O profeta-poeta “Gentileza”, famoso no Rio de Janeiro por suas inscrições nos muros e nas pilastras dos viadutos, afirmava que, ao invés de falar “Obrigado”, dever-se-ia dizer “Agradecido”.
Há, de fato, uma grande diferença entre as duas expressões, e a segunda reflete diretamente aquilo que queremos dizer.
Somos educados para sermos agradecidos. Boas maneiras, etiqueta e bom comportamento recomendam que nas relações humanas tenhamos uma atitude de gratidão. Por que agradecer? Eu diria que o agradecimento espelha a interdependência humana. Reconhecemos que não podemos viver sozinhos.
A partir da fé cristã, estabelecemos uma relação com Deus que traz embutida uma dimensão de carência e dependência. Reconhecemos que não somos auto-suficientes. Tudo o que somos e temos devemos a Deus, o Criador e Mantenedor da vida. Render graças ao Senhor é, por assim dizer, uma atitude de humildade e de reconhecimento dos filhos e das filhas de Deus, em função dos inúmeros benefícios e das inúmeras dádivas recebidas.
Agora, por que dia de ação de graças? A gratidão não deveria ser algo natural no dia-a-dia? Sem dúvida, aprendemos na nossa vida de fé que em nossas orações agradecemos primeiramente e depois pedimos. Dedicar um dia, um domingo, como Dia de Ação de Graças, significa dar um destaque especial para esta dimensão de nossa fé. Confessamos publicamente que, apesar de nossa indignidade, Deus nos abençoa com toda sorte de benefícios. Apesar de muitos reveses e frustrações, podemos colocar nossa vida diante de Deus e dizer-lhe que queremos viver segundo a sua vontade. A partir da fé reconhecemos como dádiva de Deus, os dons e habilidades, o trabalho, os bens, a saúde, os amigos e as amigas, a família, enfim, tudo que favorece o acontecimento da vida.
Dia de Ação de Graças é um dia em que demonstramos com gestos concretos que em nossa vida carecemos de Deus e dos irmãos e das irmãs.
“Bom é render graças ao Senhor e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo” (Salmo 92.1)