Celebração


ID: 2651

Isaias 42.1-4

Prédica

01/04/2015

Isaias 42.1-4
(P.Nilton Giese- Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Belo Horizonte)

Oração:
A Tua Palavra, Senhor, seja luz para os nossos pés em toda parte; faze com que ela nos acompanhe e ajuda-nos a extrair dela força, orientação e consolo em todas as dificuldades; que nela confiemos sem cessar, na vida como na morte. Por Cristo Jesus, Amém.


Prezada Comunidade:

O texto bíblico do profeta Isaias foi escrito entre 550aC e 540aC. Nesse tempo ele vivia no meio dos exilados na Babilônia. Por tanto, distante de sua terra natal, longe do templo, o profeta Isaias fala do Servo Sofredor de Javé (42.1-4(5-9); 49.1-6(7-13); 50.4-9(10s); 52.13-53.12.). Quem era esse servo? Provavelmente era um pequeno grupo de pessoas que se mantiveram fiel a Deus.
Mas hoje gostaria de refletir com vocês sobre a missão desse servo.
Mesmo vivendo no estrangeiro, debaixo de outros governos e de outras leis e até mesmo de outro Deus, a missão desse Servo não é derrotar os inimigos. Ao contrário, trata-se de promulgar o direito de Deus. Sua tarefa ‘e anunciar a lei do amor e da solidariedade, decorrentes do amor divino pelos mais fracos.

NÃO SE TRATA DE LIQUIDAR O DIFERENTE, mas de ajuda-lo a ser melhor.
Por isso, ele não clama, não grita, não faz ouvir a sua voz na praça. Sua missão não é brutal, não se trata de esmagar a cana que já está quebrada. O direito de Deus, a justiça de Deus nada tema ver com arrasar, liquidar ou destruir.
Tem a ver sim com cuidar daquilo que já está fragilizado, com erguer do chão aquele que já está caído. Tem a ver com devolver as forças, avivar o restinho de chama que ainda está no pavio.

E a promessa de Deus é que o seu Servo não vai desanimar, nem vai se quebrar até que a missão de Deus esteja cumprida.
O Novo Testamento também identifica esse Servo de Jave com Jesus (Mt 13.11-17). Jesus Cristo é o verdadeiro Servo de Deus. Embora Mateus escreva seu evangelho para judeus, é perfeitamente compreensível que, para muitos deles, isso continue a ser escândalo (1Co 23), bem como, para muitos gentios, continuará a ser loucura. Para o povo judeu, o povo de Deus tinha uma nacionalidade e uma religião. Por isso, era precisao ser judeu ou pelo menos converter-se ao judaísmo.

Para Jesus, o povo de Deus já não era um povo ou uma nação. Para Jesus, o povo de Deus ainda não está pronto, mas está em constante processo de construção. Mais e mais pessoas precisam entrar nesse povo. E Jesus chama a tod@s, não somente os mais dignos. A característica desse novo povo de Deus é o permanente desejo em recriar as condições para a boa convivência mútua.

Nós sabemos que a convivência humana entra em crise quando a ambição e o fanatismo cegam o amor ao próximo, quando os indivíduos adotam posições radicais, sem querer enxergar o lado do outro, quando há carência de diálogo, quando acúmulo de situações mal resolvidas, ressentimentos, mágoas, rancor e até outros sentimentos piores; quando construímos barreiras intransponíveis em nossa mente, pois aquilo que pensamos um do outro, muitas vezes, é o maior obstáculo ao bom relacionamento; enfim quando as palavras bonitas estão presentes na boca das pessoas, mas ausentes no coração.

Jesus diz que seu povo – o novo povo de Deus – deve priorizar a boa convivência humana. Isso significa que cada pessoa deve ser capaz de compartilhar o pouco que se tem com o outro (mesmo que sejam 5 pães e dois peixes), cada qual deve ser capaz de perdoar o outro, de dar mais atenção as pessoas que as coisas ou as leis, de ser capaz de renunciar e de entregar, mesmo sabendo que o outro está equivocado e que ele tem a razão.

A história demonstrou que esse projeto de Jesus - que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. (João 15.12) – tem sido mais duradouro que qualquer partido político.

Desta forma, esse projeto de Jesus e o chamado do Servo de Javé do profeta Isaias chegam a nós hoje em 2015, num momento muito especial. Estamos constatando que vigora atualmente muito ódio e raiva na sociedade, seja pela situação particular de corrupção no Brasil, seja pela situação geral de insatisfação política em geral. O psicanalista Sigmund Freud escreveu em 1930 sobre O mal estar na cultura em que, de alguma forma, previa os sinais de uma nova guerra mundial.

