Celebração em tempos de Corona vírus
LITURGIA DE ENTRADA
Sino
Hino: Como é bonito, Senhor
Acolhida:
Saudamos a todos e todas vocês membros das 13 Comunidades de nossa Paróquia Martin Luther com as palavras que abrem esta nova semana conforme as nossas Senhas Diárias. São palavras que encontramos no Evangelho de João, capítulo 14, versículo 23. Jesus Cristo diz: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.
E também com a palavra que diz: nos momentos de serenidade, agradeça a Deus; nos momentos de crise, confie em Deus; nos momentos de indecisão, espere em Deus; nos erros e fracassos, recomece com Deus. (autor desconhecido).
Pastor João e eu estamos hoje na Igreja da Comunidade da IECLB em Arco Íris, município de Erval Seco. Continuamos a celebrar através da gravação de vídeos. Infelizmente ainda não podemos realizar encontros presenciais, mas nos unimos mesmo na distância geográfica através deste culto virtual. Que possamos ter um momento especial de oração, de reflexão da Palavra de Deus e comunhão, mesmo cada qual em sua casa. Sintamo-nos acolhidos e acolhidas para este momento. Momento que realizamos em nome e na presença do Trino Deus:
Saudação Trinitária: Deus Criador; Deus Filho – nosso irmão e Salvador; e Deus Espírito Santo a força que nos motiva homens e mulheres, jovens, crianças e pessoas idosas a vivermos e testemunharmos o Reino de Deus.
Oração
Oremos: Deus de Amor e Misericórdia! Graças te damos por mais este momento. Agradecemos por termos os recursos da internet para chegar até a casa de nossos membros com uma palavra de amor e esperança que encontramos nas Sagradas Escrituras. Te agradecemos por todo cuidado e amor que recebemos de ti. Estamos vivendo tempos de angústia e medo. O tempo tem passado e não sabemos quando poderemos novamente nos encontrar juntos em tua casa. Tem sido tempos sofridos. Entretanto, sabemos que não estamos sós. Podemos contar contigo em cada passo desta jornada.
Mesmo assim, Deus, quantas vezes nos deixamos levar pelo desânimo e sentimos que nada pode mudar. Perdoa-nos e dá-nos o teu Espírito para poder sonhar novos sonhos. Quantas vezes complicamos a mensagem do Evangelho. Perdoa-nos e dá-nos coração disposto. Quantas vezes nos deixamos levar por nossas necessidades, sem nos darmos conta do que tu esperas de cada um e cada uma de nós. Perdoa-nos e seja a mão que guia a nossa vida. Quantas vezes sentimos que já somos tudo o que podemos ser e não deixamos que teu Espírito nos surpreenda. Quantas vezes fechamos nosso coração aos demais e esquecemos que eles são nosso próximo. Perdoa-nos e dá-nos coração aberto e generoso.
Deus de amor e compaixão, nós aqui estamos na tua presença porque cremos que contigo teremos forças e criatividade para enfrentar cada dia dos dias que virão. Celebramos cultos virtuais porque cremos que nos enxergas, nos carregas, nos perdoas e enxugas nossas lágrimas ali onde estamos. Ilumina-nos com teu Espírito para acolhermos com fé e devoção a tua Palavra neste momento. Por nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Amém
Anúncio da Graça:
Deus tem misericórdia de cada pessoa e por isso sempre ele tem uma palavra de carinho, orientação e consolo a nos dar. Ouçamos o que está escrito em Colossenses 2.6-7: Já que vocês aceitaram Cristo Jesus como Senhor, vivam unidos com ele. Estejam enraizados nele, construam a sua vida sobre ele e se tornem mais fortes na fé, como foi ensinado a vocês. E deem sempre graças a Deus.
LITURGIA DA PALAVRA
Recebamos com alegria a leitura do Evangelho cantando...
