Quaresma - Tríduo Pascal - Tempo Pascal



ID: 2656

João 14.15-21

Auxílio Homilético

21/05/2017

 

Prédica: João 14.15-21
Leituras: Salmo 66.8-20 e 1 Pedro 3.13-22
Autoria: Erní Walter Seibert
Data Litúrgica: 6º. Domingo da Páscoa
Data da Pregação: 21/05/2017
Proclamar Libertação - Volume: XLI

1. Introdução

O período do Ano Eclesiástico é determinante na escolha dos textos para a prédica deste domingo. Estamos no 6º Domingo da Páscoa – imediatamente antes da festa de Pentecostes. Os acontecimentos da paixão, morte e ressurreição de Jesus ainda estavam vivos na mente dos discípulos. Mas, ao mesmo tempo, aproximava-se outra separação: a ascensão. E aí estaria sendo inaugurado o período que seguiria até a segunda vida de Cristo. Nesse período, a igreja receberia o Consolador, o Espírito Santo. Presença de Jesus e ausência de Jesus, um sentimento paradoxal que iria acompanhar a igreja. Em outras palavras, isso é por vezes expresso pelas expressões “já” e “ainda não”. Já se vive a vitória conquistada por Cristo, mas ainda não estamos na glória, estamos ainda sob a cruz. Segurança e insegurança, presença e ausência de Cristo, esses sentimentos e situações paradoxais acompanharão o dia a dia dos cristãos desde a ascensão até a segunda vinda de Jesus. Será um período em que os cristãos precisam de amparo para poder viver a vida cristã. E Jesus providencia isso. Ele promete o Espírito Santo. Jesus promete que o Espírito Santo acompanhará a vida da igreja e será o grande consolador, ensinador, auxiliador dos cristãos.

2. Exegese

O texto da perícope deste domingo está inserido no contexto em que são descritos os últimos dias de Jesus perto de e em Jerusalém. Jesus estava preparando seus discípulos para os acontecimentos da Semana Santa, quando ele seria preso, crucificado, passaria pela morte, sepultamento e depois ressuscitaria.

Os versículos 16 e 17 falam de como será a vida dos discípulos de Cristo no futuro. Uma característica do discípulo é o amor. Esse amor tem como consequência guardar os mandamentos ou obedecer a Deus. Isso é distintivo dos discípulos. Em contraste com os discípulos está o mundo. Os discípulos estão no mundo, mas se distinguem do mundo por causa da obediência a Deus. Não é fácil obedecer a Deus num mundo hostil. Por isso Jesus faz a promessa de que os discípulos receberão o Auxiliador (parakletos), o Espírito da verdade. O mundo não tem esse espírito. O espírito do mundo é outro. O espírito do mundo não é santo.

Os versículos 18 a 20 estão cheios de promessas de Jesus a seus discípulos. A primeira promessa é que eles não estarão sós, não estarão abandonados. Jesus estará com eles. Mesmo que os discípulos aparentemente estejam sós, a promessa de Jesus é de que ele estará sempre com eles. É altamente consoladora essa promessa. Em qualquer situação, por mais difícil que seja, os que confiam em Cristo contam com sua presença. Os discípulos estão sempre na companhia de Jesus.

A segunda promessa é de que os discípulos verão Jesus. O mundo não o verá, mas os discípulos o verão. Isso mostra que a visão de Deus é algo especial. Não é algo corriqueiro, que qualquer pessoa pode ter. Isso está reservado aos discípulos. A presença de Jesus pode ser vista na palavra de Deus e nos sacramentos. O mundo não reconhece a palavra de Deus e não vê nada especial nos sacramentos (Batismo e Santa Ceia). Mas os discípulos sabem que onde a Palavra é ouvida, ali está a presença de seu Senhor; e onde os sacramentos são distribuídos, ali está o Salvador presente. De um lado, é uma presença misteriosa ou sacramental. Por outro lado, é uma presença real. Jesus cumpre sua promessa de que seus discípulos o verão e o mundo não o verá.

A terceira promessa é que os discípulos viverão como Cristo. Ele venceu a morte. Os discípulos de Jesus igualmente não serão vencidos pela morte. Eles viverão. A morte é uma grande ameaça para todas as pessoas. É altamente consolador saber que a morte foi vencida por Cristo e que essa promessa vale para todos os que creem em Cristo.

Finalmente, a promessa é de unidade dos discípulos com Cristo e com Deus. Todas essas promessas têm a finalidade de animar e consolar os discípulos, preparando-os para os tempos depois da ascensão de Jesus. E a maior de todas as promessas é que eles terão o Consolador, o Espírito Santo.

O versículo 21 volta a dar uma palavra de ânimo aos discípulos, para que eles guardem os mandamentos de Deus. O amor é novamente lembrado. A perícope começou a falar do amor e agora encerra com o mesmo tema. A obediência a Jesus tem a ver com amor. A obediência é fruto do amor.

3. Meditação

O texto do evangelho deste domingo traz uma mensagem para a igreja que vive o tempo entre a ascensão e a segunda vinda de Jesus. O texto traz uma mensagem para nós. O que Jesus previu para seus discípulos é o que estamos passando hoje.

