Quaresma - Tríduo Pascal - Tempo Pascal



ID: 2656

Onde há conversa ali Jesus está!

Lucas 24.13-35 - A caminho de Emaús

25/04/2020

Emaús
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ONDE HÁ CONVERSA ALI JESUS ESTÁ!

A conversa é essencial para nosso ser–humano, face a face, olho no olho, toque no ombro, abraços, beijos, tapinhas nas costas, afagos nas mãos... Enfim, a presença física. O nosso eu só se torna pleno, completo, com a relação com o Tu.

Se fizermos uma enquete e perguntarmos do que as pessoas mais sentem saudades neste tempo de quarentena, a resposta será unânime: contato físico, encontros, comunhão com amigos, familiares, comunidade de fé, relações humanas diversas. Jesus sabia disso, por isso ele se aproxima, já ressuscitado, aos discípulos que caminhavam e iam pelo caminho até Emaús, cf. Lc 24.13-35.

Na aproximação Jesus faz uma pergunta motivadora, pergunta chave: “O que vocês estão conversando pelo caminho?” Esta pergunta faz os discípulos mudarem de semblante, apesar da tristeza e de estarem cabisbaixos, eles passam a levantar os olhos do chão e olhar para o rosto do peregrino desconhecido. Sem perceber começam a sair de seu fechamento e a alegrar-se porque alguém está interessado em saber quais são as causas de sua tristeza e quer escutá-los.

Alegramo-nos quando alguém nos pergunta como estamos indo, mesmo que virtualmente, e nos desejam coisas boas por mensagens e vídeos, mas nada substitui o olhar, o poder levantar o olhar diante de outra pessoa que no contato físico nos pergunta: “Como você tem passado estes dias de isolamento? O que estás sentindo?

Ao perguntar, os discípulos passam a abrir o coração e a contar tudo o que havia acontecido com o Mestre, o que por sua vez causava tamanha tristeza e decepção na vida dos caminhantes... A pergunta motivacional de Jesus, a sua forma de se aproximar, a sua pedagogia efetua resultado e os discípulos passam a falar... Ao falar aliviam o peso do coração!

Após o diálogo surge o momento para a colhida. É assim que acontece com a gente também. Após uma boa conversa, um bate papão em nossos lares, convidamos a pessoa pra tomar um cafezinho, um chimarrão, e seguimos partilhando a vida. É assim que se vive comunhão ao redor da conversa e da partilha do pão. Os discípulos sabiam disso por isso convidaram o peregrino: “Fica conosco, já e tarde; fica conosco para partimos juntos o pão.” E nesta boa partilha as conversam seguem e são aprofundadas... Coisas novas acontecem... Ideias são acalentadas e acendidas... Esperanças renovadas!

Na partilha simples e improvisada do pão, com aquilo que se tem, com o jeito de cada pessoa ser, os olhos das pessoas são abertos... Acontece transformação, mudança de vida, partilha de toques e olhares, risos e lágrimas, ali há sinais de ressurreição. Como comundade cristã ainda não podemos partilhar o pão abertamente neste tempo de isolamento social com todas as pessoas, mas oremos para que este dia chegue e possamos celebrá-lo com alegria contagiante no olhar, gesto de amor revigorante no tocar e esperança duradoura no proclamar...

Fiquemos coma reflexão de Adroaldo Palaoro sobre este texto que diz:

“O diálogo é consubstancial ao cristianismo. Deus é Palavra criadora e geradora de vida, mas em Jesus ela se manifesta como uma grande conversação. Sua presença junto aos discípulos de Emaús, é que possibilita a passagem de uma “conversa e discussão” marcada pela tristeza, dor e fuga a uma nova conversação, cheia de sentido e alegria. Os dois discípulos viveram uma verdadeira “páscoa”, isto é, passaram da discussão ao reconhecimento, do fechamento à abertura, do lamento ao agradecimento, do desânimo ao entusiasmo.

Em resumo, a “passagem” do coração vazio e duro para o coração transbordante e abrasado. A nova conversação os arranca da solidão e os faz retornar à comunidade para relatar a boa nova da experiência que fizeram. Conversação expansiva, desencadeadora de outros relatos vitais. E assim, os laços são reatados.

Sabemos que, a partir de uma posição conservadora, estática, rígida, é muito difícil que haja uma verdadeira conversação. É preciso sair de si mesmo, colocar-se em marcha. Só nesse deslocamento é onde podemos nos abrir às novas experiências e reconhecer a presença do outro. O modo eminente de conversação entre as pessoas é aquele no qual se dá uma mútua atualidade da presença, e, portanto, um modo de comunicação no qual toda a pessoa se expressa, com gestos e palavras, e tem um caráter pascal, ou seja, a passagem para a comunhão, a paz, a iluminação...”                                                                                                                             

Fonte: (<http://www.ihu.unisinos.br/42-noticias/comentario-do-evangelho/566962-caminho-de-emaus-conversacao-que-transforma>).

Deus que se faz Um com a gente na relação, na boa conversa, no ouvir e falar, no responder e interagir. Agradeçamos pelas boas conversas que até aqui tivemos, lamentamos pelas que perdemos ou recusamos e intercedemos para que sempre haja tempo para boas e profundas conversas presenciais em nossos caminhos. Valorizemos o bom e saudável falar e ouvir em comunidade, em família, no trabalho, em sociedade na certeza de que Jesus sempre está conosco a caminho, para abrirmos o coração e partirmos juntos e juntas o pão!

Amém!

Pastora Cristina Scherer

Paróquia Litoral Norte Catarinense


Autor(a): Pa. Ma. Cristina Scherer
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: São Francisco do Sul (Litoral Norte Catarinense)
Área: Missão / Nível: Missão - Coronavírus
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo da Páscoa
Testamento: Novo / Livro: Lucas / Capitulo: 24 / Versículo Inicial: 13 / Versículo Final: 35
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 56260

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