Renovo mui delgado brotou – HPD 32
O hino Es ist ein Ros' entsprungen (Renovo mui delgado brotou) é conhecido desde o final do século XVI. Ele contava em 23 estrofes a história do nascimento de Jesus conforme os relatos dos evangelistas Mateus e Lucas. O hino foi publicado pela primeira vez por Arnoldo Quentel no hinário Alte Catholische Geistliche Kirchengesänge (Antigos Cânticos Espirituais Católicos da Igreja) em 1599, na cidade de Colônia, e foi re-editado onze vezes, sendo difundido amplamente pelos Jesuítas.
A melodia transmitida por Arnoldo Quentel junto com o texto deste hino, é chamada de Rosa Mística. Trata-se de uma tradicional melodia natalina da Alemanha. O poeta e compositor luterano Michael Praetorius (1571-1621) de Wolfenbüttel usou essa melodia para criar um arranjo a 4 vozes, o qual ainda hoje em dia vem sendo cantado. Na sua coleção Musae Sioniae de 1609, porém, Praetorius eliminou 21 das 23 estrofes originais, publicando somente duas.
Além disso, ele fez algumas pequenas modificações: A primeira estrofe inicia com um mistério: Renovo mui delgado brotou em tênue pé. Quem é este broto? No original Uma rosa brotou , refere-se a Maria, mãe de Jesus. Praetorius diminui esse acento católico romano dum hino em homenagem a Maria, e transforma o texto em um hino cristão. Em lugar de De imaculada Virgem.... ele diz: Em noite tenebrosa nasceu o Salvador.
Parece que a segunda estrofe traz a solução do enigma. O hinário católico romano dizia: A flor mimosa que nasceu é Maria. Ela deu à luz um filho, e permaneceu imaculada. Porém, Praetorius modificou também essa expressão. Ele não tira de Maria o lugar destacado que Deus lhe tem dado; ele a chama de Maria, a venturosa. Mas, lembrando que Isaías 11,1 fala dum ser masculino (Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes um renovo) Praetorius acentua novamente o nascimento de Cristo Jesus.
No ano de 1844 o pastor Friedrich Layritz (1808-1859) editou um hinário com 450 hinos das épocas de Lutero (1483-1546) até Gellert (1715-1769). Nele encontra-se também o hino Renovo mui delgado (em alemão naturalmente) enriquecido pelas terceira e quarta estrofes. Na terceira estrofe acentua que a florzinha tão pequena é Vero homem e vero Deus. Ele veio para trazer paz, vencendo o pecado e salvando-nos da morte eterna.
A quarta estrofe não consta no nosso hinário HPD, mas está resumida no último verso da terceira estrofe com as palavras guiando-nos aos céus. No original ela é uma oração na qual pedimos: Ó Jesus, até a nossa despedida deste vale de lágrimas, guia-nos com teu auxílio para o Reino do teu Pai, onde eternamente te louvaremos; que Deus nos conceda esta graça!
E agora, antes de mais nada, convém abrir o hinário HPD no número 32, para ler, meditar e cantar este hino maravilhoso.
Michael Praetorius (1571-1621) era um dos compositores mais versáteis de sua época, e importante musicólogo, sendo particularmente importante no desenvolvimento de formas musicais baseadas nos hinos protestantes. Ao nascer, como caçula dum pastor luterano, foi registrado como Michael Schultze. Mais tarde latinizou seu nome, chamando se Praetorius.
Friedrich Layritz (1808-1859) era filho de pastor luterano. Após o estudo de teologia ele assumiu 1837 um lugar de trabalho na paróquia em Merkendorf. A partir de 1842 ele era o pregador na penitenciária em Sankt Georgen, em Bayreuth, onde permaneceu durante 4 anos. Em 1846 foi transferido para a paróquia em Unterschwaningen (na Francônia Central), onde trabalhou até o fim de sua vida. Layritz interessou-se muito pelos hinos que as comunidade evangélicas cantavam. Já em 1837 ele criticou a linguagem ordinária em vários hinos do hinário das igrejas protestantes na Baviera que havia sido publicado em 1810, e voltou-se contra as expressões fúteis e o mau gosto da hinografia da época do iluminismo. Com fervor de um missionário ele lutou pela reforma dos hinários e da liturgia dos cultos. Junto com um amigo ele se empenhou pelo reavivamento do tesouro hinológico da época da Reforma Luterana.
Fonte: Evangelisches Sonntagsblatt aus Bayern – Nr.51/52 de 23-12-2007 – página 8
Uma antiga lenda
conta a origem do hino HPD 32 da seguinte forma:
O monge Bernardo, do convento beneditino em Corvey , cruza o pátio, mas anda com dificuldade pela grossa camada de neve. Ele está com pressa, quer chegar logo à capela aquecida, a fim de preparar o ambiente para a hora da meditação dos frades . Ele se dirige ao altar. Aí pára de repente. Que surpresa! Uma florzinha se lhe apresenta, agora, nesse inverno gelado. Logo ele se lembra: um missionário havia trazido do norte da Europa uma plantinha desconhecida. E agora ela fez brotar uma flor, apesar de neve e gelo.
Bernardo começa a refletir – uma flor na época de Natal! Seus pensamentos se dirigem ao profeta Isaías. Alguns séculos atrás esse havia escrito (Isaías 11,1): “Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes um renovo”. Isto era uma profecia a respeito da vinda de Jesus. O monge conhece toda a história do nascimento do Salvador. Mas apesar disso, vendo agora a florzinha, essa mensagem toca no seu coração de um modo bem novo. A vinda de Jesus a esse mundo não foi semelhante a essa florzinha? Ele nasceu numa noite fria, foi deitado numa manjedoura, porque não havia lugar para ele numa casa. (Lucas 2,7). Frieza e desprezo das pessoas ele sofreu. E no fim o entregaram a morte na cruz. Mas o que ele trouxe às pessoas foi alegria, luz, esperança.
Ao meditar a respeito disso, no coração de Bernardo começaram a formar-se versos com rima. “Renovo mui delgado brotou em tênue pé...” Ele sentiu-se feliz. Passou os versos para o papel. Não queria mais esquecê-los. Meditou mais uma vez sobre este grande presente de Deus. E logo lhe vieram na mente mais alguns versos: Maria, a venturosa, conforme Deus o quis, um filho deu à luz. Em note hostil e escura nasceu Cristo Jesus.”
Fonte: Neukirchner Kalender de 13-12-1994, baseado em Wolfgang Heiner “Bekannte Lieder – wie sie entstanden”, Neuhausen-Stuttgart, 1989, pág. 34/35.