Quaresma - Tríduo Pascal - Tempo Pascal



ID: 2656

Páscoa - Por Mais Humanidade

Mt 28.5-6

08/04/2020

Estimado irmão! Querida irmã! Graça e paz sejam com vocês!

O Anjo diz às mulheres que vão ao túmulo de Jesus no domingo de manhã: Não tenham medo! Sei que vocês estão procurando Jesus, que foi crucificado, mas ele não está aqui; já foi ressuscitado como tinha dito. Venham ver o lugar onde ele foi posto. Mt 28.5-6.

Páscoa. Dia de libertação tanto para judeus quanto para cristãos. Judeus celebram a libertação do seu povo da escravidão do Egito. Cristãos celebram a libertação da humanidade do jugo do pecado. Não somos mais escravos do pecado. Estamos sob o poder do perdão e da graça que Deus nos concedeu quando Cristo morreu para nos libertar. Portanto, Páscoa é motivo de dupla alegria e renovado compromisso com Deus que fez esta aliança com seu povo.

É festa porque Deus elegeu o seu povo para salvá-lo e amá-lo. Antes de ser exclusividade no sentido de excluir os demais, é festa inclusiva porque as portas jamais estiveram fechadas. Cristo foi conduzido a salvador de toda a humanidade pelo próprio Deus quando interferiu que ele morresse em favor da humanidade. Não é somente salvador de uma etnia, mas da diversidade de etnias com as quais o Criador povoou este mundo.

A pandemia do Novo Coronavírus nos impede de celebrarmos a Semana Santa e a Páscoa em comunidade como por séculos a cristandade tem feito. Esta condição nos faz refletir sobre a nossa finitude e fragilidade como criaturas. Somos impotentes diante de tantas limitações as quais a humanidade está condicionada. Somos muito mais dependentes do amor e dos cuidados de Deus do que queremos reconhecer. Isso mais uma vez fica claro na pandemia que assola toda a humanidade.

Na Páscoa Deus criou as condições para que a humanidade pudesse conviver entre si e abriu as portas para que pudéssemos ter comunhão com ele. O próprio Deus providenciou as condições para esta convivência e a salvação da humanidade. As condições sob as quais está firmada esta nova aliança é a resposta que o mestre da lei deu a Jesus: Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças e com toda a mente. E ame o seu próximo como você ama a você mesmo. Lc 10:27. Este é o fundamento sobre o qual a vida de fé está firmada.

A humanidade será liberta desta escravidão do Novo Coronoavírus pelo amor expresso no ficar em casa, no estudo para a descoberta da cura, no cuidado com as pessoas idosas e mais vulneráveis, no cuidado incansável das trabalhadoras da área da saúde. Verdade é que também nos momentos limítrofes percebemos onde colocamos a força vital. Há pessoas oportunistas que revelam a sua índole quando compram um estoque de comida tão grande que outras não conseguem comprar. Ou outras compram todo o álcool gel e vendem a um preço absurdo. Ou ainda quando a vida recebe menos valor do que bens e o mercado.

Precisamos urgentemente ser libertos da escravidão do egoísmo e do acúmulo que mata pessoas e relega tantas a morrer de fome e sede. Que depois desta pandemia, possamos novamente nos encontrar e perceber que todos nós precisamos do dom da outra pessoa. Ninguém se “basta” ou pode viver sozinha neste mundo. Assim como para judeus e cristãos aconteceu uma libertação pessoal, mas não individual, assim nós precisamos ser resgatados pessoalmente para uma vida comunitária, coletiva e do compromisso mútuo. O amor a Deus é incompleto se não se revelar no encontro com o irmão e a irmã.

Creio que a Páscoa de Jesus nos fortalecerá na percepção de que a criação toda de Deus foi por ele criada em harmonia e interdependência. Quando há desequilíbrio, toda a criação sofre. É tempo de valorizarmos o clamor que vem da natureza, das periferias das cidades, da ciência, da teologia, da sabedoria popular, da pandemia. Não podemos mais permitir passivamente que o mercado dite as regras e coloque valores na vida de pessoas e comprometa a sustentabilidade do planeta. Podemos reaprender a trabalhar com as qualidades de cada pessoa, por meio do diálogo e do respeito. Deus assim o faz. Não aceita o nosso pecado, mas quer salvar a pessoa pecadora. Que possamos ser mais humanos nesta Páscoa e para sempre. Amém.


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