto os ricos ofereciam grandes quantias, ela doou duas moedas, aparentemente insignificantes. Ainda assim, Jesus, que vê o coração, afirmou haver ela dado mais do que todos os outros. Ela e a viúva de Sarepta se parecem: as duas doaram o que aos olhos humanos era impossível – ambas deram tudo o que tinham; as duas foram honradas pelo Senhor.

As maiores bênçãos na vida de Moisés começaram a acontecer a partir do momento em que ele se dispôs a obedecer. Somente a partir da obediência ao Senhor veio sua realização.

Responder “sim” aos desafios do Senhor não é fácil. Saber exatamente o que ele quer exige busca, renúncia e, muitas vezes, sacrifício. A melhor capacitação para obedecer é buscar conhecer mais e mais quem é o Senhor que nos desafia: Conheçamos o Senhor; esforcemo-nos por conhecê-lo. Tão certo como nasce o sol, ele aparecerá; virá para nós como as chuvas de inverno, como as chuvas de primavera que regam a terra (Os 6.3).

Aprendemos às duras provas que é melhor ter menos recursos e nos ajustarmos para obedecer ao Senhor do que ter todas as condições possíveis, fugindo da vontade dele. A felicidade não está no centro das riquezas materiais, mas no centro da vontade de Deus. Não somos mais ricos quando temos mais, mas quando temos coragem para obedecer à palavra do Senhor.

5. Subsídios litúrgicos

Litania

Leitura bíblica: Salmo 119.16-17 – Tenho prazer nos teus decretos; não me esqueço da tua palavra. Trata com bondade o teu servo para que eu viva e obedeça à tua palavra.

Hino: HPD 2, 379 – Estou pronto, Senhor, para ouvir-te falar

Leitura bíblica: Salmo 119.18,105 – Abre os meus olhos para que eu veja as maravilhas da tua lei. A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho.

Hino: HPD 1, 119 – Chuvas de bênçãos teremos

Oração: Pai, confiamos completamente nas tuas misericórdias; elas se renovam a cada dia e são a causa de não sermos consumidos. Ajuda-nos a nos fi rmar mais e mais na tua Palavra e a estar para sempre firmes no Senhor. Amém.

Hino: HPD 1, 119 – Os que confiam no Senhor (1ª estrofe)

Bibliografia

MATHENEY JR., M. Pierce. In: ALLEN, Clifton J. (editor geral). Comentário Bíblico Broadman, Velho Testamento. Rio de Janeiro: JUERP, 1993. v. 3.


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Autor(a): Jilton Moraes
Âmbito: IECLB
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo do Tempo Comum
Área: Governança / Nível: Governança - Rede de Recursos / Subnível: Governança-Rede de Recursos-Auxílios Homiléticos-Proclamar Libertação
Natureza do Domingo: Pentecostes
Perfil do Domingo: 25º Domingo após Pentecostes
Testamento: Antigo / Livro: Reis I / Capitulo: 17 / Versículo Inicial: 8 / Versículo Final: 16
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 2017 / Volume: 42
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 50213

AÇÃO CONJUNTA
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Nós não anunciamos a nós mesmos. Nós anunciamos Jesus Cristo como o Senhor.
2Coríntios 4.5
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Deus é um forno ardente repleto de amor, que abraça da terra aos céus.
Martim Lutero
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