Gustavo e Clara nasceram na Europa. Logo após o casamento, migraram ao Brasil, onde desejavam criar seus filhos e progredir. Eram pessoas simples, de muita fé e coragem. Na pequena comunidade luterana que havia na Colônia tornaram-se líderes. Ela conduzia o grupo de senhoras e também o grupo de oração. Ele dava ensino às crianças e adolescentes. Também substituía o pastor na sua ausência. Inclusive, por vezes, fazendo sepultamentos.
Eles tiveram 5 filhos. O menino mais velho, em homenagem ao avô que ficou na Alemanha, se chamava Jacó. Era um garoto esperto que tinha o espírito de liderança dos pais. Ele lutava lado a lado desde pequeno para construir aquilo que pertencia à família. Mas também, à medida que crescia, deixavam claro que desejava conquistar seu próprio espaço.
Aos 17 anos, Jacó manifestou seu desejo de sair de casa. Queria conhecer outros lugares. Queria observar outros jeitos de viver, outras profissões. Ele sabia que sua viagem não era apenas um sonho de menino. Era, de fato, uma busca por conhecimento. Sonhava partir, mas sabia que sempre haveria espaço para ele em casa. Afinal, as terras não eram muitas, mas com dedicação poderiam adquirir outro pedaço.
Aquela noite, após a notícia do desejo em partir, foi de muita preocupação aos pais. Enquanto o filho sonhava com suas aventuras, eles estavam pensativos. Ao amanhecer, Gustavo propôs ao filho, antes de sua saída, que acampassem uma noite no meio da mata virgem. Seriam somente os dois. Um passeio... Uma conversa adulta... Um momento de orientação...
Havia um riacho que cruzava as terras da família. Gustavo sugeriu ao filho que seguissem à sua margem até a nascente. A mata era densa. Ninguém jamais tinha se aventurado naquela direção. Partiram de madrugada, antes de o sol sair. Quando amanheceu já estavam em terras desconhecidas. Caminharam até o entardecer entre os morros, às vezes pela margem, outras pelo leito do rio. Curtiram a natureza. Repararam na bela criação de Deus. Havia perigos. Todavia, tudo era muito belo.
Antes que escurecesse, encontraram um local adequado para acampar. Estavam a meio caminho do alto de um morro. A água se esgueirava entre as rochas. Via-se ao longe o sol se pondo no horizonte. Uma imagem inesquecível. Sentia-se a presença de Deus naquele lugar. Ouvia-se o ruído das águas batendo nas rochas. Aqui e acolá, uma pequena cachoeira. Com os olhos percebia-se à distância o caminho do riacho. Cada vez mais distante dos olhos, todavia sempre maior com a junção de outros pequenos fios d’água.
Ajuntaram alguns galhos secos, derrubados pelo vento. Fizeram uma fogueira para espantar os insetos e outros animais, para proteger-se também do frio da noite. Da mochila retiraram um pedaço graúdo de charque e um pão, colocados ali com carinho pela mãe, que com certeza tinha os dois no pensamento e em suas orações.
Ambos admiravam, ora o céu estrelado, ora o fogo a crepitar, soltando faíscas ao ar, misturando as pequenas luzes do céu, com as fagulhas da terra. A caminhada do dia os deixou extremamente cansados. Assim, adormeceram tranquilos, após juntarem mais lenha ao fogo.
Porém, ao amanhecer, da enorme fogueira, restava somente o brilho de algumas brasas. Gustavo pediu que o filho olhasse com atenção ao que restou do fogo. Então, passou a falar: Você lembra a fogueira que fizemos ontem à noite? Era enorme! Antes de dormir, colocamos madeira grossa e dura.
As chamas subiam vigorosas aos céus. Elas desejavam vencer as trevas, tomar conta do mundo. Tudo o que chegava perto era devorado, seja pelo calor, seja pela brasa. Mas, afinal, o que sobrou do nosso fogo?
Na vida, continuou o pai, certas pessoas são como o fogo. Em seu vigor, em seu ímpeto, elas acham que podem enfrentar tudo o que vem pela frente. Querem conquistar o mundo. Confiam demasiadamente em si mesmas. Também, procuram tirar proveito daquilo que as cerca. Mas, por fim, tudo acaba em cinzas.