Os discípulos de Jesus aparentemente estão sós no mundo. O Senhor Jesus subiu aos céus e não pode ser visto. Mas sua voz pode ser ouvida. A pregação da palavra de Deus pelos discípulos é a mensagem do próprio Deus. Além disso, Deus instituiu os sacramentos. No Batismo e na Santa Ceia, a igreja tem a presença sacramental do Senhor em seu meio. As promessas de Deus que estão vinculadas ao Batismo e à Santa Ceia são cumpridas neles. Ele prometeu perdão dos pecados, vida e salvação. Jesus não abandonou seus discípulos. Ao contrário, ele está presente.

Além disso, o Consolador, o Espírito Santo foi dado para a igreja. O Espírito Santo consola a igreja, dando testemunho de Cristo. As promessas que Cristo fez são verdadeiras. Se olharmos para os vinte séculos que separam a igreja de quando ele fez a promessa, vemos que tudo se cumpriu. Na igreja primitiva, durante o período em que muitos foram perseguidos e mortos por causa da fé, houve vários exemplos de pessoas que testemunharam a fidelidade das promessas de Jesus. Policarpo de Esmirna é um conhecido exemplo disso. Ele foi instado pelos oficiais romanos a abandonar a fé. No entanto, ele teria dito que por 86 anos havia servido ao Senhor Jesus e esse sempre lhe fora fiel. Por que haveria de abandonar a fé nesse momento extremo?

Hoje muitos cristãos ainda passam por martírio. E o testemunho de mui- tos é de que Deus lhes tem sido fiel durante toda a vida. Por isso eles não estão dispostos a negá-lo na hora da morte. Deus dá seu Espírito Santo a seus filhos. E eles manifestam um espírito santo em suas vidas. E esperança da vida eterna é um ânimo especial para seguirem fiéis, fazendo a vontade de Deus em suas atividades diárias.

A imagem que correu o mundo dos jovens cristãos egípcios sendo conduzidos por seus algozes para o fuzilamento chocou muitas pessoas. Aqueles jovens mártires perderam a vida por sua fé. Mas com os jovens cristãos permaneceram as promessas de vida eterna. Deus amparou-os até o fim.

4. Imagens para a prédica

A palavra “promessa” tem especial sentido no Novo Testamento. Enquanto “evangelho” significa boa notícia, a palavra promessa – em grego euangelia – remete a uma promessa que haverá de se cumprir. A fé apega-se às promessas que são as mesmas do evangelho. O evangelho e as promessas estão centrados em Cristo.

Quando pais prometem um presente aos filhos pequenos, eles confiam que receberão. Pais que prometem dar um presente de Natal aos filhos, se não conseguirem cumprir a promessa, terão problemas. As promessas de Deus se cumprem. Deus é fiel. Por isso confiar nas promessas de Deus que se cumprem em Cristo; é o centro da fé. Fé e fidelidade têm a mesma raiz. Essa imagem é muito importante para a prédica.

A outra imagem que aparece é que a fé leva a viver uma vida consagrada, em que se faz a vontade de Deus. A fé é viva. Ela não é preguiçosa ou inativa. Por causa da fé os cristãos vivem a vida em conformidade com a vontade de Deus. A vida cristã é fruto da fé. Essa imagem também aparece de forma destacada no texto.

Finalmente aparece a imagem de que não estamos sós. Deus faz suas promessas e dá-nos o Espírito Santo. Ele nos lembra do que Cristo fez por nós. Essa memória de Cristo nos é dada pela palavra de Deus. Ao mesmo tempo, o Batismo e a Santa Ceia são lembranças importantes do que Cristo fez por nós.

5. Subsídios litúrgicos

As demais leituras deste domingo servem como subsídio para a prédica. A leitura do Salmo mostra como Deus não permite que seu povo sucumba, mesmo que esteja submetido a situações difíceis. Deus, no final, conduz seu povo a lugar seguro. Da mesma forma, a leitura da epístola lembra que é importante viver a vida cristã em conformidade com a vontade de Deus e ter sempre a consciência limpa. Além disso, a leitura lembra os benefícios do Batismo. Palavra e sacramentos são meios pelos quais o Espírito Santo nos consola e orienta.

6. Sugestão de esboço para a prédica

Tema: Deus anima-nos com suas promessas:

a) Não estaremos sós. Ele nos dá o Espírito Santo.
b) Nós veremos a Deus.
c) Venceremos a morte.
d) Estaremos unidos com Cristo, com Deus.

Bibliografia

BETTENSON, Henry. Documentos da Igreja Cristã. 3. ed. São Paulo: ASTE, 1998.
KNOX. John. A Integridade da Pregação. São Paulo: ASTE, 1964.
LIVRO DE CONCÓRDIA. Catecismo Maior. São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia.


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Autor(a): Erní Walter Seibert
Âmbito: IECLB
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo da Páscoa
Área: Governança / Nível: Governança - Rede de Recursos / Subnível: Governança-Rede de Recursos-Auxílios Homiléticos-Proclamar Libertação
Natureza do Domingo: Páscoa
Perfil do Domingo: 6º Domingo da Páscoa
Testamento: Novo / Livro: João / Capitulo: 14 / Versículo Inicial: 15 / Versículo Final: 21
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 2016 / Volume: 41
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 45478

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