Canto: Aleluia (182 LCI)
Leitura do Evangelho: João 14.15-21
A Palavra de Deus é lâmpada para guiar nossos passos, é luz que ilumina a nossa caminhada. Aleluia!
Canto: Ale, ale, ale luuia... (188 LCI)
Mensagem
A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam em cada lar, com cada pessoa que nos ouve. Amém.
Gente querida, estamos no 6o domingo da Páscoa. Ainda nos encontramos no tempo pascal, pois Páscoa não é só um domingo, mas é um período que compreende sete domingos, ou seja, sete semanas que tem seu término no domingo de Pentecostes. Portanto, a cada ano temos no Calendário Litúrgico, 50 dias para celebrar e vivenciar a notícia maravilhosa da Páscoa: Jesus está vivo. Ressuscitou. Com certeza esta fé está conosco a cada dia do nosso viver, entretanto a Igreja nos convida a um vivenciar com mais intensidade esta notícia do tempo pascal. É um convite e uma oportunidade para experimentarmos as maneiras como Cristo ressurreto se apresenta e como as primeiras Comunidades viveram e experimentaram esta notícia. E para este tempo recebemos como texto base para a pregação neste domingo o trecho da primeira carta de Pedro, capítulo 3, os versículos 13 a 22... que passo a ler...
LEITURA
A primeira carta de Pedro provavelmente foi escrita em Roma, entre os anos 62 e 64 d.C. e foi dirigida as pessoas cristãs que foram expulsas de Jerusalém e dispersadas pela Ásia Menor. A realidade já era de perseguição, que vai se intensificando até que o imperador Nero decide aniquilar quem professava a fé cristã. Pedro se dirige de forma especial às pessoas que receberam e aceitaram o chamado de Deus e agora são perseguidas pela fé que professam. São pessoas que já passaram pelo ensino e pelo Batismo e agora como pessoas batizadas estão integradas na comunidade cristã.
Pedro quer através desta carta encorajar e animar estas pessoas a se manterem firmes na fé e nos princípios cristãos. São pessoas com posturas e valores diferentes do mundo em que vivem, e com isso sofrem as consequências de um mundo conturbado, violento e injusto.
Esta primeira carta de Pedro quer, então, animar e fortalecer as comunidades cristãs para que se mantenham firmes e fiéis à Cristo mesmo em meio ao sofrimento decorrente da perseguição. A carta quer ser uma mensagem de encorajamento e exortação para que diante dos sofrimentos a comunidade cristã tenha uma postura de resistência e de confiança, a exemplo de Jesus. Que escolham sempre o caminho do bem e evitem o mal, que sejam humildes e vivam concretamente o amor de Deus uns com os outros.
Quando Pedro escreve esta carta ele já havia vivenciado a realidade de estar preso e de ser torturado. Já havia enfrentado a sua fé ser provada e pôde dar seu testemunho no Cristo ressurreto. Ele, que um dia havia fraquejado, agora se sentia fortalecido e podia assumir a sua vocação de levar o Evangelho a todas as pessoas, mesmo sendo perseguido, preso e torturado.
Pedro, assim, exorta e aconselha as pessoas cristãs de seu tempo e procura ajudar nos sentimentos que começam a surgir de dúvidas e medo, trazendo o seu testemunho coerente e amoroso.
O pequeno trecho da primeira carta de Pedro previsto para este domingo quer ser uma exortação para que, mesmo em meio aos sofrimentos decorrentes à perseguição, os cristãos e as cristãs não sucumbam e consigam se manter firmes e fiéis a Jesus Cristo, que mesmo em meio ao sofrimento e à angústia possam viver com e em amor, respeitando e cuidando quem está próximo.
É impressionante como estas palavras de Pedro vêm de encontro aos nossos dias. Mesmo que no país onde vivemos não somos perseguidos por sermos cristãos, continuamos enfrentando uma realidade de dor, sofrimento e injustiças cada vez mais gritantes. A pandemia apenas deixou esta realidade mais escancarada. Como viver a fé cristã nestes tempos? Como manter-se firme na fé em Jesus Cristo e consequentemente na esperança de um tempo onde a vida de todas as pessoas serão respeitadas e valorizadas; e onde a criação será de fato a nossa casa comum e todas as pessoas serão responsáveis em cuidá-la?
