Neste Domingo festejamos Pentecostes, a descida do Espírito Santo, que empoderou a igreja primitiva para a colheita dos primeiros frutos da fé (cf. Atos 1.8) e ainda hoje continua atuante em sua Igreja!
Por meios das palavras do não mais tão conhecido hino “Espírito, Verdade, em nós vem habitar” (LCI 461), seu autor, Philipp Spitta (1801-1859), pede pelo agir constante do Espírito de Deus e nos aponta para dimensões importantes desse agir na Igreja de Jesus em todos os tempos. A oração em forma de hino fala, por exemplo, que “os tolos e os descrentes estão a se ufanar” e pede, por isso, para que “as armas eficientes do céu” o Senhor venha a conceder aos seus! Fraqueza e timidez seriam vencidas com essas “armas eficientes”, que não seriam outras do que a firmeza, a paciência, a fé e o poder – esse, claro, entendido corretamente na esfera do Evangelho de Jesus Cristo – concedidos pelo próprio Espírito Santo de Deus. O poder do Espírito é o poder que capacita em primeiro lugar à fé e a partir dela ao testemunho, no seguimento dos passos do Senhor.
Na caminhada com Jesus, no Seu discipulado, somos levados à Sua firmeza frente às tribulações, opositores e adversidades (cf. Jo 16.13ss.), à sua paciência em não “pagar com a mesma moeda” e ao poder não para o domínio, mas para o serviço abnegado, na perspectiva do Reino de Deus (compare Mt 20.28 e Lc 9.55). O hino de Spitta ressalta, entre outros importantes aspectos, a necessidade imposta pelo tempo vivido, a que se confesse de forma clara a fé: “No tempo em que vivemos, imprescindível é que sempre confessemos bem claro a nossa fé”. A confissão de fé clara precisa ser reafirmada em todos os tempos. Também o nosso tempo não escapa à necessidade de um claro testemunho em meio à “confusão espiritual”, onde o Jesus das Escrituras, o Cristo, parece ser substituído e tão facilmente domesticado, privatizado entre os “evangélicos” e utilizado para fins interesseiros e politiqueiros.
Importa a confissão: Jesus (de Nazaré) é, e continua sendo o Cristo! Essa é a confissão a ser dada em palavras e atitudes, a qual é possível somente a partir do agir do Espírito Santo em nós. Ainda em meio à perseguição e dor o chamado à confissão de fé é também chamado a enaltecermos o amor de Deus, Seu eterno amor que não muda – válido para o tempo de Spitta, autor do hino, como também válido para nosso tempo.
Que as palavras do hino possam ser meditadas por nós adiante. Que o Senhor derrame sobre nós Seu Espírito. Amém!
P. Dr. Vitor Hugo Schell
é Professor de Teologia
na Faculdade Luterana de Teologia - FLT
em São Bento do Sul - Santa Catarina, onde reside
Sínodo Norte Catarinense