Celebração


ID: 2651

Ação de graças pela colheita - Salmo 65

Prédica

13/08/2017

 

PRÉDICA AÇÃO DE GRAÇAS PELA COLHEITA

Texto base: Salmo 65 / Texto de apoio: 1Ts 5.14-18

Estimada igreja, irmãs e irmãos em Cristo Jesus!

O salmo 65 nos convida a louvar a Deus, “É justo, ó Deus, que o povo te louve no monte Sião e te dê o que prometeu, pois tu respondes às orações” (V.1). Assim como o povo de Israel foi chamado para se reunir no templo do monte Sião em Jerusalém, nós também, comunidade cristã em ___________, temos o privilégio de comparecer perante Deus para agradecer pelas bênçãos que Deus nos dá. Hoje, neste culto de gratidão pela semeadura e colheita, este lugar onde estamos é o monte Sião. As palavras do salmo 65 são as nossas palavras. As palavras do Salmo 65 são também Palavra de Deus para nós.

Como o povo de Israel, nós queremos confessar nossa dependência de Deus. Como o povo de Israel, nós queremos agradecer por aquilo que Deus faz em favor das pessoas que estão unidas com Cristo Jesus. E de fato, o salmo 65 louva e exalta a ação de Deus. Refletindo a partir do fim ao início do salmo, vamos ouvir o que o salmista proclama sobre Deus.

Do verso 9 ao 13 o texto destaca Deus como Deus provedor, como o Deus que sustenta a vida, “Fazendo chover, tu mostras o teu cuidado pela terra ... com as chuvas do céu enches de água os rios, e assim a terra produz alimentos ... os campos estão cobertos de carneiros, e os vales estão cheios de trigo ... tudo grita e canta de alegria”.

Na terra de Israel a gratidão pelas chuvas que regam as plantas, fazendo as crescer e servir de pasto para os rebanhos, tem um significado muito especial. O clima seco e a terra árida se transformavam quando as gotas de água caiam do céu e regavam os campos. O povo reconhecia nas chuvas o agir de Deus para sustentar a vida, para garantir a sobrevivência das pessoas.

Na nossa terra, neste lugar o clima não é seco e árido. Temos água em abundância, um solo fértil coberto pelas lavouras e pastagem para os rebanhos de vacas a até mesmo carneiros. Reconhecemos o clima, a água, a terra como dons de Deus. São dons de Deus que sustentam a nossa qualidade de vida. Mas será que, às vezes, temos dificuldades para perceber o quanto dependemos de Deus para cuidar das lavouras e tratar dos animais? Afinal de contas, vivemos numa sociedade altamente tecnológica. Se compararmos a tecnologia que as gerações de hoje fazem uso com a tecnologia dos pioneiros que fundaram a colônia, certamente observamos grandes diferenças. Décadas atrás, as pessoas tinham à sua disposição alguns pequenos tratores para arar e preparar a terra, e o leite da vaca era tirado com as próprias mãos. Existia uma relação mais próxima com a natureza. Alguns mais experientes olhavam para o céu, sentiam o mover do vento para então dizer a previsão do tempo.

A presente geração, a nossa geração, dispõe hoje de uma tecnologia avançada que regula a quantidade de insumos necessários para melhorar a produção e equipamento de ponta para tirar o leite dos animais. Inclusive existem diversos aplicativos no celular que oferecem a previsão do tempo para os próximos 10 ou 30 dias, e outras inovações tecnológicas que facilitam o trabalho do homem no campo. Para nós hoje existe uma relação mais distante com a natureza. Portanto, existe o risco de se perder de vista a nossa dependência do Deus que sustenta a vida.

Nas grandes cidades e centros urbanos este distanciamento é mais evidente porque as pessoas nos apartamentos e nas casas, nas fábricas e florestas de concreto, em sua grande maioria, perderam o contato direto com a terra. O alimento processado e embalado é buscado nas prateleiras dos supermercados. As crianças crescem imaginando que a carne que consomem é produzida nas fábricas. Isto é muito sério e verdadeiro. A tecnologia produzida pelos seres humanos pode criar a falsa sensação de que nós estamos no controle. O nosso conhecimento tecnológico pode gerar a ilusão de que não dependemos do Deus provedor da vida. É um risco.

É um risco que também corremos aqui no campo, se administramos a lavoura e o rebanho como se tudo dependesse do nosso empenho e nosso trabalho. Orar diariamente, colocar nas mãos de Deus os campos e animais, ou ainda, junto com as pessoas com quem você trabalha, dizer em oração o quanto nós dependemos de Deus é um bom remédio para curar a falsa ilusão. Aliás, no campo temos ainda uma vantagem em relação aos grandes centros urbanos. Porque quando falta chuva – e em momento algum o salmo 65 promete que sempre haverá fartura – quando falta chuva nós reconhecemos claramente o quanto dependemos do Deus provedor das águas que molham os campos e alimentam os animais. O culto de gratidão pela semeadura e colheita é uma expressão visível de que somente Deus pode de fato garantir o nosso sustento e cobrir as nossas necessidades. Nesta sociedade altamente tecnológica, o salmo 65 nos dá palavras para expressar de novo nossa dependência e gratidão ao Deus que mantém a vida.