Vivemos dias difíceis e complicados. O medo e a insegurança são as nossas companhias em muitos momentos destes dias. Mas, também, assim como no tempo de Pedro, é tempo propício para o testemunho coerente e o fortalecimento da fé que professamos.
Refletindo sobre o texto bíblico previsto e buscando em leituras subsídios para esta pregação, me deparei com um lindo e profundo testemunho. Confesso que as palavras que li tocaram fundo no meu coração e vieram de encontro a muitas coisas que João e eu temos sentido e conversado. Também me dei por conta, que por mais que eu pense ou acredite que saiba não consigo, e talvez jamais consiga saber, todas as realidades que estão sendo vivenciadas neste tempo de pandemia. O que tem passado no mais profundo de nosso ser? O que tem passado no coração dos e das colegas de ministério? Como estão as pessoas que fazem parte das nossas Comunidades e da Igreja Cristã no mundo? Quais são as nossas reflexões? Que tipo de testemunho temos dado às pessoas bem próximas a nós e também por meio das redes sociais? Estamos ouvindo com frequência que o mundo não será mais o mesmo depois da pandemia. Que mundo queremos? Que mundo estamos gestando? Que Igreja queremos ser quando puder ter encontros presenciais? Temos saudades da vida comunitária? Se sim, que vida comunitária é essa? A do simples atendimento ou o da vivência comunitária, o do cuidar uns dos outros?
Sim, são muitos questionamentos... Mas, por hora, para a nossa reflexão, apenas quero trazer o testemunho que me referi antes. Ele foi dado, escrito, por um pastor da nossa igreja e que também foi nosso professor de História da Igreja no tempo dos estudos de teologia. Hoje já está aposentado, ainda assim cuida com carinho de um ponto de pregação em São Leopoldo. Homem de fé, de muito conhecimento, repleto de sabedoria. Posso ficar horas ouvindo suas palavras. Tem o dom da oratória que é feita com paixão. Pastor e Dr. Martin Norberto Dreher João e eu somos gratos pelo teu testemunho...
Ouçamos o seu testemunho e que suas palavras possam também tocar o teu coração e te encoraje a viver a fé cristã com toda a sua radicalidade, nestes tempos sombrios e também depois...
Irmãs e irmãos!
Assim como vocês, estou cheio de sofrimentos. Não posso dar abraços nem beijos. Aprendi que é importante dar as mãos, quando se cumprimenta alguém. Não posso mais fazê-lo e não sei por quanto tempo. Não posso sair de minha casa para visitar os que estão sós. Não posso ir tomar chimarrão com os vizinhos, nem mesmo com os filhos. Não posso abraçar o neto e as netas. Mas, estou tentando fazer o que é certo: busco respeitar o mandamento que diz: “Não matarás”. Ao evitar contatos e saídas de minha casa, não cometo suicídio e vejo a vida como presente dado por Deus que deve ser preservado. Também respeito a vida dos outros, não querendo transmitir-lhes a morte. Em relação aos que me procuram procuro manter distância.
Tenho sofrido por não poder ir a velórios, nem a sepultamentos. Nos últimos dias, não pude me despedir de dois colegas e de duas esposas de pastores que me foram muito importantes ao longo da vida. No dia das mães não pude levar flores a minha mãe no cemitério, no qual descansa. Devo, porém, confessar que sofro mais quando vejo as cenas que me mostram que os hospitais estão cheios de pessoas que não podem ser visitadas, que morrem sós. Sofro, quando vejo que familiares não podem ver, velar, se despedir de seus mortos, sepultados em valas comuns. Quando me despedi de meus queridos, depositei-os em sepulturas individuais, enfeitei-as com flores e, na cabeceira, coloquei uma cruz. Os que hoje sepultam seus mortos não o podem fazer. Sofro quando vejo surgirem milhões de desempregados e vejo pessoas minimizando os sofrimentos.