O nosso mal-estar é singular e se deriva das várias vitórias do PT com suas políticas de inclusão social que beneficiaram 36 milhões de pessoas em extrema pobreza e elevaram 44 milhões de pobres à classe média. Os privilegiados históricos, a classe alta e também a classe média não ficaram mais pobres por isso. Eles se assustaram com um pouco de igualdade conseguida por aqueles que estavam fora. Por isso, a sua reclamação maior não é que eles estão mal. O que eles reclamam é que poderiam estar ainda melhor, que poderiam ter ganhado ainda mais, se os recursos existentes não tivessem sido canalizado para os mais pobres.

Um economista e analista social, do partido do PSDB, Luiz Carlos Bresser Pereira, escreveu que tal fato “fez surgir um fenômeno nunca visto antes no Brasil, um ódio coletivo da classe alta, dos ricos a um partido e a um presidente; não é preocupação ou medo; é ódio…; a luta de classes voltou com força; não por parte dos trabalhadores, mas por parte da classe alta insatisfeita”.
Uma sociedade que deixa esse espírito se alastrar, destrói os laços mínimos de convivência sem os quais ela não se sustenta. Corre o risco de romper o ritmo democrático e instaurar a violência social. Depois das amargas experiências que tivemos de autoritarismo e da penosa conquista da democracia, devemos, por todos os modos, evitar as condições que tornem o caminho da violência incontrolável ou até irreversível.
Por isso, muit@s se perguntam: Como desmontar este ódio?

Em primeiro lugar, muitos analistas políticos dizem que os políticos no Congresso Nacional precisam fazer um pacto social pelo Brasil. Um pacto que reúna empresários, trabalhadores, movimentos sociais, meios de comunicação, partidos e intelectuais. Todos devem ser um Simão Cireneu que ajudou o Mestre a carregar a cruz.
Para isso, deve-se mudar não apenas a música mas também a letra. Em outras palavras, importa pensar mais no Brasil como nação e menos nos partidos. Estes devem dar centralidade ao bem geral e unir forças ao redor de alguns valores e princípios fundamentais, buscando convergências na diversidade.

Em segundo lugar, nós cristãos também estamos sendo chamados nesse momento a expressar que a força transformadora do amor não são apenas palavras bonitas, mas que tem também uma dimensão coletiva e social. Tal qual o servo de Javé, nossa tarefa não é alimentar o ódio, mas fortalecer o amor a uma causa comum, amor ao povo como um todo, especialmente, àqueles mais penalizados pela vida, amor à nação (precisamos de um sadio nacionalismo), amor como capacidade de escutar as razões do outro, como abertura ao diálogo e à troca. Se não encontrarmos nem escutarmos o outro, como vamos saber o que pensa e pretende fazer? Então começamos a imaginar e a projetar visões distorciadas, alimentar preconceitos e destruimos as pontes possíveis que ligam as margens. Precisamos dar mais espaço à nossa “cordialidade” que nos permite sermos mais generosos, capazes de olhar para frente e para cima e deixar para trás o que ficou para trás e não deixar que o ressentimento alimente a raiva, a raiva o ódio e o ódio, a violência que destrói a convivência e sacrifica vidas. As igrejas, os grupos de reflexão e ação, e todas as pessoas de boa-vontade podemos colaborar no desmonte desta carga negativa. E assimq ue nos desafio o proprio Deus, ser o Servo de Javé de hoje. Jesus tambem nos chama para ser seus servidores, para ser o povo de Deus hoje. E a missão de Jesus é que nos dediquemos a promover a convivência humana. Como na oração de São Francisco: Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão, onde houver discórdia, que eu leva a união. Onde houve d’dúvida que eu leve a fé. Onde houve erro que eu leva a verdade. Onde houver desespero, que eu leva a esperança. Já sabemos que não será uma tarefa fácil, mas a promessa é que o Senhor não deixará que seus servos desanimem e nem se quebrem até que a missão esteja cumprida. A Deus seja dada toda a gloria. Amém.

Oração:
Senhor, que me conheces e me chamas pelo meu nome. Ah, tu sabes como me sinto, o que penso, o que sou e o que aparento. As profundezas do meu coração, tu conheces muito bem. Leva de mim o que me atormenta e dá-me o que ainda me falta. Diante das maldades que enfrento, ajuda-me para que minha alma fique protegida. Ajuda que, por ti purificado, eu seja do teu agrado. Amem
(Philipp Spitta)
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo da Páscoa
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Antigo / Livro: Isaías / Capitulo: 42 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 4
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 32627

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