Saudação apostólica
Estimados e estimadas rádio-ouvintes:
O que Jesus espera dos seus seguidores e seguidoras?
Esse é o tema do Evangelho de Marcos 8.31-38 que vamos ouvir agora:
Leitura do Evangelho Marcos 8.31-38
Estimados irmãos e irmãs:
Jesus hoje quer dizer aos seus discípulos que tipo de comportamento ele espera das pessoas que o seguem. Jesus está preocupado com a formação de uma comunidade, de um grupo de pessoas que se diferenciam das outras pessoas pela sua forma de vida.
E as palavras de Jesus são bastante claras. A pessoa que decidir segui-lo deve estar preparada para fazer renúncias e isso implicará em sofrimento. Os valores do Reino de Deus vão entrar em conflito com os valores deste mundo, com os poderes e as autoridades deste mundo.
A comunidade cristã, as pessoas seguidoras de Jesus devem ter sempre as portas e os braços abertos para os que são excluídos, os doentes, as mulheres, os deficientes – enfim pessoas marginalizadas que eram consideradas impuras.
Colocar-se ao lado dos marginalizados pode ferir interesses poderosos e até mesmo suscitar reações violentas. Mas sofrer por estar ao lado dos mais fracos, sofrer por fazer a vontade de Deus representará sempre um ganho para Deus.
E então Jesus fala - que ele mesmo vai sofrer, que ele vai ser rejeitado pelos líderes judeus, pelos chefes dos sacerdotes, e pelos mestres da Lei e vai ser morto (v.31). Jesus tem gente poderosa contra ele.
Essas palavras de Jesus incomodaram ao discípulo Pedro, que chamou Jesus para o lado e começou a repreendê-lo (v. 32). Pedro diz a Jesus que as pessoas não vão seguir um líder que fica anunciando dificuldades e que anuncia que as autoridades vão persegui-lo e leva-lo à morte.
Para Pedro, quando uma pessoa procura uma religião (uma igreja) – ela quer uma religião que possa fazer algo por ela. Os templos ficam cheios de gente, se a religião consegue atender aos interesses das pessoas.
Portanto, a religião deve oferecer algo para as pessoas e não exigir um compromisso delas. As pessoas fogem do compromisso. Por isso, Pedro o repreende.
Será que Pedro estava errado?
O que Jesus responde a Pedro?
Jesus por acaso diz:
- Desculpa ai, Pedro, você tem razão. Comecei mal. Eu me empolguei e falei sem pensar.
Foi isso que Jesus disse? Não!
Jesus se vira para Pedro e diz: Saia da minha frente, Satanás!
Usar o poder de Deus para atender os interesses pessoais de bem-estar, ou para impressionar as pessoas com espetáculos de milagres e de poder, tudo isso Satanás já tinha proposto a Jesus no deserto. O que Pedro está dizendo a Jesus, Satanás já havia dito a Jesus na tentação no deserto.
E Jesus diz ainda: Você está pensando como um ser humano pensa e não como Deus pensa (v.33).
Para deixar claro o que Deus pensa, Jesus então chama os outros discípulos e também a todas as pessoas que o estavam ali e diz:
Se alguém quer ser meu seguidor precisa esquecer seus próprios interesses. Somente quem estiver pronto para morrer será capaz de me acompanhar.
Jesus não quer uma igreja onde as pessoas entram e saem e ninguém se importa com ninguém. Jesus não quer uma igreja onde as pessoas só vão para pedir algo de Deus.
A igreja de Jesus deve ser o lugar onde eu vou fazer a vontade de Deus. Se no mundo é difícil fazer a vontade de Deus, se individualmente o que eu posso fazer é quase nada, então é através da igreja que o amor a Deus e a fé em Deus – devem ter como consequência o amor ao próximo. Jesus nos diz hoje que quem quiser segui-lo deve estar disposto renunciar os seus interesses e aprender a viver uma vida mais solidária. A solidariedade é uma das características dos seguidores de Jesus.
Mas a solidariedade precisa ser verdadeira e não uma solidariedade interesseira. A solidariedade interesseira – não funciona com Jesus. A solidariedade interesseira é dessas que diz: se você der 100 para Deus, então Deus vai te devolver 1.000. Essa solidariedade interesseira não é o que Jesus ensina. E como luteranos e luteranas também podemos dizer que a solidariedade interesseira é também contrária a teologia luterana. Martin Lutero nos ensina que a solidariedade e as boas obras – somente são agradáveis a Deus se elas estiverem desprovidas de qualquer interesse de recompensa. A solidariedade ou as boas obras não servem para comprar a salvação eterna e nem exigir bênçãos de Deus para essa vida aqui na terra. A solidariedade e as boas obras servem somente para que saibamos se estamos fazendo o que Jesus espera de sua igreja ou não. A igreja deve ser fiel a Jesus aos ensinamentos de Jesus. A vontade de Deus deve sempre estar em primeiro lugar.
A missão da Igreja, dos seguidores de Jesus é propagar o Evangelho de Jesus Cristo, estimulando a sua vivência pessoal na família e na comunidade e promovendo a paz, a justiça e o amor entre as pessoas e o cuidado com a Boa Criação de Deus.
É nisso que Jesus pede que a igreja dedique suas energias. A igreja que Jesus deseja não deve deixar que problemas de fora contaminem essa missão e a boa convivência entre as pessoas. A igreja deve ser lugar de comunhão, de perdão, de acolhida, de inclusão, de aceitação, de reconciliação.
O Evangelho de Jesus Cristo oferece salvação por graça de Deus para todas as pessoas. Mas é na postura diante da mensagem do Evangelho que cada pessoa decide a sua eternidade. A Salvação é graça de Deus, mas essa graça de Deus exige o nosso compromisso e a nossa fidelidade a Jesus.
Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai – que nos ama e nos cuida com amor de mãe, e a comunhão do Espírito Santo permaneçam no meio de nós. Amém.