Sei que há pessoas que se lembram de mim e de minha esposa. Os filhos nos trazem os alimentos. Para outros, vizinhos o fazem. Há pessoas me enviando vídeos, mensagens, telefonando. (Confesso que, por vezes, fica até demais). Mas sofro pela falta de comunidade, de confissão de fé em conjunto, do partir do pão e da comunhão no cálice da Santa Ceia.
Por outro lado, sou grato por ter podido enviar mensagens a enlutados, dizendo que seus falecidos agora veem no que creram. Sou grato pelas pregações que tenho podido ouvir pela internet, pelos hinos que cantei, sabendo que outros estariam cantando os mesmos hinos naquele momento e confessando a mesma fé.
Numa época em que não nos podemos reunir, em que não podemos comungar, partilhando do mesmo pão e do mesmo cálice, ouvir outros confessando a fé como nós a confessamos, louvando em conjunto, é mais do que importante, é fundamental sabermos que fomos batizados, que fomos enxertados no corpo do Jesus ressurreto e que nele temos comunhão uns com os outros e também com os que foram antes de nós. Louvado seja Deus. Amém.
Confissão de Fé:
Da mesma forma como as primeiras Comunidades cristãs proclamavam as verdades de sua fé, assim vamos fazê-lo através das palavras do Credo Apostólico:
Creio em Deus...
Canto: Oração da Igreja (205 LCI)
Oração (Baseado no poema “Para o teu louvor” de Eunice Pereira da Silva).
Que bom, Deus, saber que fazemos parte, deste gigantesco universo que criaste. Onde tantas coisas se perdem ou se encontram.
Sabemos que não somos a estrada, que muitos passam por ela; mas podemos indicar o caminho que conduz à vida eterna.
Sabemos que não somos o sol que a tantos calor trás, nem tão pouco a lua aconchegante. Podemos não ser uma estrela cintilante; mas temos o brilho marcante de Cristo.
Sabemos que não temos a imensidão dos céus, da terra e dos mares. Nem o belo vôo da águia; Mas podemos sentir o perfume das flores, o sabor do mel, o afago de pessoas amigas. E podemos te louvar, Deus Criador, com alegria.
Sabemos que podemos falar do amor do Salvador ao irmão e a irmã, vizinho ou amigo. Podemos estender a mão a quem precise. Podemos levar alguém aos pés de Cristo. Podemos agradecer-te Deus porque nos fizeste; e que ainda nos estás fazendo.
Sabemos que somos apenas o barro nas mãos do oleiro. Deus, faze-nos um vaso novo, para o teu louvor e para levar a tua justiça e a tua verdade a todas as pessoas que fazem parte da nossa vida e da nossa história.
Fortalece a nossa fé, nos encha de coragem no testemunho verdadeiro do teu Evangelho. Nos dê paciência e a certeza de que tudo ficará bem e que depois quando a vida poder ser vivida com tranquilidade fora das paredes de nossas casas, possamos sair renovados e renovadas, qual lagarta que se transformou em borboleta. Recebe a nossa vida, nossas preocupações, nossos medos e nossas esperanças quando juntos nos unimos na oração que Jesus, teu Filho e nosso irmão, nos ensinou...
Pai nosso
LITURGIA DE ENCERRAMENTO
Hino: Bênção da Irlanda (289 LCI)
Bênção Final
Que o Deus criador nos recrie para a comunhão e a partilha.
Que o Filho salvador nos salve do egoísmo e do desamor.
Que o Espírito Santo nos sopre para a fraterna ternura dos filhos e filhas de Deus.
Envio:
Fiquem na paz e no amor, no abraço, na salvação e no sopro do Trino Deus. Amém!
Sino