Contudo, existem pessoas que são como o riacho. Começam pequenos, num canto qualquer. Em silêncio, seguem seu rumo, às vezes devagar, outras com mais pressa, contornando obstáculos, procurando brechas, caminhos melhores, obtendo cada dia o apoio de outros afluentes, enriquecendo-se a cada nova curva, a cada encontro.
O fogo deseja destruir tudo ao seu redor. O rio é provedor de vida no meio onde está. Ele oferece moradia para algumas espécies e sustento às demais. Anos a fio, marcha rumo ao seu destino, sempre maior. Por fim, chega ao oceano. Em si, não é eterno, mas permanente no encontro com o mar.
Agora me diga, questionou o pai: Jacó! Que tipo de pessoas você quer ser? Você, por natureza, é um líder. Então, assemelha-se ao fogo ou ao rio? É egoísta e momentâneo ou tem projetos maiores do que a si mesmo?
O rosto de Jacó se iluminou, pois entendeu a instrução do pai. Entendeu sua lição da natureza. Sabia que seu pai não o impediria de seguir seus sonhos, de procurar seu lugar. Todavia, agora sairia com seus pés no chão, pensando não somente em crescer como pessoa, mas também em proporcionar crescimento àqueles que Deus colocou à sua volta. Ser um líder, de fato.
Fim da história, início da lição...
Segundo o relato bíblico, somente Adão e Eva não tiveram pais. Foram criados e orientados pelo próprio Deus. Mesmo assim, eles desobedeceram. Aprenderam do jeito mais fácil, em comunhão com o Criador. Mas, também aprenderam pela dor, rompendo sua relação com Deus, no pecado. Eles tiveram sua família. Os irmãos Caim e Abel foram somente o início. Filhos diferentes, com sentimentos e compromissos diferentes.
Doravante, Deus presenteou a humanidade com mais e mais crianças. Uma geração segue outra. Uma geração ensina outra. Esse processo pode acontecer com Deus e sua palavra. Ou, pode acontecer por conta dos instintos naturais e pecaminosos do ser humano, onde cada qual luta pela sua sobrevivência e faz doutro um adversário, ao invés de um irmão.
Dentro do projeto de Deus revelado em Gênesis está a FAMILIA. Ela é o meio pelo qual Deus começa a encaminhar seus filhos na verdade. O adulto ensina a criança. O experiente ensina o aprendiz. O ensino conduz ao CRIADOR. O ensino conduz à verdade que é JESUS.
Por isso é que, em Provérbios 22.6, é dito: “Ensina a criança no caminho em que deve andar. Quando for velha, não se desviará dele”. Seja você pai, mãe, avô, avó, padrinho, madrinha, tio, tia, professor de Culto Infantil, enfim alguém que tem acesso e oportunidade para ensinar os pequenos, faça com a sabedoria que vem do alto (Tg 1.5 e 17). Há jeitos diferentes de ensinar a verdade. Todos necessitam aprender com amor. Com a sabedoria de Deus isso fica mais fácil. Ele nos oferece isso.
A parábola do Filho Pródigo aponta à verdade de que todos somos livres para escolher nosso caminho. Podemos ficar ou sair da casa do Pai. Podemos ajuntar, ou desperdiçar. Podemos afundar, mais e mais no pecado, ou retornar à casa paterna. Podemos morrer com o coração endurecido ou arrependidos humildemente experimentar o abraço do Pai.
Então, como filho (ou filha) lembre-se de que Deus o criou para ser livre, independente, capaz de escolher. Dentro disso, seja sábio para ouvir o conselho dos pais, dos adultos, daqueles que tem mais experiência. Mas, também, escolha seu próprio caminho, assumindo as consequências, tendo a liberdade para errar e acertar, sabendo com humildade pedir perdão, quando falhar.
Como adulto, saiba que Deus o convoca a instruir os jovens, seja por palavras, mas, principalmente, pelo exemplo. Seja com ousadia, mas principalmente com sabedoria e amor, muito amor.
Deus te dá a liberdade para escolher: Bênção ou maldição? Vida ou morte? Escolha a VIDA. Seja uma BÊNÇÃO!