O salmo 65 não fala somente do Deus provedor. Anuncia também Deus como Senhor soberano na criação. Ouçam mais uma vez os versos 6 e 7, “Com o teu poder, tu puseste as montanhas no lugar, mostrando assim a tua força poderosa. Tu acalmas o rugido dos mares e o barulho das ondas. Tu acalmas a gritaria dos povos”. O salmista destaca que Deus é o criador dos mais altos montes, aquele quem tem o poder e o controle sobre a criação. Para o povo de Israel, o mar e suas águas revoltas representavam o caos e a desordem. Os povos vizinhos, por sua vez, acreditavam em diferentes deuses (com ‘d’ minúsculo). O salmista proclama em alto e bom tom que existe apenas um único Deus, Senhor soberano que controla o caos do mar e que está acima dos falsos deuses. Esta é uma boa notícia que o salmo 65 proclama para a nossa comunidade: Deus é Deus criador cujo poder está acima e presente neste mundo caótico.

São palavras que trazem conforto. São palavras, porém, que também nos confrontam. Palavras de juízo. Será que nós, muitas vezes, não somos culpados de criar falsos deuses que nos enganam com segurança mentirosa e ilusão sedutora? Além da tecnologia que pode gerar a sensação de independência de Deus, que outras coisas podem ocupar o lugar de Deus nas nossas vidas? Pois quando não colocamos o reino de Deus e sua justiça em primeiro lugar, sempre achamos um substituto, ainda que sejamos nós mesmos. Talvez o substituto sejam os bens materiais que acumulamos ou o trabalho excessivo que ignora o relacionamento com as outras pessoas. Talvez o substituto sejam os valores corrompidos que adotamos e praticamos sem considerar estes valores à luz da Palavra de Deus. Talvez o substituto seja o EU que pensa estar no controle da situação. Tudo o que ocupa o lugar de Deus em nossas vidas é um deus falso. E nós, seres humanos, muitas vezes, somos especialistas em criar os nossos próprios falsos deuses.

Mas Deus é bom e muitas vezes permite que certas crises abalem a nossa falsa segurança e frágil ilusão. Uma crise financeira, um problema de saúde, uma crise no relacionamento, um sentimento de culpa por algo que fizemos ou deixamos de fazer. Estes e outros exemplos são oportunidades para nos conduzir de volta para Deus (Deus com ‘D’ maiúsculo). De repente, percebemos que não estamos no controle da situação. Reconhecemos nossas limitações. São momentos em que podemos de novo confessar nossa falta, se arrepender, se voltar para o único Deus, Senhor soberano na criação. Pela fé, momentos de crise podem inclusive ser ocasiões em que a gente agradece a Deus.

Porque assim como Deus mostra o seu cuidado ao molhar os campos a terra, Deus quer cuidar de nós. Deus é Deus Salvador. Ouçam o louvor que exalta a ação de Deus nos versos 3 e 4, “Pessoas de toda parte virão te adorar por causa dos seus pecados. As nossas faltas nos deixam derrotados, mas tu nos perdoas. Como são felizes aqueles que tu escolhes, aqueles que trazes para viverem no teu Templo!”. Para o povo de Israel o templo em Jerusalém no alto do monte Sião era o lugar onde seus pecados e suas faltas podiam ser confessadas. Era o lugar onde os sacrifícios de animais eram oferecidos a Deus, um sinal visível da promessa do perdão e da salvação de Deus que unia de novo as pessoas com Deus e umas com as outras. Portanto, estar no templo na presença de Deus era motivo de gratidão e razão para se consagrar novamente a Deus, “É justo, ó Deus, que o povo te louve no monte Sião e te dê o que prometeu” (v.1).

Se isto era verdade e fato para o povo de Israel, a igreja, a nossa igreja deve a Deus muito maior gratidão e dedicação. Se para Israel os sacrifícios de animais representavam o que estava por vir, a igreja confessa o que já veio: Cristo Jesus sacrificou sua vida na cruz para revelar Deus como Salvador pleno. Dependemos de Deus nas nossas necessidades. Dependemos de Deus nas nossas limitações. Dependemos de Deus em nossa salvação. Porque é somente Deus quem tem o poder para nos salvar e nos ajudar a permanecer unidos com Cristo Jesus. Isto é pura graça, uma graça preciosa que custou o derramamento de sangue de Cristo Jesus. Se estamos neste templo na presença de Deus é somente porque Deus é Deus provedor, Deus criador e Deus Salvador. E quando confiamos no Deus que age neste mundo, quando de fato confiamos que Deus está agindo e verdadeiramente dedicamos nossas vidas a Ele, então podemos, como diz o salmista, louvar e cantar de alegria, ficaremos contentes com as bênçãos do teu santo Templo. Amém.

P.Ms. Alexander Busch (IECLB) - Igreja Ev. Reformada de Castrolanda
 


Autor(a): Alexander Busch
Âmbito: IECLB / Sinodo: Paranapanema
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ação de Graças - Festa da Colheita
Natureza do Domingo: Dia de Ação de Graças

Testamento: Antigo / Livro: Salmos / Capitulo: 65
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 46221

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