Celebração


ID: 2651

Filipenses 1.3-11

Auxílio Homilético

06/12/2015

 

 

Prédica: Filipenses 1.3-11
Leituras: Malaquias 3.1-4 e Lucas 3.1-6
Autoria: Vera Maria Immich
Data Litúrgica: 2º Domingo de Advento
Data da Pregação: 06/12/2015
Proclamar Libertação - Volume: XL

 


 Que vosso amor aumente mais e mais!

 

 

1. Introdução

Advento chegou, e o ritmo que já era acelerado parece que acelera ainda mais, e não somente devido à proximidade do Natal. É o final do ano escolar, que requer algumas recuperações e pode trazer algumas frustrações. Empresas e grupos das comunidades envolvem-se em muitas festas de confraternização, amigos-secretos ou troca de presentes. E.... tem também o Natal com seu apelo comercial para festas e encontros de família e de amigos. Há também as trocas de presentes e lembranças. E, ainda, o texto de Filipenses para nos aquietar e falar de gratidão e oração. Palavras que ecoam do cárcere físico e da liberdade da fé do espírito libertário de Paulo.

2. Exegese

Malaquias anuncia a vinda de um mensageiro que não deixará pedra sobre pedra. Ele “é como o fogo do ourives e como a potassa dos lavandeiros. Assentar-se-á como derretedor e purificador de prata e purificará os filhos de Levi...” (Ml 3.2c). Aponta para o Advento como o tempo da espera do que há de vir, de mudar todas as estruturas, balançar as fortalezas e, do alto de sua humildade, anunciar o novo e derradeiro, quando o velho será depurado e transformado ou queimado e aniquilado. E o novo se instaurará.

O evangelho confirma a profecia através de João Batista e sua ardorosa pregação de arrependimento. João prega sem cessar e possuído por fé e convicção. Ele atualiza Isaías.

Filipos foi a primeira cidade europeia que recebeu a mensagem cristã (At 16. 6-40). Paulo visitou-a na primavera do ano 50 durante a segunda viagem missionária. Foi Lídia quem o recebeu e hospedou em sua casa. Ela era comerciante de púrpura. Ele voltou outras vezes a Filipos quando se dirigia à Macedônia. De acordo com Filipenses 4.16 e 2 Coríntios 11.19, essa comunidade era muita ligada a Paulo e socorreu-o financeiramente com generosidade.

Paulo está preso, provavelmente em Roma, e desde o cárcere ele escreve para suas comunidades. Ele não se queixa, mas as anima e admoesta a permanecer firmes no evangelho e as ajuda a estabelecer critérios de discernimento. Não podemos esquecer que falsos profetas e falsos pregadores cercavam as comunidades. Ele alerta a pregar que a salvação depende somente de Jesus Cristo, aquele que se fez humano, morreu na cruz e recebeu do Pai o poder de dar aos seres humanos a salvação. A igreja de Filipos envia Epafrodito para levar ajuda material a Paulo, mas ele adoece gravemente, correndo risco de morrer. Quando ele se recupera, Paulo aproveita seu retorno para enviar uma carta. Essa carta ensina os cristãos a amadurecer e crescer na fé e na gratidão, alcançando a alegria e a comunhão com Deus e os irmãos e irmãs. A oração ocupa destaque em nosso texto, sendo mencionada duas vezes. É típico de Paulo falar de gratidão.

3. Meditação

Quando nos deparamos com esse texto, surpreendemo-nos com um Paulo encarcerado e, mesmo assim, amoroso, que não atrai o foco para si, mas se volta para a comunidade. Ele coloca-a na presença de Deus, ora por ela e intercede amorosamente por ela. Paulo aponta para a boa obra iniciada pelo Espírito de Deus, uma obra de transformação, que ainda está sendo levada a termo, que está em processo em direção à eternidade plena. Em todo o tempo, Deus age para esse propósito.

Paulo ensina sobre a importância da oração na vida da igreja para o mundo, para o estabelecimento do reino de Deus, para o aprofundamento da comunhão. Lembra que orar é um hábito necessário, humilde e constante da pessoa cristã. Não é uma opção; é parte importante da vida de fé. As primeiras comunidades deixaram-nos o legado da singeleza da oração. Os filipenses oram às margens do rio em liberdade. Paulo ora encarcerado no corpo e livre no espírito. A prisão de Paulo apenas mostra que o confinamento é físico, que ele está privado de relacionamentos e convívio, que a intenção é fazê-lo sentir-se oprimido e angustiado, isolado e solitário. Paulo esteve mais vezes preso, inclusive em prisão domiciliar, mas nunca conseguiram encarcerar seu espírito, “porque onde há o Espírito de Deus, aí há liberdade” (2Co 3.17). A inocência e a convicção de sua fé não o deixam esmorecer; pelo contrário, animam-no ao testemunho.

Pois neste tempo de Advento podemos experimentar o cárcere em plena liberdade sempre e quando nos esquecemos do verdadeiro sentido do Natal e nos submetemos ao Natal comercial, da aparência, da obrigatoriedade da felicidade plástica e maquiada.

Paulo, no texto em questão, coloca a oração em primeiro lugar. Parece um contrassenso em um mês tão corrido e exigido. Ele tem, a partir da prisão, tempo e discernimento para elencar o prioritário que extrapola as grades do encarceramento. Talvez as pessoas que estão hospitalizadas e aquelas que enfrentam a dor do luto, aquelas que se veem ante a terminalidade da vida, possam ajudar-nos a discernir o que é o mais importante. Talvez elas possam aquietar nossa correria, que, muitas vezes, nos assemelha ao hamster que se exercita em sua roda sem chegar a lugar nenhum.

