Minha filha de 8 anos me contou que na sua Escola as meninas correm atrás dos meninos para bater neles com suas mochilas. Perguntei por que elas fazem isso e ela respondeu que é porque são muito chatos. Então, ela parou por uns segundos e acrescentou: “Papi, será que eles vão deixar de ser chatos por elas baterem neles?”
Gostaria que toda pessoa que faz uso ou que justifica qualquer forma de violência pensasse nesta pergunta de uma criança de 8 anos. Será que o injusto se tornará equilibrado, o corrupto se tornará honesto e o bruto se tornará dócil se aplicarmos nele um remédio que alimenta sua doença? É claro que não! Ele somente se tornará pior. Assim também aquele pai, aquela mãe que vive xingando o filho de preguiçoso e a filha de relaxada, só vai reforçar esta imagem e acaba reforçando uma atitude que pretende ver transformada. E o resultado é que o círculo viciosa da violência é incentivado e incrementado.
Nesta época de Advento somos desafiados/as pela cor litúrgica violeta a uma viagem para dentro de si, a um passeio pelos valores e prioridades que se têm aplicado nas relações pessoais e na relação com Deus. Preparação para a vinda, arrependimento e nova vida são as palavras-chave desta época. Isto é na esfera pessoal.
Mas, aproveitem para questionar também os valores e atitudes que recebem, sobretudo dos meios de comunicação de massas. Muitos padrões de conduta que resultam em dores e feridas são divulgados por estes meios como sendo formas eficientes e úteis para pautar a vida. O Brasil tem um dos piores sistemas de comunicação do mundo. Na técnica eles são muito bons, convincentes, eficientes, mas na mensagem que transmitem, existem poucos países que têm uma qualidade tão deplorável.
Advento também é tempo para perguntar pelo outro lado das notícias, pelas intenções não-declaradas nos comentários dos “especialistas”, pela agenda oculta nas pautas dos jornalistas. Ou seja, é tempo de exercitar o senso crítico: com relação a si mesmo/a, na relação com Deus e com relação ao mundo que nos rodeia.
Pastor Carlos Musskopf, Pastor da IECLB na Paróquia do ABCD – Santo Andre/SP