HPD nº 22 “Este é o Dia do Senhor”
Autor da Letra: Christian Fürchtegott Gellert (1715-1769)
Autor da Melodia: Martin Luther (1539)
Há pessoas que querem riscar o dia de Natal do calendário cristão, porque na Bíblia nada indica que Jesus tenha nascido no dia 25 de dezembro. Porém, todos os que em Jesus acharam “vera vida e luz” (1ª e 8ª estrofes) não podem deixar de louvar e cantar louvores a Deus por tão grande e incompreensível presente, seja no dia 25 de dezembro ou em outros dias de nosso calendário.
Gellert resume (na 2ª estrofe) o motivo principal para nosso louvor, lembrando as palavras de Gálatas 4,3-5: “Estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo; vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.”
Este milagre do grande amor de Deus, manifestado no nascimento de Jesus, é impossível de compreender pela razão humana (3ª estrofe). Mas esta falta de compreensão não é motivo para deixar a festa do Natal de lado. Pelo contrário, vamos seguir o exemplo do poeta Gellert e adorar o nosso Deus com corações humildes e agradecidos.
Nas estrofes seguintes (4ª e 5ª) adoramos a Jesus com uma série de nomes e títulos: o Emanuel (Mateus 1,23), o Príncipe da Paz (Isaías 9,6), o escudo e sol do seu povo (Salmo 84,11), o Senhor e Salvador (Lucas 2,11), o eterno bem (Salmo 16,2), que quer ser nosso irmão.
A 5ª estrofe lembra o antigo hino cristão de Filipenses 2,7, o qual canta que Jesus “subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana.”
A comparação entre Adão e Cristo (de Romanos 5,15-19) é a base para a 6ª estrofe. Já que “por um só veio todo o mal, por outro, a graça divinal”, podemos aceitar esta graça com fé, e não precisamos mais temer a ira de Deus, pois em Jesus Cristo temos um “forte Salvador”.
Na 7ª estrofe deste hino terra e céu, ou seja, todo o mundo com tudo que existe entre céu e terra, é convidado para junto conosco jubilar, louvar e cantar por tão grande “milagre do Senhor”. E a 8ª estrofe repete mais uma vez o tema dado no início: Nós temos muitos motivos para festejar o Natal e lembrar o grande presente de Deus!
No dia do batismo de Christian Fürchtegott (= Cristão temente a Deus) o seu pai plantou um pé de tília, a árvore preferida dos poetas na Alemanha. Parece que ele já havia previsto o futuro do filho. Christian Fürchtegott Gellert ficou famoso na Alemanha como autor de romances e de peças teatrais populares, e principalmente por suas fábulas. Suas obras são testemunho de uma fé fundamentada na Bíblia, unida a uma razão iluminista e um coração sensível. No entanto, as obras seculares de Gellert foram esquecidas no decorrer dos tempos. Por outro lado, o que permanece até hoje são os hinos de sua autoria. Neles descobrimos os sentimentos e pensamentos de Gellert. Criar hinos era o trabalho mais nobre e importante de sua vida. Ele conhecia o poder que a música exerce no coração humano. Por isso se empenhou em produzir poesia que possa ser cantada. Com os hinos ele queria ajudar a despertar a fé.
Fonte: Lieselotte von Eltz-Hoffmann Lob Gott getrost mit Singen, Quell-Verlag, Stuttgart, 1989.