A ação de graças e gratidão de Paulo é inspirada na lembrança (v. 3), expressa em oração (v. 4), seguida de alegria (v. 4) e robustecida pela convicção de que Deus mesmo fará perfeita sua obra da graça em suas vidas (v. 6). O apóstolo sente-se justifi cado nessa atitude para com Deus e para com os cristãos em Filipos por duas razões. Primeiro, ele diz que os tem posto em seu coração (v.7). Isso é uma confi ssão aberta de amor, interpretada mais adiante, no v. 8, como expressão do amor do próprio Cristo, o Salvador. Segundo, ele faz essa oração (9) para que o amor dos filipenses aumente mais e mais em pleno conhecimento e percepção. Portanto o amor de que Paulo fala não é ingênuo nem manipulável, mas carregado de sabedoria e discernimento. E, como Lutero, exorta e elogia para que eles permaneçam na fé autêntica e cresçam no amor.

4. Imagens para a prédica

Assim como Jesus e Paulo, Glenn Ford (ilustração a seguir) e muitas outras pessoas ainda hoje são encarceradas sem ter cometido um crime. São julgadas e condenadas. Jogadas na masmorra, muitas perdem a esperança; outros dão um outro significado à injustiça, transformando-a em força para lutar. Paulo escreve cartas amorosas e orientadoras à sua comunidade. Em sua fragilidade, ele derrama força sobre os seus amados. Desde a prisão, ele os anima ao amor, ao conhecimento e à percepção verdadeira. Ele ora pelos outros e sequer pede por si. Advento é tempo de romper com as amarras que nos impedem de crescer no amor mais e mais; é tempo de romper os grilhões do egoísmo que nos fazem pensar somente em nós mesmos; é tempo de interceder pelos outros. O pregador e a pregadora podem escolher motivos de intercessão que estão distantes da comunidade ou motivar a comunidade a fazê-la.

Advento é tempo de olhar para fora de nós mesmos e das belezas das luzes de Natal; é tempo de olhar para as injustiças do sistema carcerário, que apenas quer punir e não restaurar; que quer acalmar os ânimos da sociedade, sem se preocupar se o verdadeiro culpado está preso. Advento é tempo de anunciar a graça.

Segundo a BBC Brasil, nas últimas décadas houve vários casos de condenados à morte nos EUA que acabaram inocentados e libertados depois de comprovado que não haviam cometido os crimes dos quais eram acusados.

Um dos casos mais recentes é o de Glenn Ford, libertado em março de 2015 depois de passar quase 30 anos no corredor da morte por um crime que não cometera. Ford, de 64 anos, havia sido condenado por um assassinato ocorrido em 1983 e, desde 1985, estava preso no estado da Louisiana. No mês passado, ele foi finalmente inocentado e libertado. No entanto, apenas uma minoria consegue ter sua inocência provada e reconquista a liberdade. A maioria dos inocentes sentenciados à morte nunca é identifi cada ou libertada.

5. Subsídios litúrgicos

Acolhida

Neste tempo de Advento, tempo de acender a segunda vela, podemos acendê-la em nome do amor que Paulo deseja à sua amada comunidade. Acendemos essa vela lembrando a oração de Paulo em Filipenses 1.9: “E também faço essa oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção”.

Hinos

414 (Quem quer cantar do amor) e 308 (Advento é tempo de preparação).

Oração inicial

Deus de amor e de misericórdia! Rendemos-te graças por nos escolheres para ser teu povo eleito e amado e por nos acompanhares sempre. Damos-te graças por plantares em nossos corações o sentimento de busca e depuração, o desejo de mudança e de transformação. Sacode-nos neste tempo de Advento para despertar para as injustiças e buscar o amor testemunhado nas Sagradas Escrituras, que nos habilitam para a plenitude. Fortalece-nos por teu grande amor e aumenta nosso conhecimento e que teu Santo Espírito habite em nós. Amém!

Bênção

Que o Príncipe da Paz nascido em manjedoura vos abençoe; Que ele cuide de vós como os pastores dos campos cuidam das suas ovelhas; Que ele vos conceda a sabedoria dos magos para perceber o que é importante; Que eles vos dê a alegria dos anjos para testemunhar que nasceu o Salvador. Ide em paz. Ide na paz que o Príncipe da Paz trouxe para todos. Ide na humildade dos pastores do campo que ouviram o cantar do coro celestial, anunciando o nascimento do Salvador, e ajoelharam-se diante dele. Ide na sabedoria dos magos que perceberam nesse menino o Rei dos Reis e o adoraram. Ide como mensageiros dessa mensagem de amor e da graça de Deus. Ide como mensageiros da paz. E assim vos abençoe o trino Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!

Bibliografia

STOTT, J.W. Comentário a Filipenses 1.3-11. Disponível em Acesso em: 15 jun 2015.



 


Autor(a): Vera Maria Immich
Âmbito: IECLB
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo do Natal
Natureza do Domingo: Advento
Perfil do Domingo: 2º Domingo de Advento
Testamento: Novo / Livro: Filipenses / Capitulo: 1 / Versículo Inicial: 3 / Versículo Final: 11
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 2015 / Volume: 40
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 35157

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